Capítulo 17 - Sayaash

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Nota da autora: E AI MEU POVO! Como eu expliquei lá no Instagram, esse capítulo era pra ter saído no domingo, mas na hora de copiar eu sem querer apaguei uma parte e sai da página, perdendo metade do capítulo. Acontece né. Agora que terminei. E sinceramente achei que ficou muito melhor que o outro. Quando a gente escreve na força do ódio o negócio flui kkkkkkkk ENFIM, capítulo muito importante. Bora lá! :)


Acredito que todos possuímos certa intuição, como uma voz bem lá no fundo das nossas cabeças dizendo o que o coração sente. Muitas das vezes a ignoramos ou até mesmo fingimos não escutar. Quando entramos pela porta lateral daquela rua no Red Light District e seguimos por um beco estreito até uma outra porta que descia para uma espécie de porão, é de se imaginar que sua intuição iria gritar para sair dali o mais rápido possível. Mas, por mais estranho que pareça, havia algo reconfortante na mulher que nos conduzia. Por isso que quando desço o último degrau que dá para um aposento único enorme, me sinto completamente segura. Como se estivéssemos num segredo muito bem guardado.

As paredes estão pintadas de um azul marinho forte, mas com as luzes vermelhas que vêm lá de fora o ambiente inteiro parece estar imerso em uma outra dimensão. Há uma fumaça no ar, provavelmente uma mistura do incenso de cheiro forte que queima em cima de uma mesa de madeira no canto esquerdo e do cigarro que ela acabou de acender. Espalhados por todos os lados há cristais e pedras, que parecem ter sido colocados estrategicamente como se fizessem parte de um ritual. Nas prateleiras pregadas na parede consigo ver imagens de santos e de outras figuras que não consigo reconhecer.

A Enviada com a tatuagem do macaco – cujo nome realmente é Evi – tira umas roupas de cima da cama coberta com um lençol de cetim vermelho e se senta. Depois indica com os dedos algumas cadeiras velhas e pufes antigos espalhados pelo cômodo, nos convidando a fazer o mesmo. Me aconchego em uma cadeira de veludo roxo tentando ao máximo não ficar encarando sua perna mecânica. O brilho da lua que entra pela pequena janela reflete no metal, deixando-o quase mágico.

Jane, do outro lado cômodo, está tentando decidir entre se jogar num puff rosa choque ou ficar em pé. Claramente está um pouco desconfortável, mas ainda sim mantém sua postura elegante. Depois de se sentar, ela finalmente abre os lábios para dizer alguma coisa, mas Evi a interrompe antes mesmo que as palavras se formem no ar:

—A resposta é não. — Diz, com uma voz rouca. A acústica do lugar não é muito boa, as paredes ressoando os ecos em várias ondas até os nossos ouvidos. Faço uma careta imaginando como os sons daquilo devem parecer por aqui.

—Você nem sabe porquê estamos aqui. —Quem responde Abraham, sua voz calma mantendo a civilidade na conversa.

—Ah, eu sei sim. —Ela faz uma pausa para tragar o cigarro e continua enquanto seus lábios e nariz deixam escapar pequenas quantidades de fumaça. —Todo mundo sabe que a última geração de Guardiões estava perdendo para a Organização. Imagino que as coisas não devem estar exatamente fáceis para vocês também.

Você não faz idéia —penso em um lamento

—E é claro que um Enviado do macaco pode fazer toda diferença, afinal nós somos tão especiais não é? Pois bem, minha resposta é não. Eu estive muito tempo escondida para abrir mão de tudo agora. Nã-não. Niet!

Há um tom na sua voz que demonstra que Evi está machucada por algum acontecimento do passado. Além disso, ao dizer essas coisas ela nem percebe que desvia seu olhar de nós enquanto acaricia a perna mecânica. James, percebendo o mesmo que eu, logo pergunta:

—Foi a Organização que fez isso?

Quando ela se vira para olhar para ele, lhe dá um sorriso descarado.

O Quinto ElementoOnde histórias criam vida. Descubra agora