IX - Outono de 2008

300 36 65
                                    

Pouco menos de um ano depois

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Pouco menos de um ano depois...


Isabela


Eu já não tinha nem mais meio milímetro de unha que eu pudesse roer. Minha manicure provavelmente ia me matar se me visse estragando as unhas que ela tinha feito com tanto carinho.

Já tinha checado tudo pelo menos umas cinco vezes nas últimas duas horas. As palmas das minhas mãos nunca tinham ficado tão suadas assim. As minhas sapatilhas vermelhas novas que tinha comprado não demorariam a ficarem gastas se eu continuasse andando de um lado pro outro daquele jeito.

Olho pelo relógio pela milésima vez. Estou procurando outra coisa pra fazer quando a minha mãe dá uma risada alta.

– Filha, pra quê tanto nervosismo? Você e o Rafael praticamente não fizeram mais nada nesses últimos meses, somente resolvendo cada detalhe desse lugar. Vai dar tudo certo.

– Eu sei mãe, mas e se...

– Mas nada minha filha – meu pai me interrompe. – Seu negócio vai ser um sucesso, escute o seu velho! – ele diz com um sorriso orgulhoso no rosto e não tenho como discordar dele.

– Obrigada pai.

Pela segunda vez somente nesse minuto eu enxugo a palma das minhas mãos no meu vestido. Me olho no reflexo da porta de vidro, tentando ver o meu reflexo. Acho que a minha roupa estava boa.

Tinha escolhido um vestido florido, com o fundo branco, de mangas que chegavam até os meus cotovelos e com o comprimento até o meu joelho. Minha mãe tinha feito aquele vestido para mim e eu estava muito feliz por estar usando ele. Meus cabelos estavam bem penteados, em cachos grossos e bem firmes. Estava me sentindo bonita. Mas o que eu tinha de bonita, eu tinha de nervosa.

Olho para a porta dos funcionários, que desde que meus pais tinham chegado, tinha permanecido estática.

– E falando em Rafael, onde será que ele está?

Olho para o meu relógio e vejo que ele não está atrasado, somente eu que estou nervosa demais e queria ter a sua presença calmante ali perto de mim. Levo meu polegar novamente para a minha boca e só paro de roer a unha quando sinto gosto de sangue. Merda!

– Ele já deve estar chegando minha filha, aqui, sente um pouco para tentar se acalmar – minha mãe puxa um banco e praticamente me põe sentada.

E mesmo sem querer, já que não tinha muita escolha, eu sento. Bato os meus pés no chão num ritmo maluco e sem coordenação. Não há como eu me acalmar nesse momento.

Os últimos meses tem sido uma verdadeira loucura para falar o mínimo. Perdi a conta de quantas vezes eu virei as noites sem dormir somente planejando cada detalhe e sonhando acordada com cada pedacinho que agora era real. O sono ia embora enquanto a minha mente viajava longe, para o futuro, arquitetando planos e tudo o que eu pretendia alcançar.

Outonos MeusOnde histórias criam vida. Descubra agora