Justiceira

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  - Marinette? - Tikki começava se preocupar seriamente com a garota, que estava há quase uma hora sentada no chão do seu quarto, escorada na parede. Desde que Lukka a deixara plantada na ponte, a kwami não vira a sua portadora esboçar uma única palavra sequer, nem mesmo quando chegou à padaria e seus pais perguntaram a razão da cara dela. Ela só subiu as escadas, fechou o alçapão e se sentou escorada na parede, com os braços pendendo no colo e uma cara de interrogação para o nada; e por mais que Tikki tentasse, a menina não mexera um músculo desde então. - Marinette, tá tudo bem?

- Eu fui uma tonta, Tikki. - a garota sussurrou tão baixo que se a kwami não estivesse em seu ombro não ouviria nem sequer uma palavra.

- Marinette...

- Eu fui tão tonta, Tikki! Todo esse tempo, eu coloquei a escola, meus projetos, meus pais e até salvar Paris em primeiro lugar na minha vida, mas não ele. Ele sempre tinha tempo pra mim, fazia tudo por mim, e o que fazia? Sumia sem a menor explicação! Ele sempre me dando atenção e eu só o colocando de escanteio. Eu magoei ele, Tikki. Ele tem toda razão para terminar comigo... - a heroína só sabia enterrar o rosto em seus joelhos e morrer de raiva de si mesma. Como pode quebrar o coração de um dos meninos mais doces que conhecera?

- Marinette, não seja tão dura com você mesma. Você só se atrapalhou, isso acontece. Afinal, salvar Paris realmente é importante! E você não poderia dizer para ele que é a Ladybug. - a kwami lhe acalentava, fazendo carinho em uma mecha de cabelo de sua maria-chiquinha. Ela sempre lhe ajudava a ver o lado positivo das coisas, não era a toa que ela era a kwami da criação.

- Eu sei, Tikki. Mas eu poderia ter remarcado, cancelado outros compromissos, inventado uma desculpa melhor, sei lá. Eu deveria ter dado mais atenção pra ele, sabe? Pelo menos, assim, ele não ia achar que estou evitando ele...

- Mas agora não tem mais como se voltar atrás. Você precisa levantar e conversar com ele. Você fez algo errado e aprendeu com isso, e isso é o que importa. Agora vocês precisar conversar e pronto. - Tikki falava com um dos maiores sorrisos que a garota jamais vira, só no rostinho daquela criaturinha mágica. - Afinal, ele não só pediu um tempo? Vocês ainda podem ficar juntos.

A resposta da kwami mexeu um pouco com a garota. Tikki tinha o dom de ver o lado positivo em tudo, para ela sempre se tem conserto. E ela, como sempre, estava certa. Marinette sabia que o garoto a ouviria, e não haveria problema nenhum em um pedido de desculpa. Ela sabia que ele a perdoaria, e que os dois estariam juntos em questões de segundos. Mas... será que ele merecia aquilo? Ou melhor, será que ela queria mesmo aquilo?

Antes que ela pudesse ir mais fundo, seu celular vibrou em sua bolsa ainda pendurada em seu braço. Ela pegou o celular e atendeu a chamada de uma ruiva bem familiar.

- Marinette, garota, onde você está?! - Alya perguntava em um tom de bronca que a azulada conhecia bem. A menina bateu a mão contra a testa, o que ela esqueceu dessa vez? - Já estamos na lanchonete! Não me diga que esqueceu!? Já não basta ter esquecido a gente e o pobre do Lukka na ponte de tarde.

- Desculpe. - Ela falou tentando disfarçar a culpa e o desapontamento que surgiram no peito só de ouvir o nome do garoto. Mas a melhor amiga não deixou de notar o tom estranho da garota.

- O que aconteceu, garota?

- Lukka pediu um tempo. - Marinette respondeu quase num murmúrio, e a ruiva ficou quieta por um tempo, até responder num tom mais acolhedor.

- Oh, Mari, sinto muito. Por isso que Juleka não quis vir. Mas o que aconteceu?

- Acho que ele cansou de eu ficar dando gelo nele. - a melancolia na voz da garota fez a ruiva levantar o tom de voz, numa abrupta revolta.

Chat Noir DesaparecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora