Pacto de sangue

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        Estávamos a caminho da casa das feiticeiras. Era o final da tarde e já estava exausta de tanto metro e trólebus que havia pegado, sendo que seria mais fácil de tivéssemos ido de avião. Não sabia qual era o problema deles, talvez não gostassem de voar.

        Segundo eles, era o último transporte que pegaríamos. Estava recostada na janela do trem, tudo que eu via era o sol se pondo e começava a cair a temperatura. Meus braços estavam expostos e pude notar meus pelos eriçados, passei minhas mãos por meus braços na tentativa de aquecê-los mais de nada adiantava e parecia que iria ficar pior.

        Continuei olhando pela janela, parecia que estávamos a caminho de lugar nenhum, tudo se resumia a uma mata fechada. Tinha no máximo 7 pessoas no vagão e isso me assustava. Seus rostos estavam escondidos deixando somente uma brecha para seus olhos, que estavam bem abertos.

         Fazia algum tempo desde comecei a sentir um desconforto e não sabia dizer o porquê.

         -Ei. –chamei Adonai, mas ele não me ouviu.

         Continuei olhando para seu rosto tranquilo, parecia estar tendo um ótimo sono. Chutei sua canela de leve o fazendo se assustar e me olhar com seus olhos esbugalhados. Se minha vida dependesse dele, certamente eu estava ferrada. Poderiam me sequestrar ou me matar e ele nem veria nada.

         -Desculpe, peguei no sono. –murmurou e bocejou. –Já chegamos? –perguntou meio sonolento olhando pela janela.

         -Não sei nem onde estamos. Cadê o Amitiel? Faz tempo que ele foi no banheiro.

         Adonai olhou ao arredor e notei que todos os olhos “escondidos” o encarou o que me surpreendeu, mas Adonai não percebeu isso. Chutei seu tornozelo de novo e ele me fitou.

          -O que foi agora?

           Me levantei olhando para uma pessoa vestida de preto, havia uma manta jogada sobre as costas da senhora e um cachecol de lã estava sobre seu pescoço que tampava a metade de seu rosto, dando para ver somente seus olhos castanhos escuros me fitando. Era uma senhora de pele morena, e cabelos lisos bem escuros. Ela devia de ter uns 70 anos julgando pelas rugas nos olhos e sua postura curvada acompanhada de uma bengala torta. Os demais se levantaram também.

          Finalmente Adonai olhou na direção onde eu olhava e se levantou rapidamente ficando na minha frente de forma protetora.

         -Quem são vocês? –indagou com firmeza encarando os olhos frios da senhora.

          -Estão na minha cidade Nefilin, devia saber com quem devia de lidar. –sua voz era tão medonha quanto sua aparência. Não era suave, era rouca e cansada e aquele cachecol abafando o som de sua voz não melhorava muito.

         Olhei ao arredor, aquelas pessoas sem a menor sombra de dúvidas tinham segundas intensões. Era evidente que não eram amigáveis e não se esforçariam para serem.

          -Senhora, não queremos confusão só estamos atrás de um necromante que possa nos ajudar…- Adonai caiu a meus pés desmaiado.

           Olhei ao arredor em busca de algo que explicasse aquilo, e encontrei um homem de cabelos negros que chamou minha atenção e sua mão estava levemente para frente, estava claro que foi ele quem fez aquilo com Adonai. Amitiel estava sobre seu ombro completamente machucado enquanto o homem de quase dois metros de altura estava ileso. Seus olhos eram de um tom castanho claro, era forte e o único que mostrava totalmente o rosto. Ele era bonito e bem forte, mas conseguia enxergar além daquilo.

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