(BÔNUS) O segredo do seu pai

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Olá,

Eu sei que o dia dos pais é só no dia 8. Estou postando agora para não atrapalhar a produção do capítulo 33.

Esse capítulo foi baseado no au smartpass ERWIN'S LETTER (https://yusenki.tumblr.com/post/161394228918/au-smartpass-text-erwins-letter). Fiz uma adaptação da carta que o Erwin escreveu.

O bônus se passa no primeiro aniversário da Leona. Vocês lembram que a Hange levou ela para conhecer a Sophie?

Boa leitura. Abraços.

***Esse bônus foi escrito em comemoração ao dia dos pais.

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Leona estava fazendo um ano de vida no sábado. Hange resolveu comemorar na casa de Sophie, a mãe de Erwin. A conversa que tiveram juntas no funeral do comandante ajudou Hange a encarar a verdade que não queria aceitar sobre a gravidez indesejada. Se não fosse por Sophie, talvez os últimos doze meses tivessem sido diferentes.

Leona dormiu nas três primeiras horas da viagem. Ao acordar, transformou a jornada num verdadeiro inferno. Leona não suportava o chacoalhar da carruagem e os cheiros estranhos. Hange passou trabalho para distrair a bebê estressada. Chegaram na casa de Sophie às onze da manhã. Hange pagou duas moedas ao cocheiro para ajuda-la com a bagagem: a mochila enorme de Leona, entupida de produtos infantis, roupas e brinquedos; e a maleta simples da mãe, contendo duas mudas de roupa.

Sophie recebeu Hange com uma saudação carinhosa, mas foi à Leona a quem a senhora Smith dedicou suas mais sinceras demonstrações de afeto. A casa de Sophie era modesta, porém limpa e aconchegante. O sofá da sala era forrado por uma capa de crochê, a qual Hange descobriu ter sido confeccionada pela própria Sophie, pois enquanto conversavam, a senhora de mãos nervosas trabalhava num tapete do mesmo material.

Hange descobriu o nome do pai de Erwin; Richard Smith. Sophie, nostálgica e apaixonada, narrou histórias engraçadas sobre a infância do filho. A senhora falava de Erwin como se o antigo comandante fosse entrar pela porta a qualquer minuto. No fim, suas lembranças sobre o doce garotinho continuavam perenais e límpidas. Ele vivia em sua memória.

Sophie agregava dicas de maternidade às histórias, alertando Hange para se atentar aos vícios comuns a todas as crianças; gula, preguiça, ira e ciúmes. A comandante absorveu três ou quatro conselhos e descartou os outros – alguns eram apenas superstição de gente velha, como por exemplo o aviso para nunca deixar Leona comer manga após beber leite ou vice-e-versa.

Depois do almoço, as duas mulheres aproveitaram a tarde no quintal ensolarado. Em certo momento, as vizinhas de Sophie, senhoras tão idosas quanto ela, vieram conhecer a netinha de quem a professora aposentada tanto falava. Leona ignorou a bajulação, preferindo brincar com os seus bonequinhos.

Voltaram para casa na hora do banho de Leona. Sophie parecia entusiasmada para banhar a neta, pedido este consentido pela mãe da criança. Hange aguardava na soleira da porta, carregando Leona envolta numa toalha felpuda. As janelas e as portas estavam fechadas para reter calor. Sophie provou a água antes de encher a bacia. Hange não se contentou e experimentou a temperatura também.

— Hange, querida. — Começou Sophie no clássico tom professoral. — Eu posso estar velha, mas não estou senil.

— É que a Leona chora se a água estiver muito quente. — Mentiu Hange, sacudindo o braço molhado.

Sophie colocou a bebê na bacia. Leona enxergava a hora do banho como uma grande brincadeira, e logo salpicou água no rosto e na roupa de Sophie. A senhora não se importou. Sophie se encontrava num estado tão exultante de felicidade que infortúnio nenhum a abalaria. Hange, encostada na porta fechada, sorria sem mostrar os dentes.

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