Play [Concluída]

Capítulo 15

A luz acendeu e todos bateram palmas, era tão patético que eu sentia vontade de vomitar, retirei os óculos e encarei séria a tela gigante.

— O que achou do jogo? — O homem baixo de jaleco branco se aproximou ajeitando seus óculos, temeroso — Todos aprovaram, mas...

— Patético — Joguei os óculos para ele que segurou rápido — Tem tantas incoerências, mortes sem sentido e aquilo é o quê? Um jogo ou uma história antes de dormir?

— M_mas senho…

— Corrija as incoerências e coloque escolhas para a personagem — Suspirei desfazendo a carranca — Retire o romance entre o tal asiático e a garota está bem? O jogo esta perfeito sem esses pontos.

Todos bateram palmas e assobios foram ouvidos, o homem sorriu deixando suas bochechas grandes aumentarem de tamanho e o mesmo saiu correndo como o ratinho de laboratório que normalmente era.

— Agora voltem ao trabalho! Temos um novo jogo para anunciar e eu uma reunião — Caminhei pisando firme em direção a minha sala onde os patrocinadores deveriam estar me esperando.

De fato foi uma experiência ótima, por breves minutos eu me esqueci ser dona de uma das maiores empresas e quis descobrir as loucuras da jogador noventa e dois, fala sério a garota era puro problema!

— Desculpem o atraso — Me sentei ao lado de meu esposo — Tive que aprovar o jogo, sabem como é certo?

— Oh! não foi grande atraso senhora — Phoebe sorriu — Pelas contas de Fenrir foram apenas 30 minutos

— Realmente — Ele abaixou seu relógio — Foi uma ótima jogadora

— Óbvio que foi uma ótima jogadora, é a Nakita! — Hugo desistiu de acender seu cigarro e o entregou para a loira ao seu lado — Mas vamos iniciar logo isso?

— Rápido, eu tô doida para ir jogar — Summer ajeitou o arco que usava — Os personagens foram inspirados na gente não é?

— Creio que sim, considerando que Atena tinha a aparência de Phoebe — Jane balançou a cabeça enquanto Ana Carolina e Elizabeth discutiam sobre quem eram quem.

Fechei os olhos tentando me lembrar do que iria falar, todos me atrapalhavam a seguir qualquer conversa e eu odiava gritar.

— silêncio! — Summer bateu a mão na mesa e todos se calaram — ótimo

— Calminha gaorota verão

— Fica quieto babaca de lava — Ela sorriu e fez um sinal para eu falar.

— Os jogadores irão montar seu ou sua personagem e irão escolher três nomes, entre eles um número, um nome normal e um apelido. No meu caso escolhi Nove e dois, Gerlane e Naki — Revirei os olhos — o jogo vai sortear dois nomes e não irá te dizer qual é, qual. Sua personagem vai ter tudo aquilo de "não tenho nome" e preocupação, a história é a mesma em todas as casas, porém tem as mudanças. No verão você tem lembranças a todo momento de sua vida passada e o mistério que ronda a sua volta é sobre o que você é, na primavera você só tem lembranças quando alguém morre, no outono você só tem lembranças quando joga algum jogo e no inverno é toda vez que você conversa com Ariane.

— A história gira em torno da personagem tentar descobrir como funciona aquilo e juntar sua vida passada — Summer balançou a cabeça como se tivesse entendendo — Quando ela descobre o que é, a história gira em torno da Ariane e Dioniso, pois o jogo começa a ficar mais leve.

— Mas para isso depende das escolhas da personagem, eu fiz escolhas que me levavam para esse final. Porém, se eu tivesse decidido ser rebelde a história poderia ter ido para o fim de Ariane e a fúria dos deuses o que significa muitos outros jogos — fiquei pensativa — assim como se eu tivesse me aproximado mais de Angelina do que de Rose

— Entendi — Summer bocejou — gosto da ideia

— Então? — Coloquei a mão nos bolsos sem saber o que fazer, eles estavam mais quietos do que o normal.

— Leve todo meu dinheiro! Mas lance esse jogo — Ana Catarina se levantou girando como uma fada — não vejo a hora dos meus filhos jogarem

— Aprovado — Jane sorriu — preciso ver como seria matar Ariane

— Tadinha Jane, eu preciso é saber mais da história — Summer se levantou — Eles são tão lindos juntos

— Concordo — Elizabeth cruzou os braços — Você não joga tão bem assim sabia Nakita?

— Vai catar coquinhos — Ri e ela riu — Então vou assinar o cheque, falem com trevor que os guiará para a sala de teste

— Já estou indo — Hugo beijou minha testa e saiu correndo.

Todos os seguiram como crianças no jardim de infância, o pobre trevor que vinha informar algo foi arrastado para longe deixando seus óculos caírem.

Fechei a porta e comecei a dançar na sala, havia finalizado um projeto de quase dez anos e todos haviam gostado.

Tudo bem que havia muitos furos, mas não sou uma gamer né?

— Senhora? — Phoebe piscou confusa e arregalei os olhos — pode deixar que não conto nada.

— Sai! — gritei abrindo a porta e ela saiu correndo.

Encarei a sala para ver se não havia mais ninguém voltei a dançar, Godness Florest seria um sucesso e todos iriam conhecer o meu nome.

— Você vem ou não? — Hugo abriu a porta me fazendo tomar um susto — Tem um óculos sobrando

— Claro! — assinei o contrato correndo e sai travando a porta — Já pensou no que vai fazer?

— Ver como seria a morte do principal — Ele sorriu balançando meu braço — Sua ideia foi brilhante

— Eu sou brilhante — Revirei os olhos e dei uma cotovelada nele.

— Mas porque a pergunta sobre vida e morte? — Ele tirou um pirulito do bolso — tô trocando os cigarros por doces

— Porque nos preocupamos demais com perguntas que nunca iremos ter certeza, batemos cabeça com coisas sem nexo e esquecemos de realmente viver — Encarei os sapatos vermelhos — O final quando ela diz que não estava morta, nem se preparando para viver, mas sim finalizando o jogo quis dizer que as respostas em algum momento chegam, e ir contra o relógio significa que ela aprendeu que não deveria se perguntar muito só viver.

— Filosofou — Ele riu e abriu a porta — As damas primeiro

— Então você deveria passar — apontei a porta e ele revirou os olhos me empurrando.

— Me pergunto porque casei com você — Ele me entregou um óculos e os coloquei esperando as luzes ligarem.

— Porque eu sou brilhante, mas fica quieto é a hora de dar o Play — apertei o botão do lado dos óculos e as luzes se iniciaram.

Após o epílogo será o fim de Play, aí coração