Idéia estranha

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          -Que cara é essa Ester? –indagou cruzando os braços em frente ao peito, formando uma postura rígida.

          -Que cara?

          -Não se faça se sonsa, odeio gente sonsa. –comentou me fitando como se tentasse ler meus pensamentos.

          O que tinha de errado em contar para ele? De certa forma, Amitiel estava me protegendo e parecia que ele queria meu bem, ou queria muito que eu deixasse de ser um fardo. Não que ele tivesse culpa, na verdade ele tinha um pouco, quem foi que mandou ele me asfixiar até a morte?

          -Ontem eu fui para o jardim, se é que se chama aquilo de jardim –franzi o cenho, mas logo dei de ombros. –Enfim… Tinha uma coisa falando comigo, estava escuro então eu não vi seu rosto, eu não sabia que era um espirito. Esse espirito me falou que eu já havia sido descoberta como você acaba de me dizer… -engoli em seco meio tensa e prossegui –Ele disse que se eu não dar um jeito de esconder meu brilho, coisas ruins vão me acontecer mais cedo que o esperado. –conclui desembaraçando meus cabelos com os dedos desfazendo os nós com facilidade.

          Amitiel ainda me encarava pensativo, não tinha ideia do que ele estava pensando.

          Voltei ao banheiro e me olhei no espelho percebendo que estava mais apresentável do que antes.

          -Amitiel, você tem uma escova de dente sobrando? –o olhei.

         -Na gaveta a esquerda. –disse ainda perdido em seus pensamentos.

          Continuei o olhando.

          Se estivesse pensando em alguma coisa que fosse me ajudar, era meu dever começar a perguntar.

          -Ei, o que…

          -Você por acaso não está pensando em ir procurar um necromante para convocar um espirito, está? –me cortou rapidamente, eu apenas assenti.

           Na verdade não tinha a menor intensão de encontrar um necromante, mas aquela ideia não era tão ruim quanto parecia, na verdade acabou de passar a ser meu segundo plano.

           Peguei a escova e a desembalei, coloquei um pouco de pasta e comecei a escovar os dentes enquanto sentia que ele estava bem atrás de mim. Terminei minha escovação o quanto antes e me ergui vendo seu reflexo no espelho, seus olhos estavam fixos em mim.

             -Você não ideia na onde vai se meter Ester.

             -Não estou pedindo permissão. O que eu não posso é continuar aqui, se essa é a forma de que eu consiga me passar pela pessoa normal que eu costumava ser, ótimo! –larguei a escova sobre a pia e peguei a toalha que deixei em cima da cama e sequei minha boca molhada.

            -Ester eu sei que está sendo difícil ficar aqui, num lugar onde todos são estanhos, mas você já parou para pensar que estará arriscando a vida da sua família em estar se expondo aos olhos alheios. –Amitiel caminhou até mim e segurou em meus braços –Você não viu o que eu vi, nem ouviu. Eu sinto que devo te proteger, talvez pelo fato de você ser predestinada a fazer parte do meu mundo ou talvez por essa nossa ligação. Eu não me importo por qual seja a razão que me uni a você, só sei que eu quero e devo te proteger, quero poupa-la de algum mal que possa te prejudicar futuramente.

              Ouvindo tudo aquilo dele, só me fazia perceber o quanto estávamos ligados. Sentia cada respiração e batida de seu coração. Ele realmente estava preocupado com minha segurança. Voltei a olhar para seus olhos.

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