Arik
Istambul — Milão.
Algum tempo antes.Helena se tornou uma obsessão para mim, eu não consigo entender o que está acontecendo, sinto tantas coisas diferentes depois que ela entrou no escritório do meu pai.
Eu nunca segui uma mulher na minha vida, elas me seguem e eu acabo na cama delas com hora contada para sair, de preferência, antes do amanhecer.
Quando dei por mim eu estava na frente da casa dela vigiando e observando!!!!
Cheguei até a porta da sua casa após ter ido ao seu escritório, conforme o combinado, entregar a mercadoria às 19 horas e para minha surpresa ela não estava.
A secretária disse que Helena não estava na empresa e que ela mesma receberia a mercadoria.
Achei um pouco estranho, liguei no celular, mas estava dando caixa postal. Sem alternativa entreguei as pedras para secretária, afinal estava tudo pago.
Se ela não está no escritório e está com o celular desligado, achei muito estranho, afinal, tínhamos combinado de nos encontrar.
Saí do escritório e sem perceber dirijo até à frente da sua casa, fico observando que não tem nenhuma movimentação dentro, o que significa que ela não está em casa.
Onde será que ela se meteu?!
Depois de uma hora esperando na porta, decido usar outros métodos e com toda a minha habilidade entro na casa dela sem dificuldade nenhuma.
Olho cada canto do seu loft, sua casa tem um estilo próprio como ela, sinto seu cheiro espalhado que invade meu nariz e meu coração.
Dou uma vasculhada na mesa de trabalho dela, tem uma anotação com número de um voo e horário. Será que ela viajou? Para onde e, por quê?! Fotografo a anotação e a guardo no bolso.
Reparo que no canto da mesa de trabalho dela tem alguns desenhos de joias e algumas ferramentas de joalheria.
Helena deixou uma pedra pequena solta na mesa que ela deve ter esquecido, pego a pedra e coloco no bolso.
Vou até à cama dela que está perfeitamente arrumada e a imagino deitada entre os lençóis.
Em frente a sua cama, chamando muito a minha atenção, estava seu banheiro todo transparente. Eu me perco uns minutos imaginando-a toda nua embaixo do chuveiro se ensaboando.
Talvez quem sabe um dia eu consiga que essa cena se torne realidade. Esse pensamento de estar sempre com ela está sendo constante desde que conheci Helena.
Mergulhado em meus pensamentos, escuto a fechadura da porta, alguém está tentando abrir.
Olho em volta e preciso me esconder, aliás, essa casa não tem lugar para isso e entro rápido embaixo da cama, não tive tempo de pensar em outro lugar.
O que está acontecendo? Por que tem gente tentando entrar em sua casa?!
A porta se abre e escuto a pessoa entrar, os passos são leves e rápidos.
Não consigo distinguir se homem ou mulher.
O indivíduo anda no loft inteiro, e para na mesa de trabalho dela.
Escuto mexer nas coisas em cima da mesa e vasculhar tudo com muita rapidez. Percebo serem profissionais.
Quando entra no quarto, dá uma olhada nas roupas e eu consigo ver seus pés, está usando botas e é uma mulher.
Ela telefona para alguém dizendo que não tem nada no apartamento e nem na mesa de trabalho dela e nem nas roupas e que não conseguiu nenhuma informação. A pessoa pergunta se pode ter alguém entrado antes dela. Ela diz que não, seria muito difícil isso acontecer. Explica que eles não deixam rastro e Helena nem desconfia do que está acontecendo. Em seguida, desliga o telefone, dá mais uma olhada e vai embora.
O sotaque dela é diferente, não é turca e talvez seja russa ou romena.
Na hora vem a palavra tráfico na cabeça, essa gente é do tráfico. O que querem com Helena e o que estão procurando na casa dela, nas coisas dela.
Espero um pouco e saio de baixo da cama. Pego o telefone e ligo para Seren, explico o que aconteceu. Ela reclama um pouco ao telefone, que estou me envolvendo muito e não sabemos o que está por trás dessa menina.
Seren se preocupa muito comigo, somos como irmãos. Dou um basta e como ela não fala não para mim nunca, faz o que peço e pesquisa o voo que está anotado, para onde é e se ela embarcou nele.
Enquanto não recebo as informações que preciso, decido ver Richard, um velho conhecido inglês, perito em pedras preciosas e ouro e, principalmente falsificação, afinal ele já replicou muitas joias da coroa.
Saí com muita cautela do Loft, não tem mais ninguém na rua. A parte boa do tráfico é essa, eles se acham tão intocáveis que sempre erram, nunca deixam ninguém vigiando o alvo.
Ligo para Richard, explico tudo um pouco e vou até ele. Chego em sua casa e como um bom inglês, ele já está me esperando.
- A que devo essa honra, depois de muito tempo, Arik, em minha casa?
- Richard, não exagere, nem faz tanto tempo assim!
- Ok, sempre bom ter você por perto, entre e analisaremos o que me trouxe. Chá? Turco ou inglês?
- Venho depois de algum tempo como você reclamou e me oferece chá? Uísque "cowboy", por favor.
- What?! Como não percebi, há fúria nos seus olhos? Essa mulher deve ser muito especial para você trocar um chá com açúcar. Vamos até meu escritório para eu olhar o que trouxe para mim.
Sigo Richard até seu escritório, ele me serve uma dose de uísque duplo.
Sento em sua mesa e levanto as sobrancelhas para ele, como ele já adivinhou que tem uma mulher no meio, será que está tão na cara, assim?!
Viro o copo de uma vez, preciso esquentar a garganta e colocar oxigênio nas veias para poder pensar.
Após uns 10 minutos, espero Richard analisar a pedra que estava na mesa de Helena.
Ao terminar, me olha com uma cara estranha e já até espero o que ele fala.
Richard me explica que as pedras são falsas. Muito bem falsificadas, são feitas de cristal tcheco de última qualidade, mas que não chegam a um terço do seu valor verdadeiro.
- Arik, tem que ser muito profissional para descobrir a diferença.
- Você acredita que uma joalheira, "design", descobriria?
- Só se ela fosse ótima em pedras e conhecesse muito, melhor um perito.
- Será que conseguiria descobrir a origem da falsificação?
- Consigo, mas preciso de um tempo.
- Quanto tempo?
- Talvez uns dois a três dias
- Ok, me ligue quando tiver a resposta.
Eu me levanto para ir embora, meu telefone toca, é Seren. Atendo no primeiro toque. Seren me informa que Helena embarcou, para Milão, há duas horas e me passa o hotel em que ela ficará e o número do quarto.
Peço para Seren me colocar no próximo voo para Milão, preciso também que arranje uma equipe de segurança disfarçado sem Helena perceber.
Antes de desligar preciso que Seren me cubra para que meu pai não descubra minha ausência, já que, se souber de tudo, algo me diz que terei problemas.
Despeço-me de Richard.
Algumas horas depois estou desembarcando no aeroporto de Milão, esperando as coordenadas da equipe de segurança.
Nunca fiz isso por nenhuma mulher na minha vida, até agora, mas só de pensar que algo pode acontecer com ela, desce um frio na minha espinha e fico todo gelado.
Sou informado que ela está no hotel e não saiu desde que chegou em Milão.
Vou até o mesmo hotel em que ela está hospedada e consigo me instalar no quarto ao lado.
Nossos quartos têm vista para rua, claro que ela não se hospedou em qualquer lugar. Estamos no Four Seasons, no quadrilátero da moda, uma área muito famosa no mundo todo por ter as lojas de grife e joalherias.
A joalheria da família de Helena é na rua de trás do nosso hotel.
Olho pela janela para ver se consigo ver algo no quarto dela, mas só vejo que a janela está aberta. Mesmo na correria, eu consegui me lembrar de trazer um "drone", imaginei que poderia ser útil. Tiro da mala e vejo se ele consegue me mostrar o que a Senhorita Helena poderia estar fazendo agora. Eu o coloco para voar e ir aonde não posso estar.
O "drone" me mostra que ela acabou de sair do banho e está com o roupão do hotel e uma das pernas em cima da cama, está passando creme nela, na hora vem o perfume dela, na minha memória.
Helena começa pelos pés e vai subindo na panturrilha, subindo lentamente em direção a sua coxa e meus pensamentos vão esquentando e imaginando as mãos dela serem as minhas mãos.
Queria sentir sua pele macia, continuo vidrado em seus movimentos. Parece que ela sabe que está sendo observada, que mulher "sexy"!!!
