Capítulo 6

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Nunca tinha ido em um funeral antes e como praticamente a maioria das pessoas sãs, não estava animada com a primeira experiência. A cerimônia na igreja de Chloe foi muito comovente de acordo com Amber, já que não consegui me concentrar o suficiente para observá-la. Meus pensamentos se tornaram um nada absoluto. Todas as líderes de torcida estavam lá aos prantos. Já eu não consegui derramar nenhuma lágrima nem mesmo quando vi Chloe sendo enterrada para sete palmos embaixo da terra no cemitério.

Eu não era uma pessoa emotiva, mas passar por um acontecimento desses me fazia questionar a mim mesma o porque de não estar chorando como minhas amigas. A sensação profunda de vazio tinha retornado com tudo e consumia cada centímetro de mim.

Os pais de Chloe estavam acabados e rapidamente dei minhas condolências, temendo encará-los por muito tempo. A situação toda é um completo filme de terror, só que na vida real.

Toco a campainha da mansão de Briggs. Suspiro ao sentir o vento frio tocar meus braços parcialmente nus do vestido preto que ainda uso da cerimônia de Chloe. Uma das empregadas da família Welsh atende a porta e me convida a entrar com um sorriso amistoso.

Estar dentro da casa de Briggs não deixa de me impressionar. O luxo transborda de cada móvel, tapeçaria, arquitetura e os mínimos detalhes inimagináveis que a contornam. É muito fácil me perder dentro dela, exatamente como percorrer um labirinto.

Depois de passar por três longos cômodos, finalmente bato na porta do quarto de Briggs.

― Entre ― ouço sua voz vir de dentro do quarto.

Briggs está encostado na cabeceira da cama com um grande esparadrapo envolta da cabeça. Mesmo com aquela faixa, ele continua muito bonito. Ele larga o controle de seu Xbox assim que me vê.

― Estava esperando que fosse você ― ele sorri. ― Olhe ― ele aponta um dedo para a cabeça. ― Felizmente só rasparam um pouco do meu cabelo.

Assinto com a cabeça.

― Sua juba loura continua intacta.

― Amém a isso ― ele diz. ― Caso contrário você não estaria aqui.

Ergo uma sobrancelha para ele.

― Você acha que eu só ligo para sua aparência?

Ele dá uma risadinha e revira os olhos.

― Faz parte de 70% do meu charme ser bonito, Serena. Sem isso, estou perdido.

― Acho que você ainda está drogado de medicamentos, porque está falando muita merda ― digo.

― Provável ― ele bate no colchão ao seu lado. ― Venha cá.

Me aproximo, tiro as sapatilhas que uso e afundo no colchão perto dele. O meu estado interior me deixa vulnerável, fazendo com que eu tenha a vontade de ficar mais perto de Briggs, mas me detenho. Não gosto desse tipo de sensação.

Seus olhos me observam lentamente e um calor invade o meu rosto.

― É muito errado dizer que você está incrivelmente linda com esse vestido preto de luto?

A imagem de Chloe pisca em minha mente. Ignoro todos os meus avisos para recuar e beijo Briggs. Ele se torna a válvula de escape perfeita.

Os lábios dele se abrem devagar e nossas línguas se tocam de modo doce, não avançando muito já que ele ainda precisa se recuperar. Aquela sensação acalma o redemoinho instável no meu peito e na minha mente. Depois de um tempo, me afasto.

A Escuridão de Serena WalkerOnde histórias criam vida. Descubra agora