II - Outono de 1994

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Dois anos depois

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Dois anos depois...


Rafael


Aquele sentimento não mudou nada, mas pelo menos eu me acostumei com ele. Eu ainda sentia o meu estômago revirar quando me aproximava dela. Mas agora eu até que gostava do efeito que dava em mim, até ansiava para me sentir assim.

Paixão é uma coisa complicada, mas meu pai me disse que se demora tanto assim, acabou por se transformar em amor.

Nos conhecemos a dois anos já e eu sempre fico nervoso quando vou falar com ela. Mas eu finjo que estou bem, para que ela não perceba nada. E eu acho que ela não percebeu, pois ela continua a falar do mesmo jeito comigo.

Não quero falar nada, vai que esse sentimento não é correspondido, não tenho coragem de falar com ela. Prefiro ter a sua amizade a falar e colocar tudo a perder com a nossa amizade ficando estranha. Sou muito novo, o que eu posso saber sobre o amor?

É o nosso último dia de aula e estamos voltando para casa de ônibus. Ela estava tão cansada que acabou por adormecer no meu ombro. Ela tinha estudado muito para continuar sendo a melhor aluna da sala. Mesmo sendo ainda bem nova, Isa já pensava uns bons passos à frente.

Gostava de como ela parecia ter uns cinco anos a mais do que realmente tinha. E quando eu falo isso, não estou falando num sentido ruim. Eu realmente admirava o modo como ela sempre pensa no futuro, esperando e cultivando muito mais coisas boas do que uma criança de doze anos normalmente faria.

Gostava do efeito que esse lado dela tinha sobre mim. Eu já me pegava pensando no que eu queria fazer quando crescesse, quais seriam os meus planos para o futuro. Gostava que ela me fazia pensar em meses, anos até, na frente e ter sonhos.

Pensei que o meus pais fossem rir da minha cara quando eu comecei a fazer planos para o futuro, mas eles pareceram até orgulhosos. Só me pediram para não me esquecer de ser criança. É importante me preocupar com o futuro, mas não preciso perder a minha infância por conta disso.

E eu aproveito sim. Muito até. Adoro jogar vídeo games e jogar futebol. Eu comecei a jogar com a Isa e ela aprende rápido, bem mais rápido do que a minha mãe. Adoro jogar vídeo games com a Isa, e agora ela que me avisa dos jogos novos que vão lançar.

Gostava do jeito que ela sorria quando ela ganhava de mim num jogo de luta. Ela tinha colocado aparelho no ano novo no passado e agora ficava morrendo de vergonha de sorrir. Mal sabia ela que o sorriso dela era o mais bonito que eu já tinha visto.

Eu também tinha passado por algumas mudanças. Tive que começar a usar óculos, mesmo odiando cada segundo que tinha que ficar com aquela coisa na minha cara, ele vivia escorregando pelo meu nariz e deixava os meus olhos pequenos e esquisitos.

Outonos MeusOnde histórias criam vida. Descubra agora