Capítulo 27

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 Mark

Quinta-feira, 25 de Março


Mesmo após cinco anos desde sua colação de grau e entrega de diploma, Mark nunca teve a oportunidade de fazer parte de uma coletiva de imprensa de verdade, o máximo foi uma simulação meia boca que sua turma fez no quinto semestre, onde aconteceu de tudo, menos algo que desse certo. Seria tudo bem se estivesse ali apenas como jornalista na qual faria perguntas sobre o problema em questão, voltaria para sua mesa e escreveria uma matéria sobre, mas Doyoung tinha feito questão de o selecionar como parte da equipe de assessoria e ele não poderia estar mais nervoso e triste.

Na época da faculdade Mark odiava a disciplina de Assessoria de imprensa e comunicação, odiava ter que trabalhar com mídias sociais e ter que puxar o saco para dar visibilidade a determinada pessoa ou empresa, se fosse para viver disso teria feito publicidade e propaganda. Sim, ele fazia parte dos 80% dos jornalistas que tinham preconceito com assessoria. Sim, ele tinha orgulho disso.

Como ironia do destino, seu primeiro estágio foi na prefeitura, mais especificamente na Secretaria de Educação e Esporte, onde teve o prazer de conhecer uma das pessoas mais legais e incríveis do jornalismo, sua supervisora de estágio, Léa. Talvez ela fosse o motivo de o fazer dar uma segunda chance à assessoria, mas isso não significava que ele trabalharia tranquilamente com aquilo. "Dar uma segunda chance à assessoria" era uma frase muito forte, ele tolerava na medida do possível.

A semana estava sendo um pesadelo, principalmente para ele, que estava no meio do fogo cruzado, estava se revezando para dar apoio ao namorado e ao seu trabalho, ambos a um passo de entrar em colapso. Tinha que dar conta de manter a empresa erguida, o telefone não parava de tocar e sua caixa de entrada estava lotada, as outras emissoras faziam questão de divulgar qualquer fofoca que escapasse sobre o caso e era obrigação de todos ali fazer com que os boatos fossem desmentidos o mais rápido possível. O que não era fácil já que para provar algo precisava de provas e as provas estavam todas interligadas a assuntos que não deveriam ser vazados.

A empresa estava com a imagem suja, não fazia sentido a maior emissora de jornalismo do país envolvida em uma situação como aquelas e, ironicamente, estava. Era grato ao Donghyuck por não ter entregado todas as provas que tinha contra o pai, porque uma vez nas mãos da justiça, todos tinham a possibilidade de ficar sabendo.

As ações tinham caído, a audiência não era mais a mesma e a notícia tinha corrido todo o mundo, estavam apenas esperando o momento de baixar as portas. Infelizmente, tudo o que tinha mais medo de acontecer quando aceitou ir atrás daquele bendito pendrive, estava acontecendo. Todo mundo que estivesse vinculado à emissora Lee estavam, automaticamente, sujas. Os advogados estavam loucos para provar que mesmo com o envolvimento de Geungwon, a empresa não tinha nenhum vínculo com os crimes.

Geungwon tinha sido preso por cárcere privado e sequestro, Donghyuck tinha entregado algumas provas de outras acusações que não teriam tanto impacto para a emissora, como o envolvimento em prostituição, que foi por pura safadeza. Em momento algum Donghyuck citou ou tocou no assunto do DGSC e sobre o fato do próprio pai ter o sequestrado, porque esse pequeno detalhe seria suficiente para destruir aquele império e colocar centenas de pessoas inocentes com uma imagem suja na rua. Mark ficou encarregado de guardar aquelas provas e tinha o passe livre para queimar tudo se fosse necessário.

No começo tinha ficado chateado por ver que o homem não estava pagando por todas as maldades que tinha feito durante todos aqueles anos, mas sentado em sua mesinha enquanto a cabeça latejava ao digitar mais um release, ao mesmo tempo que o telefone não parava de tocar pela milésima vez e as mensagens chegando de forma exagerada em seu número privado, percebeu que tinha sido a melhor coisa a ser feita.

Arquivo Amarelo - MarkhyuckOnde histórias criam vida. Descubra agora