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-VIOLET VIENNA-

Eu observava tudo em silêncio.

Minha mãe passava da cozinha para a sala, da sala para o quarto, e por aí vai, da forma mais desesperada possível.

─ Você viu o meu blazer branco? ─ ela pergunta do andar de cima.

Eu ainda estava em choque.

─ Violet? Tá tudo bem? Você tá sentindo dor? ─ ela mexe as mãos em frente ao meu rosto. Quando ela desceu até aqui? ─ Quer que eu cancele a viagem?

Eis o motivo do meu pânico.

Dona Vanessa representaria a multinacional em que trabalha junto com mais dois empresários em uma convenção de quatro dias em Nova Iorque. Quatro dias. Em Nova Iorque.

─ Não, não. ─ balanço a cabeça, forçando um sorriso. ─ Eu estou bem, e você precisa ir. Não é sempre que essas oportunidades aparecem. ─ ela sorri de volta, acariciando o meu cabelo.

─ Estarei de volta no domingo a tarde. ─ ela diz, colocando o tal blazer branco. ─ Como Payton está te ajudando, eu deixei que ele chamasse alguns amigos dele, assim como você pode. Assim nenhum dos dois sente falta da liberdade. ─ ela brinca, correndo para me dar um beijo na testa.

Puxo o ar com força, imaginando como seriam os infinitos quatro dias.

─ Só me ligue das nove as quatro se for uma emergência, se não, estou livre depois das quatro e meia. ─ ela avisa, colocando a bolsa no ombro. ─ Payton deve chegar em alguns minutos. Até domingo, amo você.

Respiro fundo quando ela bate a porta e logo o portão da garagem range, indicando a sua saída. Imediatamente, pego o meu celular e disco o número de Mads. Pelo horário, ela deve estar na troca de sala, pode dar uma escapadinha até o banheiro.

─ Se você dizer que transou com ele, eu juro que arranco cada fio do seu cabelo na pinça. ─ ela diz assim que atende a chamada. Deixo uma risada escapar.

─ Eu não transei com ele. ─ ela suspira em alívio. ─ Mas se você não dormir aqui até domingo, é capaz que eu transe.

Ela não responde na hora, provavelmente deve estar pensando em cada palavrão existente.

─ Minha mãe acabou de sair para uma convenção em Nova Iorque e só vai voltar domingo de tarde e...

─ E se não tiver ninguém que te vigie, você vai dar pra ele em cada canto da casa. Eu entendi. ─ ela completa, sabendo que eu diria a mesma coisa, mas com palavras diferentes. Quando eu virei essa ninfomaníaca? ─ Para o seu azar, meus pais também viajaram.

─ Sério? ─ resmungo.

─ Sim, acho que a mãe do Charlie adoeceu e o meu pai foi pra Alemanha junto com ele. Enfim, meu pai disse que volta na sexta de manhã, mas eu não posso deixar a casa sozinha, além de ter que alimentar os passarinhos e os gatos. Você sabe que a minha casa é quase um zoológico. ─ ela diz tudo rapidamente, respirando fundo depois. ─ Mas eu posso passar o dia na sua casa até eles chegarem, e na sexta dormir aí.

─ Pode ser. ─ respondo, ouvindo o portão da garagem ranger de novo. Ele chegou. ─ Minha mãe deixou ele chamar alguns amigos enquanto estiver me ajudando, pra não sentir falta da liberdade. Palavras dela, não minhas. ─ Mads ri.

✓┊𝗠𝗢𝗠'𝗦 𝗕𝗢𝗬𝗙𝗥𝗜𝗘𝗡𝗗 ↯ Payton MoormeierOnde histórias criam vida. Descubra agora