Meu coração começa a palpitar e acelerar com a possibilidade dela desamarrar o roupão. Possivelmente está nua, me sinto um adolescente tentando olhar a vizinha com seu binóculo.
Claro que não, ela troca a perna e começa tudo de novo. A tortura aumenta com a excitação, sinto meu pau latejar e criar vida sozinho, só de imaginar a Senhorita Helena tirando o roupão e eu poder vê-la nua. Fantasio com isso há um tempo, já que só brigamos de gato e rato e eu explorei mais que vi.
Para minha alegria, ela começa a desamarrar a faixa do roupão, de repente, para, e amarra de novo e vai até ao telefone do seu quarto, atende!
Sou resgatado da minha imaginação com um balde de água fria.
Ela bate o telefone e entra novamente no banheiro, não consigo mais vê-la.
Trago o "drone" de volta para o meu quarto.
Fico me perguntando quem pode ter ligado em seu quarto.
Desço na recepção e consigo persuadir, ao meu modo, o atendente a me dizer quem falou com ela ao telefone.
Descubro ser confirmação da reserva para hoje, às 21 horas, para duas pessoas, no restaurante do hotel.
Ora, ora, Senhorita Helena tem um jantar esta noite, com quem poderia ser?!
Curioso!
Olho para o relógio e vejo serem 19 horas e 30 minutos, preciso me arrumar para espiar esse jantar.
Com a cópia da reserva em mãos, vou até o restaurante checar a mesa que será.
Peço para minha equipe de trabalho instalar sem ninguém perceber um microfone embaixo da mesa e para minha sorte a localização dela é perto do bar.
Conseguirei sentar no bar e observar sem ser notado.
Volto para meu quarto e me arrumo com meu terno cinza, é quase meu uniforme.
Às 20 horas e 30 minutos, já estou sentando no bar do hotel, tomando um uísque para disfarçar e checando meu ponto de escuta na orelha e a posição do segurança que anda com ela.
20 horas e 50 minutos, entra um homem loiro no restaurante e alto, com olhos azuis e barba bem aparada, usa um terno preto e camisa azul clara e sapato brilhante. Não sei porque prestei atenção nele, mas meu instinto me diz ser ele.
O garçom o encaminha para a mesa reservada para Helena.
Como meus instintos não estão errados, sem perceber, cerro o punho só de pensar que esse homem jantará com Helena!!!
Às 20 horas e 55 minutos, ela entra no restaurante, eu perco o ar ao vê-la deslizando pelo restaurante a caminho da sua mesa.
Ela quase flutua com seu sapato de salto agulha e um vestido colado ao corpo com um tecido meio brilhante e muito leve, tem um leve racho na perna e de alças deixando seus ombros à mostra. Tem um decote um pouco ousado e imagino que suas costas estão um pouco mais peladas.
Conforme ela caminhava, o vestido acompanhava o movimento do seu corpo, marcando suas curvas.
Nunca a vi tão linda, parecia uma deusa desfilando.
Fiquei mais louco de ciúmes ainda, quem era aquele cara e, por que ela estava tão linda assim!? Como ela poderia se arrumar para outro homem? Ainda mais assim, tão "sexy" e sedutora!? A minha vontade é de jogar tudo pelo ar e levá-la arrastada até o quarto e mostrar quem é Arik Bokë Erdenet. Mostrarei, na primeira oportunidade, que ela não pode se arrumar para outro homem desse jeito. Farei com que ela me diga, da minha maneira exatamente, quem é esse indivíduo e que tipo de jantar foi esse.
Viro meu copo de uísque em um gole só para tentar me acalmar.
Ela chega até a mesa e cumprimenta o sujeito com um aperto na mão e dois beijos no rosto à moda italiana.
Ele coloca a mão na cintura dela, o que me deixa louco. Se eu não tivesse disfarçado para entender o que está acontecendo, hoje sairia morte. Gosto de uma boa briga, esse hotel de grãfino ia ver um espetáculo como nunca viu antes.
Eles se sentam e começam a conversar, e o italiano, para minha surpresa, fala turco fluentemente, além dos elogios e paparicos com Helena.
Giovani Del Vecchio é o nome do filho da puta que já está me irritando, mesmo sendo um jantar de negócios. Continuo escutando atentamente e pelo que percebi ele é um cliente de sua joalheria e um bom cliente.
