Ash e seu irmãozinho Sean foram deserdados pela mãe, entretanto, o caçula conseguiu se reerguer após casar-se com Débora, e Ash foi morar com seu grande amigo, o astro das telas de cinema, Louis Daves.
Os dias passam, tem cerca de um mês desde que Ash foi morar com Louis. Ele estava desanimado, pois ninguém havia entrado em contato com ele para fazer alguma apresentação: - Acho que minha mãe fez a minha caveira para Deus e o mundo, não consigo espaço para tocar em lugar algum. - Ash, estou preocupado com você. Sei que é difícil ainda, mas o conselho que Edith te deu deveria ser seguido. Deveria se distrair, por que não saímos juntos hoje? - Eu não tenho motivação nenhuma para sair, Louis. Queria estar trabalhando, isso sim. Me sinto uma ameba aqui, sem fazer nada. - Já sei! - O quê? - Por que não compõe e grava algumas músicas? - Não sei se consigo compôr. - Já tentou? - Não. - Vai que você sabe e não está se permitindo descobrir isso? - Hum... É uma boa ideia. Mas o meu piano ficou na casa da minha casa. - Isso não é problema, podemos ir buscá-lo. Espera, vou ligar para sua casa. Louis sai cheio de pique para a sala principal, pega o telefone, disca e logo é atendido: - Residência Myles. - Boa tarde, é da casa do senhor Ash Myles? - Mil perdões, mas o jovem senhor não mora mais aqui. Agora, esta casa está no nome da matriarca, senhora Vivian Myles. - Entendo, e ela se encontra? - Quem gostaria? - Diga que é o ator Louis Daves, sou um antigo amigo da família. - Só um minuto, senhor Daves. Ash chega perto de Louis, tocando seu ombro e esse contato súbito assusta levemente o ator, ele faz um gesto para esperar. - Alô? - Senhora Myles? - Oh, Louis. Como está? - Vou muito bem, e a senhora? - Bem. Soube que meu filho está morando com você. - Está. Gostaria de falar com ele? O rosto de Ash se ilumina com a possibilidade de falar novamente com sua mãe. Ele estica a mão para pegar o telefone, quando escuta: - Não, não gostaria. Mas, diga-me, por que ligou? - Eu gostaria de saber se o piano vermelho de cauda ainda está em sua casa. - Oh - Vivian não se livrou do órgão musical, era uma lembrança de seu filho favorito, que ela se recusava aceitar que havia largado tudo - Desculpe, Louis, eu leiloei aquilo. - Aquilo...? - Ash ficou cabisbaixo e saiu da sala. - Entendo, desculpe-me por incomodá-la, senhora. Boa tarde. - Boa tarde, Louis. Ele desliga e vai atrás de seu amigo, que tinha corrido para o jardim. Estava sentado em um dos bancos, com as mãos juntas, simulando tocar. Louis encontra-o e vendo-o ali, se entristece. Chega por trás e coloca as mãos em seus ombros: - Eu sinto muito... - Heh... Por um lado, eu entendo. - Como assim? - Louis aperta os ombros de Ash. - Se eu tivesse um filho que fugisse por causa de um amor incerto, também ficaria magoado, e tentaria excluir qualquer coisa que me lembrasse ele. - Eu não acredito em você. - O que? - Ash vira para olhar Louis, que dá a volta no banco, para sentar ao lado do amigo. - Eu conheço você desde quando? Desde sempre? Sei que não seria rancoroso como a sua mãe, ao contrário dela, você tem um coração enorme. E se você tivesse um filho que chegasse a fazer o que você fez, sei que não iria deserdar ele ou tratá-lo como estranho. Você apoiaria, porquê é isso que você faz. - Louis... - Ash sente seus olhos esquentarem, sente que as lágrimas estão vindo e não consegue contê-las. Ele desaba e Louis abraça calorosamente o pianista - obrigado por ser meu amigo. - Sem problemas, Ash. Eles ficam ali, durante poucos minutos, até que Louis bagunça o cabelo de seu amigo, o que faz ele rir. E quando Ash sorri, com o rosto ainda pouco marcado pelo choro, Louis fica com uma expressão de surpresa.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
- O que está olhando, Louis? - Ah, nada, é só que - - Senhor Daves? - Marli chega ao jardim com o telefone de Louis da mão, tocando - Estão ligando para o senhor. - Obrigado, Marli. - Quem é? - Ash chega mais perto de Louis para olhar o número, não está salvo na lista de contatos - Você não vai atender? - Ah, claro. Com licença. O ator sai com o rosto quente, com o celular na orelha. "Meus Deus, meu Deus... O que foi que...". - Louis Daves? - Sim, sou eu. Quem é? - Aqui é o fotógrafo Gregory Lavigne, e estou ligando para saber se o senhor foi informado sobre a sessão de hoje, às 14h. - Ah, sim. Sim, sim, para o lançamento do próximo filme. Fui informado. Mas ainda é meio-dia. - Só gostaria de saber se o senhor foi informado. Não recebi uma ligação de retorno em momento algum, achei que tivesse desistido e esquecido de avisar. Ou está pensando em remarcar? - Não, eu vou hoje mesmo. - Vai aonde, Louis? - Ash chega perto do ator, com um olhar curioso - Ah, não me diga que eu vou passar o dia sozinho de novo! - Não chora, minha Chica velha, não chora! - Louis cantarolou, zombando. - Sim, senhor Lavigne. Certo, obrigado por ligar... Vou salvar seu contato, obrigado outra vez, até a tarde. - O que era? - Só um rapaz que o estúdio contratou para fazer as fotos do filme que eu estou gravando. - Vai passar a tarde inteira trabalhando de novo, então. - Não precisa ficar chateado, pode ir comigo, se quiser. - É sério? - Claro, mas terá que se comportar bem, hein, Myles? - Não me trate como uma criança, Louis. Vou me arrumar. - Calma, vou entrar com você.