Ibirama havia acabo de sair da tenda me deixando sozinha, havia peço que ele se retirasse pois não me sentia à vontade com ele estando por perto.
Demorou um pouco até que eu o convencesse de finalmente me deixar em paz, já que eu não poderia ir para lugar algum sem seu consentimento.
Olhei para o lado de fora e notei que havia milhares de tendas ao arredor e algumas casas modestas. Uma grande fogueira queimava e vi Ibirama indo na direção dela ficando ao lado da senhora que estava no vagão e demonstrou ter muito poder a meus olhos. Demorou para eu perceber que o que eu conseguia enxergar era a aura deles que consequentemente transmitia sua força.
Sai da tenda com os braços cruzados pois tremia de frio, o vento estava tão gelado que parecia que a intenção era congelar meus ossos de tão intenso que era o tempo naquele lugar.
Fui em direção as vozes sinistras que escutava, não parecia humano. Parei bruscamente ao ver espectros tentando ultrapassar a barreira imposta pelo pentagrama que estava desenhado no chão.
Olhei para a única pessoa daquele lugar, era uma mulher de loira que estava sentada com as perdas cruzadas no chão olhando para as figuras e falando com elas em uma língua que eu desconhecia. O que ela dizia deixava os espectros irritados e parecia que a xingava, eles batiam nas paredes com força com a intenção de quebra-la.
Encarei os espectros, eram criaturas horríveis seus rostos eram deformados e tinham uma que só havia os dentes apodrecidos, não tinham lábios ou olhos apenas uma escuridão absoluta. Ao olharem em minha direção, levei um susto, todos os três dentro do pentagrama me fitavam com tamanho foco que quis correr de medo, mas minhas pernas não me obedeciam. Fui traída pelas minhas próprias pernas.
A loira me olhou e pude ver seus olhos completamente brancos opacos.
Ela arqueou as sobrancelhas e os espectros parecem se acalmar e começaram a dialogar entre eles, a loira os olhos e se levantou e puxou conversa com eles que falaram com ela e um deles, o maior apontou para mim com seu dedo ossudo e fantasmagórico, como seu corpo que era só fumaça negra que rodopiava no ar. A mulher disse mais alguma coisa a eles que se reverenciaram e se dissiparam e o pentagrama sumiu como eles.
A mulher voltou a me olhar e discou forte os olhos que se tornaram azuis e cheios de vida. As bochechas começaram a adquirir um tom rosado, ela não parecia mais morta, agora parecia uma mulher de 24 anos comum.
-O que você faz aqui? -questionou-me se levantando do chão e pondo o capuz sobre a cabeça. Nem havia percebido que estava no começo de uma floresta.
-Eu estava procurando meus amigos. -falei.
A mulher se aproximou de mim e pegou em meu rosto e senti sua mão gelada. Queria muito encontrar os meninos, desejava que estivessem bem, e talvez ela fosse uma pessoa boa que pudesse me ajudar a encontra-los, mas achava isso meio difícil.
-Não acredito que seja você, achei que fosse diferente... -disse admirada, o que eu me toquei que ela não estava falando comigo, era consigo mesma.
-Meu nome é Gabriela, mas pode me chamar de Gaby. -murmurou soltando o meu rosto e pegou na minha mão com firmeza.
-Eu sei onde eles estão, os Nefilins posso te ajudar a vê-los, mas você tem que me prometer que não vai falar pra ninguém que te contei... O que é isso?
Gaby olhou meu antebraço e me olhou como se tivesse sentindo dor.
-Isso é...
-Por que? -quis saber.
-Qual foi o acordo? E com quem? -perguntou com autoridade.
-Hã... O Ibirama fez isso comigo, mas eu não sabia o que estava fazendo achei que era só um aperto de mão.
-Aprenda uma coisa Ester, com o Ibirama nada é simples. -ela deu um suspiro longo
-Espero que o que tenha trocado valha a pena, porque até que ele diga ao contrário você pertence a ele, já deve ter percebido isso.
Eu assenti.
Mais tinha esperança de desfazer aquilo. Eu nem ia mais me perguntar como é que eles sabiam o meu nome No momento tudo o que me importava era ver meus amigos, e depois pensaria no resto queria saber se estavam bem.
-Meus amigos... Pode me ajudar a encontra-los?
-Vamos logo, mais tem que ser rápido.
