Capítulo 10

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 Donghyuck

Sexta-Feira, 19 de Fevereiro

Podridão era pouco para definir o que se via, qualquer coisa era pouco para definir o que tinha ali. Taeil fez duas cópias impressas, guardando uma em sua gaveta no banco, assim como muitos documentos importantes que ele nunca falou do que se tratava, e sempre que precisava deles, tudo o que o amigo falava era "assuntos importantes do banco". A outra estava ali, em suas mãos, uma papelada grande que chutou ter mais de duzentas folhas.

Estava se controlando para não deixar suas mãos tremerem, queria passar uma imagem de que era forte e durão, como as pessoas mais distantes achavam que ele era, mesmo que no fundo fosse ao contrário e não passasse de um bebê chorão e que às vezes precisasse de um pouco de atenção. E Donghyuck odiava aquilo, era como se não tivesse personalidade, se sentia uma fraude, uma mentira.

O bolo de papéis era grosso e repleto de informações que faziam sua mente querer entrar em colapso, indo de documentos até mesmo algumas cartas mal escaneadas e uma boa quantidade de recebidos em péssimo estado, alguns rasgados, outros amassados e tinha até mesmo aqueles que estavam parcialmente queimados. Seu pai sempre foi tão desapegado, se perguntava o motivo de ter tudo aquilo guardado, se perguntava se sua mãe sabia de tudo ou se era mais uma enganada. Então, de dois um: ou aquilo era muito podre ou não tinha outra explicação, era tudo podre mesmo.

Taeil ainda estava sentado na cadeira de rodinhas, se balançando de um lado para o outro, como se estivesse um pouco inquieto, seus olhos estavam levemente inchados, como se tivesse chorado a pouco tempo ou poderia estar enganado a irritação fosse de drogas . Se sentia péssimo por saber que o mais velho estava tão cansado por causa de um desejo seu, mesmo que Taeil insistisse em falar que ele estava fazendo tudo aquilo porque queria. Olhou para o amigo e ele apenas balançou a cabeça, o incentivando a ler aquela pilha de papéis.

- A propósito - disse, depois de um longo silêncio vindo dos três únicos homens - Você encontrou o que estava procurando, Tae?

- Ainda não consegui analisar tudo o que tem aí - suspirou, desviando o olhar para os próprios pés, sinal de que estava cansado e com sono - mas depois, quando eu descansar um pouco, eu vejo com atenção.

Ele apenas balançou a cabeça e fitou aquela pequena pilha de papéis, achando melhor dividi-los, só para ter um pouco mais de controle no consumo de informações. Era um pouco difícil digerir tudo aquilo porque pensar no amigo era algo que martelava muito em sua mente, ele não sabia muito bem o verdadeiro interesse naquilo tudo, mas tinha uma sugestão que equivalia a 99% de certeza.

Quando o relacionamento do seu irmão foi descoberto, Doyoung logo pediu um tempo do namoro, por ser novo e inexperiente demais, achou que eles realmente iriam dar um tempo e depois voltar, mas não foi exatamente isso o que aconteceu. Era difícil ter que consolar o irmão ao mesmo tempo que consolava o melhor amigo porque ele conhecia muito bem os dois lados da moeda.

Donghyuck não achava certo o que o pai tinha feito, como tinha tratado os meninos, que na época não tinham nem vinte anos ainda, ou até mesmo como Doyoung fingiu que tudo o que viveu não existisse, mesmo que do seu quarto ainda pudesse ouvir o choro do irmão. Ele também tinha sido afetado, assim como o Jeno, que com o tempo foi ficando mais calado e distante da família.

Naquela época Taeil não era apenas o namoradinho secreto do irmão mais velho, ele tinha passado a ser seu único e melhor amigo, que o deu apoio nas provas finais, quando o incentivava a não desistir, estando ao seu lado a todo momento, independente da presepada que tinha se metido, ele estava lá. Taeil também encontrou naquele menininho de doze anos uma amizade que o valorizava, uma amizade pura e que se sentia acolhido como não se sentia há muitos anos, Donghyuck não era apenas uma criança traquina, com o tempo ele passou a ser sua única família.

Arquivo Amarelo - MarkhyuckOnde histórias criam vida. Descubra agora