Quando saia de casa pela manhã, após a conversa com Lisa, Larry viu o azulado sair pelas portas da frente do prédio. Ficou indeciso sobre ir falar com ele ou esperar um outro momento. Decidiu deixar o garoto se distanciar um pouco, seria estranho se ele pensasse que Larry estava o perseguindo. Andou em passos lentos atrás de Sal, diminuindo a distância aos poucos.
Sally tirou um dos fones ao sentir o toque em seus ombros. Esboçou um sorriso escondido ao ver de quem se tratava.
— Carinha, você é bem pequeno. — Larry comentou divertido, colocando a mão na cabeça de Sal como se estivesse medindo os dois.
— Eu acho que você é alto demais, isso sim. — O azulado entrou na brincadeira, arrancando um riso abafado do maior.
— Então você mora nos apartamentos Addison? — Óbvio que Larry já sabia a resposta, só estava puxando assunto.
— Sim, eu e o meu pai nos mudamos no domingo.
— Também moro lá! — Larry viu os olhos de Sal expressarem surpresa.
— Mesmo? Então não tive tempo de ver você por lá. Moro no 402, ainda está uma bagunça. — Sal estava conversando de verdade pela primeira vez desde que se mudou.
— Minha mãe é tipo a zeladora do prédio, ela cuida de todos os problemas elétricos e limpeza. Depois da aula, pode ir lá em casa se quiser! A dona Lisa fez o seu famoso bolo vulcão de chocolate. — Larry comentou entusiasmado, ansioso pela resposta do menor.
É claro que Sal ficou extremamente animado com aquilo, ele queria muito ir. Por um instante, o azulado esqueceu que tinha o rosto estragado. Ele não costumava fazer qualquer refeição perto de outras pessoas, nem mesmo com o pai. O choque de realidade destruiu todas suas expectativas, o que não passou despercebido por Larry, que viu o olhar de Sal murchar por baixo da máscara.
— Tá tudo bem, Sal? Eu entendo se não quiser ir. — Sally não sabia como explicar para o maior o motivo de não poder ir, ele abriu e fechou a boca várias vezes buscando a maneira certa de dizer, para sua sorte, eles já estavam em frente a universidade. O azulado não pensou duas vezes em correr para dentro.
Encostados no portão, Todd e Ashley observavam a cena um tanto confusos, mas não perderam a oportunidade de zoar com a cara de Larry.
— Porra, narigudo, o garoto mal chegou e você já tá assustando ele?! — Ash brincou, apertando o ombro de um Larry cabisbaixo.
— Será que eu disse algo errado? — Ele coçou a nuca, parado e apático feito um cachorro molhado.
— O que houve? — Todd que até então estava concentrado mandando mensagens, direcinou o olhar para Larry.
— Descobri essa manhã que o Fisher está morando nos Addison. Minha mãe pediu para ser amigável e tentar fazer amizade com ele, mas... Eu só convidei ele pra ir em casa comer bolo.
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O dia passou arrastado, o relógio parecia não se mover. A cabeça de Sal doía como o inferno e ele não via a hora de sair daquela sala. Quando o sinal anunciando o fim das aulas finalmente tocou, ele juntou as coisas o mais rápido possível e saiu apressado, não queria encontrar Larry, estava com vergonha. No meio de tanta pressa, o azulado acabou esbarrando em alguém.
— Olha por onde anda, porra! — O garoto loiro esbravejou, gritando com Sal no meio de toda aquela gente. Todas as pessoas ali fizeram silêncio e olharam para os dois, não demorando muito para que um coro de vozes gritando "briga" começasse.
— Desculpa. — Sal murmurou, pensando em mil formas de sair daquela situação sem alguma parte do corpo quebrada.
— Hmm... Então é você, gracinha do cabelo azul. O que é que você esconde ai embaixo, hm? — Travis tocou a máscara de Sal, procurando o fecho que a mantinha tão justa no rosto do menor. Ele entrou em pânico, o ar faltou em seus pulmões e a mente estava nublada. Sal não podia deixar que todas aquelas pessoas o vissem. Estava tão vulnerável que a adrenalina e o calor do momento falaram mais alto. Sally fechou o punho direito e acertou o rosto do loiro com toda força que tinha.
— MAS QUE PORRA?! QUEM VOCÊ PENSA QUE É, MENININHA? — O loiro cambaleou com a mão no nariz que agora sangrava e deixava pingos no chão, que logo viraram rastros quando ele começou a correr atrás de Sal. A universidade toda estava pegando fogo com a situação, pessoas gritavam por todos os lado.
Sally estava ferrado, ele nem podia imaginar o que o outro seria capaz de fazer caso o alcançasse. Foi então que ele sentiu um aperto em sua mão e alguém correr junto de si.
— Carinha, em que porra você se meteu, hein?! — Não era ninguém mais e ninguém menos que Larry! O castanho olhou para trás e mostrou o dedo do meio para Travis enquanto corria à toda velocidade com Sal. O loiro gritava insultos raivosos, ele seria capaz de matar o azulado ali mesmo se não tivesse perdido o fôlego. Os dois não pararam de correr mesmo após uma longa distância da universidade, o problema foi que Larry acabou tropeçando nos próprios pés e levando Sally consigo. Ambos saíram rolando rua a baixo.
— Cacete... — Sally resmungou deitado no asfalto com as roupas sujas e rasgadas, além de machucados por toda a pele. — Larry, você tá bem? — Procurou pelo outro que não deu sinal de vida, continuou estirado no asfalto.
Sal levantou tropeçando, com medo de algo pior ter acontecido com o castanho. Ele se ajoelhou ao lado de Larry e o sacudiu, estapeou seu rosto e até puxou seus cabelos, mas o rapaz continuava sem reação alguma. O azulado estava prestes a surtar se não fosse o risinho que Larry deixou escapar. Mesmo estando todo ralado, o maior colocou as mãos sobre a barriga e começou a rir.
— Caralho, Larry! Não tem graça, cara. Pensei que você tinha batido a cabeça ou sei lá. — Sally suspirou aliviado, tudo estaria bem se não fosse a pontada que sentiu na cabeça e o borrão que transformou sua visão em manchas pretas e tremidas.
— Ei, calma lá, você tá b... — O azulado caiu desmaiado ali mesmo, ao lado de Larry.
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When I met you. - sarry
RomanceUma nova cidade, novas pessoas e uma nova vida. Sal Fisher está prestes a enfrentar as dificuldades em ser um jovem diferente na universidade de Nockfell. Ele só não esperava mudanças bruscas e um tanto violentas. Fic de Sally Face com foco em Sarr...