Play [Concluída]

Capítulo 4

Me mexi sentindo uma mão fria em minha perna que ao abrir os olhos notei se tratar de uma das meninas com o cabelo jogados na frente do rosto e tive uma crise de risos me levantando para retirar o cabelo de sua cara, porém ela recuou.

— Você ainda tem que comer muita fruta para poder me assustar — Me estiquei encarando o quarto totalmente diferente do que eu havia ido dormir, a mulher atrás de mim, fazia um barulho estranho e meu coração estava acelerado. — Se isso for uma brincadeira é melhor parar

— E com o que eu deveria parar? — A mulher se aproximou como se rastejasse, sua voz era tão familiar quanto minha jaqueta, jeans — Você não gosta de sua própria companhia?

— É impossível — Me afastei rápido e ela tirou o cabelo de seu rosto.

Uma versão monstruosa minha estava lá, seu vestido sujo combinava com seu cabelo mais podre que crosta de geladeira, seu rosto tinha buracos mostrando seu esqueleto e de seus braços saiam um tipo de gosma preta, a única coisa que a fazia parecer humana eram seus olhos castanhos.

— Você não se lembra de nada — Ela me segurou pelo pescoço — E eu sei de tudo, sou melhor que você, não é nove dois? Ou deveria dizer...

— Nove dois! — Ouvi o grito de Robie — Onde você está?

— Robie! — Gritei tentando me soltar — Robie me ajuda!

A porta foi aberta com um chute e ele entrou segurando uma espada prata que usou para cortar minha cópia.

— Fomos sorteados para jogar — Ele me ajudou a se levantar — Você tá bem?

— Uma cópia nojenta minha tentou me matar, estou ótima — Tirei o hámster do meu bolso e ele abriu seus olhinhos preguiçosos. — Vamos traidor, hora do ‘show’

O bumerangue apareceu na minha mão e Robie me guiou para fora, os corredores da casa eram estreitos e cheios de espelhos. Alguns até mesmo quebrado o que dificultava nossa passagem, segundo Robie tínhamos que matar nossos clones opostos e encontrar a saída.

— Como era seu clone? — Provavelmente muito feio, para ser o oposto de alguém perfeito tem que ser alguém horrível.

— Shh!

Ele abriu uma porta e entramos, encarei o quarto escuro e procurei pelo relógio que fazia um barulho horrívelmente alto.

— Você sabe qual é a punição? — Encarei Robie que estava atrás de mim.

— Somos mortos — Ele sorriu mexendo em seu cabelo — Você é linda sabia?

— Não deveríamos jogar? — O analisei procurando vestígios do que estava acontecendo — Você ta estranho

— ora, Nove dois — Ele apontou a espada para mim — Acredito que vou ter que matar agora

— Tá maluco? — Apontei o bumerangue para ele e ele riu.

Seus olhos ficaram brancos e sua boca se rasgou fazendo seu corpo cair, uma mulher de vestes azuis e rosto embaçado apareceu em sua mão havia um leque de facas verdes e ela parecia disposta a tudo, o tic tac do relógio ficava mais rápido e ela parecia sorrir em sua cara embaçada.

— Menina tolinha — Ela começou a rir.

Corri para fora do quarto e ouvi ela sussurrar um algo como jovens enquanto se preparava para me seguir, infelizmente cai ao sentir uma dor forte em minha cabeça e notei uma faca ao meu lado, logo o fio de sangue escorreu por minha bochecha.

Havia uma menininha sonolenta andando no meio de rosas negras em busca de sua mãe que conversava com uma mulher e um homem, falavam sobre barulhos irritantes e o homem de cabelos escuros sorriu ao pegar a pequena no colo "se lembre pequena, ao ouvir um relógio quando estiver em perigo vá para o lado oposto. Ele te impede de acordar do sonho agora durma"

— Está morrendo querida? Seria ótimo assistir isso uma segunda vez — A mulher se abaixou ao meu lado me segurando pelo cabelo — E você nem tem uma arma útil

— Porque são os inúteis que salvam — joguei o bumerangue em seu pescoço a fazendo se afastar e corri para o lado oposto do barulho.

Os espelhos de vidro não estavam mais quebrados e o caminho parecia se abrir, a mulher gritava atrás de mim enquanto eu corria mais depressa.

O barulho ficava mais lento e assim que passei pelo último corredor vi a casa desmoronar, todo meu time estava me olhando surpreso e Kim foi o primeiro a me abraçar.

— Você não é um pesadelo né? — Apertei ele sentindo as lágrimas saírem de meus olhos e os outros também me abraçaram.

— Time verão, parabéns — Um homem envolto de fumaça preta apareceu — Como conseguiu sair senhorita? Você teve três pesadelos!

— Uma lembrança — Enxuguei as lágrimas para olhar ele — Estamos em que posição?

— Óh! Claro — Ele estendeu sua mão — Primeiro lugar e pelo poder concedido a mim, Hades, Declaro que todos podem receber sua memória mais desejada. Espero não ver vocês tão cedo!

Derrepente estávamos todos na escada e Robie estava sério me encarando enquanto todos se afastavam.

— Você sabe que tenho acesso ao pensamento de todos em prova certo? — Ele levantou uma sobrancelha e senti minha bochecha arder de vergonha. — Temos que conversar depois tudo bem?

— Não — Neguei encarando Rose — Rose vai me falar como cuidar de espinhos

— Espinhos? — Angelina me olhou preocupada — Você tem espinhos?

— Tenho nos braços! — levantei a manga e Kim me fez abaixar — Ué...

— Espinhos não são espinhos — Ele sussurrou e encarou Rose a repreendendo — não deve ligar para o que ela fala

— Agora eu vou sim — Encarei ela que tinha expressão triste — Vocês são estranhos sabia? "Não deve ligar" e agem como se eu devesse! Eu preciso dormir porque eu acabei de sair de um pesadelo, não vou conversar com Robie, nem Rose, Kim, Angelina, gêmeos ou crianças! Chega. C-H-E-G-A vocês só me contam o que querem e eu fico igual uma tonta...

— Uh ela tá brava — Liz riu dando uma cotovelada em Otto.

— Vai mimir neném — Ele me deu dois tapinhas das costas segurando a risada pelo que Liz havia dito.

— Vou mesmo — abri a porta do quarto e me joguei na cama sentindo minha cabeça latejar — Só me acordem se alguém estiver morrendo

— Claro — Angelina sorriu fechando a porta cochichando algo para os outros que não consegui identificar o que era.

O sono já me consumia e tudo o que eu podia ouvir enquanto caminhava para o mundo do sonho era: você não é daqui.

Revisando ele tive um misto de emoções, entre elas um pouco de raiva de Robie mesmo não sendo ele.

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