Capítulo 14

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 Donghyuck

Segunda-Feira, 08 de Março

Sua sala estava exatamente igual a como tinha deixado, exceto pelas embalagens da janta daquela noite que estavam no lixo, além de que sua mesa estava limpa. Quando voltou para a empresa, depois dos três dias que tinha tirado de folga depois de uma semana de Home Office, vantagens de ser seu próprio chefe, percebeu os olhares curiosos em sua direção, não poucos, muitos olhares que queimavam suas costas e o incomodava, nunca tinha sido visto de forma generosa naquele local, nem quando aprontava as pessoas o olharam tanto.

Antes de passar na sala do seu pai, que ficava no último andar junto com a cobertura, fez questão de perambular em todos os vinte pisos da emissora, ele dizia a si mesmo que era para ver se estava tudo ok, mas no fundo ele só precisava de coragem para olhar nos olhos do pai, não que estivesse com vergonha, ele estava com ódio.

Mesmo um pouco cansado por ter andado tanto ali dentro, não parou, o prédio era grande porque não acolhia apenas o jornalismo, mas o local às vezes era usado para gravar novelas e os mais diversos programas de variedades mais famosos e populares do país. Muitos famosos frequentavam aqueles corredores, como na vez que o Jeno quase desmaiou ao ver seu cantor favorito. Sorriu ao lembrar que foi em uma daquelas salas que Donghyuck conheceu seu maior ídolo, Michael Jackson, aquele dia sim foi o melhor da sua vida.

Em sua rota, percebeu que o décimo andar foi o que mais ouviu cochicho, as pessoas nem se importavam em disfarçar sua curiosidade, apenas corriam para perto do amigo mais próximo que sussurravam sem tirar os olhos da sua direção. Sentia-se famoso, como aqueles idols de KPOP que chamavam atenção por onde passavam, mas não quanto Mark parecia ser famoso, tinha até ganhado uma rodinha de pessoas envolta de sua mesa. Conteve a risada ao observar a cara vermelha de vergonha do namorado.

Não todos, mas cerca de oitenta por cento dos jornalistas daquele bloco estavam ao redor do canadense, vidrados no que ouviram, como se não houvesse trabalho a ser feito . E curioso do jeito que era, não custava nada dar uma espiadinha, só para ficar por dentro do assunto que todos pareciam interessados. Caminhou em passos lentos, observando toda a movimentação, se perguntando se a produção do dia estava encaminhada. Era para isso que seus funcionários eram pagos? O que mais o deixava surpreso era aquela história ainda rolar ali dentro.

- Muito bom saber que uma fofoca é mais importante que a profissão de vocês e anos de estudos - disse com um sorriso debochado no rosto, enquanto se infiltrava na pequena multidão - Deem o fora daqui, AGORA! Ou eu desconto do salário de vocês.

Foi um santo remédio.

Mark o olhava incrédulo, mas tentou não prestar atenção, principalmente porque o mais velho estava irresistivelmente bonito sentado em sua mesa, com a calça social marcando a coxa fartas e os três botões da camisa desabotoados, que exibia um pouco da pele pálida no namorado. Completamente irresistível. Poderia passar horas o admirando naquela mesma posição, ou poderia beijá-lo sem ao menos pensar duas vezes. Por via das dúvidas, desviou o olhar e tentou limpar sua mente, que já começava a passar dos limites.

Enquanto isso, observou todos os seus funcionários desfazer a rodinha com olhares amedrontados e desconfiados, e em menos de um minuto já estavam todos sentados em suas devidas mesas, uns digitando nos computadores e outros fingindo atender o telefone que nem ao menos chegou a tocar. Jornalistas como sempre curiosos e fofoqueiros, sabia que se sentasse meia hora com dez deles saia atualizado de coisas que ele nem sabia que existiam.

Voltou seus olhos para Mark, que o olhava de volta em uma intensidade que, por um momento, o fez desconcentrar e esquecer o que estava fazendo ali, dando a oportunidade da sua imaginação voltar à vida. Ninguém se atreveu a olhar para os dois homens se encarando, devido a experiências passadas onde Donghyuck gritava perguntando o que tinham perdido e o faziam trabalhar o dobro, como se não existisse direitos trabalhistas. Ele não se orgulhava daquilo, claro que quando a consciência pesava ele fazia um agrado ao funcionário sem deixar com que eles soubessem que vinha do chefe, seu orgulho falava alto demais.

Arquivo Amarelo - MarkhyuckOnde histórias criam vida. Descubra agora