De trás pra frente

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30 de Junho de 2019

Narradora

Para seguir em frente é preciso desfazer certas amarras. 

É preciso parar, respirar fundo, organizar as ideias e agir. De certo que a ação nem sempre será racional pelo calor o momento, mas necessária. Num futuro próximo tudo fará sentido. O destino dará um jeito.

...

Juliette estava prestes a entrar no carro quando sentiu uma mão puxar o seu braço e segurar firme. A mesma mão que antes lhe fazia carinho, lhe tocava, segurava a sua quando preciso e conseguia arrepiar todo o seu corpo só por isso, agora causava repulsa e nojo. Assim como a sua mão, nada e nunca tinha pertencido por completo. 

– Para onde você está indo Ju? O que você está fazendo?

– O que eu já devia ter feito a muito tempo.

– Você não vai a lugar algum se não me deixar explicar o que está acontecendo.

– Me solta!

– Por favor, só mais essa vez! Me escuta.

– Já disse para me soltar!

– Amor... Olha pra mim! Ju?

– Eu não quero olhar mais para você, eu não te devo mais explicações, eu não quero mais explicações suas só... Só me deixa ir em paz, por favor! Tu sabe que eu não mereço isso.

– Para!

– Me solta, pufavô! Me deixe ir, não tenho nada que me prenda mais a você. Tu fez sua escolha, e tudo bem. Espero que seja realmente feliz, pois caso contrário não venha me procurar depois, porque hoje é a última vez na sua vida que você vai me ver. Eu juro... — Disse já chorando, despejando o choro que a muito tempo guardava.

– Para, Ju! Ei, olha para mim.  — Falou levantando o seu rosto já molhado pelas lágrimas, fazendo com que ela encarasse os seus olhos perdidos assim como os dela. — Calma, amor... Só me deixa explicar. — Abraçou-a forte e Juliette sentiu ainda mais raiva de si, pois ainda se sentia segura naqueles braços.

– A globo perdendo um grande talento, sabia? — Falou em total deboche enxugando as lágrimas e se desprendendo do corpo dele.

– Eu sei que não está bem, eu sinto isso, só me deixa cuidar de você e te explicar tudo. 

– Me explicar o que eu vi?— Perguntou rindo sínica. — E, não, eu não estou bem! Mas isso não te interessa, já que você fez questão de me deixar assim.

Não é bem assim... Eu-eu... — E aqui estava ele mais uma vez tentando enganá-la. Tentando achar palavras que lhe comovesse. Tentando reverter a situação ao seu favor como sempre fazia. 

Mas agora toda a fragilidade que aquele momento estava lhe causando era algo insuportável de caber em si. Sentia o seu coração sendo esmagado. E aquela pessoa ali, tentando fazê-la de trouxa, na verdade a trouxa que Juliette sempre fui por continuar amando quem nunca mereceu um pingo do seu amor. 

"Droga! Por que eu me deixei levar assim? Por quê?"

– PARA! Para de fingir, por favor! Eu vi tudo, ? Eu VI, com os meus olhos, ninguém me contou... e sabe o que mais me dói? É saber que um dia eu acreditei em você, acreditei na sua mudança, acreditei que você me amava, acreditei nas suas juras de amor. Porra! Eu acreditei em você! E você? Riu da minha cara, mas agora eu cansei. Cansei. Cansei de te perdoar por todas as suas burradas. Cansei de ser sua presa fácil. Cansei de ser a porra da pessoa que tu engana o tempo e todo e ainda tem a acara de pau de me expor como se eu fosse o seu troféu. EU CANSEI! Será que não vê?  Eu cansei... — Sua voz esganiçada para proferir as últimas palavras era resultado do esforço tremendo que fez para conseguir falar tudo que estava engasgado em sua garganta. 

Nosso Nó(s) - Sariette G!POnde histórias criam vida. Descubra agora