Tocada por um anjo

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8 dias mais tarde...

     Ainda tentava preencher as lacunas, tudo estava confuso desde o acidente que nem se quer me lembrava.

Sabia que algo terrível me aconteceu só não sabia exatamente o quê.                   .  Não era somente as marcas que me faziam lembrar que alguém tentou me estrangular,  estava desconfortável na minha pele desde então.

    Sempre que me lembro de algo que possa ter acontecido são em sonhos,  e o problema dos sonhos é que nunca se sabe quando a realidade se mistura com a fantasia, mas tudo que me mostrou parecia impossível...

     -Filha!  -chamou-me minha mãe abrindo a porta do meu quarto abruptamente.

      Livrei-me do edredon sobre minha cabeça e a encarei.

      -Quantas vezes tenho que dizer para bater na porta?! -aquelas situação me dava nos nervos.

      Desde que voltei do hospital à 3 dias, minha mãe ficava em cima de mim 24 horas por dia. Sei que está preocupada pelo fato de não saber quem atentou contra minha vida,  mas se continuasse assim daqui uns dias morreria sufocada.

     -Desculpa, mas tem visita.  -disse com animação.

Levantei-me da cama ainda com o corpo dolorido e caminhei ate minha penteadeira.

    -Seja lá quem for mande embora.

     -Como assim não quer me ver? Sou sua amiga se esqueceu? 

      Me virei e vi Amanda, foi inevitável olhou diretamente para o roxo de minha garganta estrangulada e depois de alguns segundos finalmente encontrei os olhos castanhos dela e um sorriso foi aberto.

      -Graças a Deus que está bem.

       Recebi um abraço apertado e ouvi a porta sendo Fechada anunciando a saída de minha mãe.

      Afastei Amanda de mim e olhei em seus olhos.

      -Sua mãe me disse que você não sai de casa desde o ocorrido, então vamos dar uma volta no...

      -Não quero sair daqui, não...

      -Você me deve isso, por tanto não inventa. -disse com rispidez deixando claro o fim da conversa.

      Amanda saiu do quarto e fechou a porta atrás de si. Certamente estava brava comigo e sabia o motivo,  ou mais ou menos, tudo que sabia que vinha a ignorando desde o hospital quando quis me visitar e não permiti, naquele momento estava meio desequilibrada por conta dos medicamentos e isso meio que influenciou em chuta-lá de lá. Tinha que me desculpar.

...

      Sentamos em frente a lagoa onde patos e cisnes nadavam. Era um dia comum de primavera, havia folhas caídas por todos os lados.

      -Posso perguntar o que aconteceu na noite que saiu da minha casa?

       Era complicado nem eu sabia o que houve ao certo.

       O cheiro forte de carniça me desconcentrou de meus pensamentos, na minha boca senti um gosto metálico como se fosse sangue.

       -Está sentindo esse cheiro?  -olhei para Amanda que negou com a cabeça.

       -Estou sentindo cheiro de nada e não mude de assunto.

        Uma gota caiu em meu rosto, olhei para o céu encoberto por nuvens, estava nublado e senti um arrepio ao ouvir o barulho do trovão.         .       -Meu Deus. -murmurei perplexa.

         O raio atrás das nuvens iluminou as nuvens dando para enxergar o que havia escondido atrás delas.

         -Amanda vamos embora agora.

          Me levantei e peguei em seu braço fazendo-a se levantar,  mas havia me esquecido o quanto era teimosa.

         -Não vou a lugar algum enquanto não me contar o que houve naquela noite.

         Retornei a olhar para o céu e vi que era tarde demais.

         Algo colidiu no meio do lago, uma cratera enorme se formou engolindo toda a água. Tudo foi arrastado para longe exceto eu, por incrível continuei onde estava, ferida mais ainda sim estava em pé no mesmo lugar.

          Caminhei para frente cambaleante e escorreguei na lama, segurei-me na ponta do ferro que estava na terra, me equilibrei e olhei para dentro da cratera enorme, era muito funda, quase impossível de ver. Algo se moveu na escuridão e vi mãos buscando apoio na superfície, a chuva estava tão forte que mal conseguia ver o que estava...

        -Impossível.

         A criatura se arrastou para fora ferido, suas asas sangravam e estava deformada, estavam quebradas.  Numa tentativa inútil de se por de pé acabou caindo.

          Quando me dei por mim já estava agaixada sobre seu corpo e pressionando seu ferimento na barriga, estava tentando estanca-lo.

          -Quem é você? -perguntou olhando para minhas mãos.

          -Meu nome é Ester. -falei meio nervosa por estar em frente à um ser celestial.

          Ela finalmente olhou para mim e vi o castanho de seus olhos me encarando acompanhado de um sorriso, parecia estar admirada.

         -Você é a escolhida. -murmurou e puxou minhas duas mãos para junto de seu peito, seu toque era suave e suas mãos eram macias.

        Senti-me enjoada de repente e zonza,  o rosto dela começou a brilhar me cegando. Não sentia mais nada estava anestesiada, cai imóvel sobre seu corpo inconsciente.

AngelesOnde histórias criam vida. Descubra agora