Ela me puxou para fora da mata e caminhamos sorrateiramente até uma tenda em especial. Gaby pegou uma adaga que levava e rasgou um pedaço do forro e me olhou.
-Amanhã, você deve conseguir falar com eles, por hora só vai vê-los.
Ao sair do meu caminho, olhei pela frecha que ela fez e os vi pendurados como animais, todos os dois estavam desacordados e Amitiel sangrava, uma poça estava fazendo no chão a seus pés. Quanto Adonai estava intacto.
-Amitiel vai morrer se continuar sangrando desse jeito. -meu coração se partia ao vê-lo daquela forma. Tinha que fazer alguma coisa.
Antes que eu pudesse me mexer Gaby pegou no meu braço com força, no meu curativo onde estava a ferido feita pela adaga de Ibirama.
-Não seja tola em pensar que não tem armadilha nesse lugar, agora volte para sua tenda antes que Ibirama volte e perceba que não está lá. Quem havia dito que ele não estava na tenda?
-Mais o Amitiel...
-Shiu... -Gaby me puxou e tampou minha boca.
Antes que eu pudesse protestar eu ouvi as vozes, uma delas era de Ibirama.
-Eu sei disso vó Zami.
-Ibirama você é tolo. Temos que matar esses dois antes que algum dos pais deles apareçam. Podemos ser fortes, mas não podemos subestimar o poder dos anjos. Quanto mais tempo eles permanecerem aqui vivos, mais riscos nosso povo correrá.
-Vó, ainda não. Tenho planos para esses Nefilins e se Ester sonhar que estão mortos acredito que ela não será mais útil, sabe como essa raça preserva os sentimentos. -falou.
Ester olhou pela fresta e os viu conversando enquanto olhavam para seus amigos.
-Se alguma coisa acontecer com algum de nós eu te punirei, meu querido neto. -disse em tom ameaçador.
-Ester... -Gaby me puxou mais permaneci imóvel continuando a escutar.
-Confie em mim, sei o que estou fazendo. Quanto a Ester aquela pobre garotinha só quer saber quem ela é, e quando descobrir isso ela mesma vai desejar destruir esses Nefilins.
-Não aposte tanto nisso, eu olhei nos olhos daquela garota e porque você acha que quando brilham são azuis?
-Eu sei, eu sei mas...
-Mas nada meu neto, não seja ingênuo. Aquela criança tem valor e sugiro que vá tomar conta dela.
Ibirama bufou impaciente.
-Tudo bem.
Arregalei os olhos e encarei Gaby.
-Corre e vê se coloque roupas de frio, você está congelando.
-Obrigada por me mostrar meus amigos, e espero te ver de novo.
-A gente vai, agora ande logo antes que ele chegue antes de você.
Assentei.
Comecei a correr e entrei na tenda.
Só tinha uma cama, retirei meus sapatos e deitei sobre ela puxando o lençol, procurei alguma coisa mais grossa que pudesse me proteger do frio, mas já era tarde. Ibirama estava entrando.
Fingi dormir, mas eu tremia então era inútil. O olhei assim que entrou e vi seu sorriso presunçoso.
-Está com frio?
-Estou com muito frio.
Me sentei enrolada nos lençóis e cobrindo minha cabeça. O vi abrir uma porta do guarda-roupas de madeira e retirar uma coberta e caminhou até mim e se sentou ao meu lado.
-Onde você vai dormir? -desejei saber.
-Com você, vai mais para o quanto. -falou tirando a blusa de moletom escura e as outras duas que usava em baixo ficando com os bíceps expostos. Olhei para os outros quantos daquele lugar e me vi encurralada. Não havia para onde ir.
Me arrastei para o outro lado e ele se deitou, o olhei vendo seu sorriso malicioso. E meu coração começou a bater rápido, estava com medo e se ele tentasse alguma coisa? Como iria me defender?
-Relaxe Ester.
Para ele era fácil falar.
Deitei e virei para o outro lado e me cobri com a coberta, estava tremendo. Ibirama se aproximou de mim me envolvendo com seus braços, antes que pudesse protestar eu já me dei por vencida, ele estava quente e isso era confortável, era tudo o que eu precisava. Ele ajeitou a coberta e dormi de conchinha com o inimigo.
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Angeles
RomanceEster é uma jovem que foi morta num beco por um homem mistérioso após ter visto algo que muitos sonhariam ser impossível... Bem vindos ao mundo sombrio de Ester Monarq !!