P.o.v. Juliette21 de Junho de 2020
Visto o horário que dormimos ontem e as tantas taças de vinho que bebemos, acordei razoavelmente cedo, pelo horário que vi no relógio. Pude ver também a chuva que caía lá fora por uma gretinha da cortina do janelão. E juntando tudo isso, me fez não ter vontade nenhuma de sair de perto de Sarah e levantar desse "confortável" sofá que transformamos em uma cama pra gente. Nenhuma vontade, mesmo!
Pegamos no sono quando estávamos conversando umas coisas, que eu nem lembro mais o que era, e acabamos dormindo viradas uma pra outra, com as pernas enroscadas e seu braço esquerdo jogado sobre a minha cintura.
Foi inevitável abrir os olhos e não sorri com a imagem da mulher a minha frente. Impossível não contemplar sua beleza e essa paz que irradia dormindo.
Ela me fala que eu sou engraçada dormindo, mas aquele seu cabelo bagunçado, ela com a mão direita embaixo do rosto e um bico nos lábios é tão fofo que chega a ser engraçado também.
Fiquei por um bom tempo, só admirando a sua serenidade. Porém não me aguentei só em olhar e passei a fazer um carinho no seu rosto, como se agradecesse em silêncio tudo que está fazendo por mim.
Se hoje, nesse momento, eu posso dizer que estou bem de verdade, foi porque, além d'eu estar psicologicamente mais "preparada", ter alguém para dividir a dor foi maravilhoso. Ter ela aqui é maravilhoso.
O que ainda está sobrando de tudo que aconteceu é o sentimento de que, infelizmente, aquilo precisou acontecer para que, definitivamente, eu colocasse, de vez, uma pedra no meu passado e pudesse me render, por inteiro, ao meu presente. Foi literalmente meu presente dando uma surra no meu passado. Sem ironias.
Às vezes eu até me esqueço daquele moído todo. É como se... Sei lá. Uma coisa estranha, mas que ao mesmo tempo faz todo sentido para mim. Na minha cabeça faz. Acho eu que quase ninguém entende, mas Sarah parece me entender. E isso que importa. Agora, é só o que está importando para mim.
Nesses quase dois dias, ficou tão claro e evidente isso. Vendo o seu esforço de agir respeitando o meu espaço, as minhas batalhas internas, não mencionando diretamente em nenhum momento sobre o ocorrido, como se, para ela, me fazer esquecer também fosse a melhor saída.
A Sarah foi a minha calmaria depois da tempestade. Um porto seguro que eu encontrei nesse mar revolto que minha vida se tornou.
E só de lembrar dessas coisas um sorriso despontava em meu rosto. Como é bom amar alguém assim como a minha namorada.
Aquela música que me pediu para cantar ontem, por exemplo, é uma das músicas que logo de cara, quando eu ouvi pela primeira vez, me senti tocada por aquela história por trás da letra. Mas cantando ontem... cada palavra, cada verso, tinha um peso muito maior que antes. A história parecia ter se tornado minha. Um despertar pra mim. Uma mensagem ou um aviso... Ou algo bem parecido com isso.
Eu não sou uma pessoa que acredita fielmente no acaso, mas em propósitos. Destino. E eu sinto que o meu, e talvez o nosso, está caminhando conforme foi escrito.
Bom, assim espero.
...
Interrompi minhas divagações quando vi ela se mexer, colocando mais força na mão que estava sobre a minha cintura, apertando o lugar.
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Nosso Nó(s) - Sariette G!P
Fiksi PenggemarNa vida encontramos vários tipos de amor, mas apenas um foi destinado à você. Você vai provar mil beijos, porém apenas em um vai viciar. Podem até fazer o seu coração acelerar, mas apenas um fará ele parar de bater e ainda assim você continuará vive...