Capítulo 10

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Para a minha sorte não encontrei Valerie e Davina em nenhum das aulas que temos em comum. Depois do modo como corri para fora do Twelve sem dar muitas explicações, ter que encará-las hoje seria muito estranho. Somando-se ao fato de que nem tinha uma boa desculpa para dar pra elas sobre o meu aparentemente surto.

As aulas dessa vez passam tremendamente rápido. Estou distraída demais com os pensamentos pulsando em polvorosa na minha cabeça. Não faço nem questão de tentar absorver os ensinamentos, apenas finjo que estou prestando atenção.

No final da aula de história quando estou colocando uma das alças da mochila no ombro, o professor Oliver me chama:

― Serena, será que posso ter uma palavrinha com você:

Algumas alunas olham para mim com sorrisinhos no rosto e outras me fuzilam com os olhos, gotejando de inveja. Suspiro. Será que toda essa crush por ele poderia ser menos irritante?

Assim que todos saem da sala, me movo para a frente da mesa em que Oliver está sentado. Ele termina de escrever em alguns papéis e finalmente levanta o queixo, incidindo seus olhos verde-escuros sobre mim. Como sempre, as curvas do seu rosto estão levantadas.

― Notei que você está muito dispersa ultimamente. Sei que você acabou de sofrer uma perda, mas acredito que não seja apenas só por isso ― o tom de sua voz é doce e compreensivo.

Engulo em seco. Ele está tremendamente certo. Perder Chloe já foi horrível o suficiente, agora ter que conviver com bizarrices acontecendo a todo o momento? Não sei nem mesmo como estou conseguindo vir para a escola e tentar fingir que tudo está absolutamente normal.

― Sim ― só consigo concordar. Oliver é o tipo de homem que consegue analisar bem as pessoas. Tenho em mente de que se chegasse a mentir, ele perceberia.

― Você não precisa me contar o que é ― ele levanta a franja loira da testa e se inclina para mais perto na minha direção. ― Só acho que deveria procurar a ajuda do terapeuta da escola e a minha também. Não sei se você sabe, mas já fiz faculdade de psicologia e também sei o que é passar por maus momentos.

Incrivelmente não consigo perceber um tom de malicia em suas palavras. Talvez ele realmente esteja dando um suporte como amigo, entretanto não consigo identificar muito bem.

Como eu gostaria simplesmente de despejar tudo o que está acontecendo para qualquer um. Pensar em aliviar o fardo pesado dos meus ombros e ter que dividi-lo com alguém seria tremendamente melhor, mas é claro que ninguém acreditaria em mim no fim das contas.

― Está bem ― é só o que consigo dizer.

― Só estou dizendo isso porque além de me preocupar com o seu bem-estar, não quero ver suas excelentes notas despencando, Serena.

Agora consigo enxergar um interesse mais nítido faiscar nos seus olhos. No entanto, Oliver não me intimida muito menos me deixa sem graça. Estou vazia demais pra sentir qualquer coisa tão profunda assim.

― Obrigada pela preocupação, professor ― digo e coloco as duas alças da mochila nos ombros, me preparando para sair.

Oliver abre a boca como se fosse falar algo e então depois a fecha, mudando de ideia aparentemente. Ele alarga o sorriso.

― Estou sempre a disposição.

Se fosse qualquer outra garota ali na frente, provavelmente uma indireta suja e que envolvesse poucas peças de roupas poderia ter sido dita, mas não comigo.

A Escuridão de Serena WalkerOnde histórias criam vida. Descubra agora