Capítulo 6

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 Donghyuck

Domingo, 24 de Janeiro

- Eu. Não. Acredito. Que. Arriscamos. Nossas. Vidas. Por. Causa. De. Animes! - Mark foi o primeiro a falar, pausadamente, para que todos conseguissem captar seu ódio e irritação em meio aquele banheiro de posto sujo e umido - Porra, Donghyuck, se você tivesse me falado antes, eu tinha arrumado tudinho com meu irmão, ele tem de todos os tipo, com ou sem legenda. Ai fica nesse cabaré todo procurando um pendrive para assistir anime?

Na verdade, ele também não conseguia entender nada do que estava acontecendo nas últimas semanas, tudo parecia mais uma piada de mau gosto, daquelas bem ruins que você precisa rir para não acabar chorando. Primeiro foi sua conversa com Sungchan lá no parquinho algumas noites atrás, que mesmo não sendo lá essas coisas, ainda o deixava pensativo. Depois veio Mark Lee e todos os acontecimentos recentes, que eram o suficientes para fazer seus sentimentos pregarem peças com seu coração, que até um mês atrás estava tranquilo. E então o que mais o deixou puto: o pendrive.

Esperou todo aquele tempo para finalmente descobrir suas origens e quando finalmente consegue o que tanto queria e tudo o que tinha no objeto eram pastas e mais pastas repletas de animes, de todos os tipos. Taeil tinha se responsabilizado de olhar em cada uma das pastas, para ver se conseguia achar o que queriam, estava agoniado porque o mais velho estava trancado dentro do pequeno apartamento já havia uma semana sem dar nenhuma resposta, desde que conseguiram o pendrive.

Donghyuck não se sentiu tão ansioso.

Já era domingo e não ia trabalhar desde quinta, avisou a Mark para tirar uns dias de folga, para que pudesse colocar a cabeça no lugar também, era o mínimo que poderia fazer depois de colocar o rapaz naquela enrascada. No fundo, fez aquilo para que não precisasse olhar nos olhos do Mark e morrer de vergonha.

Na semana anterior, quando tinha deixado o mesmo em casa, sorriu com a forma carinhosa que a família tinha o acolhido, mesmo ficando assustado com os dois policiais os interrogando. Pensou que aquilo nunca aconteceria consigo por um milhão de motivos que ele poderia citar um por um, mas quando Doyoung o abraçou no banheiro e perguntou milhares de vezes se estava bem, se sentiu acolhido como nunca tinha sentido em seus longos vinte e quatro anos de vida. Era bom se sentir amado e era bom amar também.

Por ser um dos CEO da Lee Entertainment, e por ser filho do dono e irmão de um dos melhores jornalistas e editor chefe do país, tinha aprendido com o tempo a ouvir noticiários, principalmente nas rádios. Ouvia todos eles, em todos os momentos, era bom ser uma pessoa que sempre estava informada sobre tudo, gostava de estar por dentro das coisas porque sua história sempre esteve por debaixo dos panos, era uma forma confortável de substituir as dores da vida. Aquilo se tornou um hábito frequente, sobretudo, quando precisava refletir um pouco sobre tudo.

Sua costas doíam por estar deitado a muito tempo no chão da sua grande sala, domingo era dia de almoço em família, mas naquele domingo em específico, decidiu que o melhor lugar que gostaria de estar era na sua própria casa, no aconchego do seu próprio mundo.

Durante todas aquelas horas, seus pensamentos foram e voltaram para diversos lugares, pessoas e circunstâncias diferentes, como se fosse uma tour. Chegava a ser engraçado porque eles sempre paravam em uma única pessoa. E ele odiava aquilo. Odiava pensar no rapaz daquele jeito, odiava sentir seu estômago revirar sempre que lembrava de algum detalhe dele. Odiava sentir vergonha do seu comportamento naquele momento. Ele odiava tudo que fizesse seu coração palpitar, porque muitas vezes sentia que não era merecedor daquela sensação.

Se levantou para tomar um banho para poder ir dormir, ouvindo todo o seu corpo estalar depois de tanto tempo na mesma posição, talvez uma água fria na cabeça fosse o suficiente para esquecer das piadas de tiozinho do homem que ocupava setenta por cento dos seus pensamentos nas últimas semanas. E foi o que fez, passou cerca de 20 minutos debaixo do chuveiro, sentindo a água fria escorrer pelas costas desnuda, como se aquele simples ato fosse suficiente para lavar sua alma e resolver todos os seus problemas. Mas, apesar de tudo, o homem ainda ocupava sua mente.

Arquivo Amarelo - MarkhyuckOnde histórias criam vida. Descubra agora