Capítulo 7

45 5 3
                                    


As aulas retornaram no dia seguinte. Mesmo que Chloe não esteja mais aqui, a vida deve continuar. Contudo, me parece tremendamente errado pensar nisso. Ela acabou de falecer. Está tudo tão recente para tentar me encaixar de volta ao cotidiano do dia a dia.

Não dormi bem na noite passada. Não consigo me lembrar do pesadelo que tive, contudo ele me fez ficar acordada desde as três da manhã até a hora do alarme tocar, avisando-me que tinha que me aprontar para o colégio.

Minha cabeça lateja conforme me sento na carteira de trás. A aula de história do professor Oliver é uma aula que gosto bastante de assistir, mas não tenho força alguma para me concentrar o suficiente agora.

As pessoas do sexo feminino costumam prestar muito atenção em Oliver. Ele tem a aparência bem mais nova do que a idade propriamente dita. Oliver é alto como um estrangeiro, a pele mais branca combina com seu cabelo loiro e curto e a barba rala dourada. Ele está sempre com um sorriso branco no rosto.

Lembro-me quando Oliver me abordou em uma festa e mostrou claramente o quanto queria ficar comigo. Cada frase que ele fala na aula é como se ele estivesse seduzindo alguém e fora da escola, isso se intensifica ainda mais. Contudo, de alguma forma bizarra apenas Briggs me fazia sentir verdadeiramente algo.

― Bom dia ― Oliver sorri e deposita o seu copinho de café na mesa. ― Vamos retomar o que falamos na aula passada...

Nenhuma palavra sobre a morte de Chloe. Sinto um gosto amargo engolfar a minha garganta.

As meninas da frente cochicham e dão risadinhas. As palavras de Oliver se embaralham em minha cabeça. Pego uma caneta e começo a rabiscar aleatoriamente a folha em branco do meu caderno. Estou pouco me fodendo para a guerra sei lá das quantas que ele está falando.

― Você é uma péssima desenhista.

Viro-me e vejo Valerie sentada na carteira ao meu lado com os olhos nos pequenos corações e estrelas que decorava sobre a folha.

Reviro os olhos.

― Não pretendo virar um Picasso ― digo de modo sarcástico.

― Qual é. A aula dele é muito interessante, inclusive quando ele vira de costas e podemos ter uma visão clara de sua bunda.

Realmente o Oliver tem uma bunda carnuda e simétrica. Mas ela não parece perceber que estou com humor para conversa. Talvez ela queira ser simpática e esteja tentando conversar comigo apenas para me distrair. Não faço ideia.

― Você deveria chamar ele pra sair ― digo de modo um tanto afiado.

Ela suspira.

― Mas é claro. Um homem desse não é de se jogar fora ― ela morde o lábio maliciosamente. ― Mas o que vocês fazem por aqui pra se divertir?

Seus olhos escuros se afundam em mim com interesse.

― Eu saio daqui quando posso ― murmuro em voz baixa para que Oliver não perceba.

Valeria arqueia as sobrancelhas.

― É sério? Vocês não fazem nada de divertido por aqui?

― Você não perguntou isso a Michael? ― pergunto. ― Ele deve ter alguma ideia.

― Gostaria de saber uma segunda opinião ― ela diz sem se abalar por eu ter citado o nome de Michael na conversa. ― Ele disse que quando faz sol as pessoas vão a praia, mas geralmente se encontram nos únicos bares da cidade ou vão a festas.

Dou de ombros.

― É basicamente isso.

― Serena e Valerie ― Oliver nos chama da frente da sala. ― Vocês poderiam contribuir para a aula com sua conversa?

A Escuridão de Serena WalkerOnde histórias criam vida. Descubra agora