Está interessado demais em peças com pedras preciosas e quando chega novas criações! Ela está empolgada com a possível venda de um colar feito com pedras preciosas e diamantes.
Quando estão na sobremesa, vem a cereja do bolo que eu esperava, ele pergunta se poderia levar uma proposta de investimento para seu pai e uma possível expansão de cinco lojas que ele seria sócio no sul da Itália.
Para que um cliente quer ser investidor? Ainda mais no Sul da Itália?
Terminam o jantar e ele continuou jogando charme para ela, mas minha menina o dispensa, cordialmente, e se despede.
Eu a vejo ir embora desfilando em seu lindo vestido, reluzindo pelo hotel e arrancando muitos olhares.
Eu a sigo com uma distância segura até ela estar dentro do seu quarto.
Ligo para todos os meus contatos e peço que descubram quem é Giovanni e o que ele está tramando.
Deito na cama, mas não consigo dormir imaginando a bela mulher tirando seu vestido e deitando na cama. Imagino que ela esteja num lindo baby doll que tiraria com certeza em cinco minutos.
Ela poderia estar pensando em mim?
Escuto a porta do quarto abrir e a vejo se materializar à minha frente como um passe de mágica, acredito que estou sonhando.
Levanto-me e vou até ela, pergunto como ela entrou no quarto e como descobriu estar ali.
Ela me fala, no pé do ouvido, com a voz mais doce que poderia escutar, que me observou no bar e sabia que eu estava a seguindo.
Começa a passar a mão na minha regata e a tira, sem pensar, tiro seu vestido e ela fica nua na minha frente, linda como sempre sonhei.
Começamos a nos beijar com muita ferocidade.
Ela tira minhas calças e estamos os dois nus se beijando e se enroscando um no outro.
Pego-a no colo e a levo para cama, continuo a beijá-la, sem parar. O beijo mais quente que poderia ter.
Lá no fundo, escuto um barulho tocando, como o som do meu celular e ele vai ficando mais alto e mais perto, assusto e sento na cama com tudo, procurando pelo celular.
Olho em volta, e a cama está vazia, o quarto está vazio e eu percebo que passei para o sono.
Tive um sonho excitante, que me deixou suado e com muito tesão. Ah! Helena Ah!
Atendo ao celular que insiste em tocar, é Richard que foi muito rápido dizendo que conseguiu encontrar a origem da falsificação que, está sendo feita na Tchecoslováquia, mas a pedido da máfia romena, o que já explica a mulher no quarto de Helena. Agradeço a Richard por enquanto e encerro a ligação.
Algo me diz que não para por aí.
Levanto-me e tomo um banho frio, já é quase de manhã, saio, realizo a ronda e vou até a joalheria dela.
Não há ninguém na loja, mas fico observando pela "vitrine", depois de um tempo, o gerente chega na loja e começa a arrumar a "vitrine" interna, fico observando e percebo que ele está trocando as peças valiosas por outras peças idênticas.
Interessante, estou começando a entender o quê pode estar acontecendo.
Helena chega e passa o dia trabalhando, conferindo o caixa e a parte burocrática. Consigo perceber que o rosto dela está preocupado, tem muita coisa errada.
No final do dia, o gerente fecha a loja e sai da joalheria com uma pasta preta. Fotografo cada movimento dele, será muito útil essas fotos.
Peço que o sigam e recupere a pasta.
Volto para o hotel sem nenhuma dificuldade, logo, a pasta está em minhas mãos.
Abro e vejo todos os colares trocados na pasta, provavelmente, os verdadeiros estão agora comigo.
Ainda não tenho o relatório sobre Giovanni, decido que meu trabalho em Milão acabou e vou embora antes, mas dobro a equipe que ficará com Helena.
Ela não respirará sem eu saber, qualquer passo que ela der terá, no mínimo, três vigiando.
Preciso ir embora e ver Richard novamente, para ele avaliar essas joias e ver realmente se são as verdadeiras.
Helena chegando em Istambul saberei e esperarei por ela, já tenho tudo na minha cabeça, ela saberá quem é Arik.
Por enquanto, ela não entenderá, será pelo encontro dela com Giovanni e que estou morrendo de ciúmes.
Mas ela entenderá que eu não gostei de saber que ela viajou sem me avisar.