Armadilha

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  Chegando ao telhado de onde a Justiceira atirou seu primeiro raio, Ladybug observava a akumatizada entrar na lanchonete que ela e suas amigas frequentam. A heroína tentava entender o que havia acontecido naquele local, que estava com a fachada destruída e cacos de vidro cobrindo o chão. Rezando pra que suas amigas estivessem bem, e tentando entender como parar a akumatizada, a joaninha pegou seu ioiô para ampliar a visão e observar de perto o que acontecia.

 Dentro da loja, os clientes estavam todos encolhidos embaixo das mesas e balcões, com seus lanches espalhados pelo chão. Sempre seguida de uma câmera, a vilã caminhava lentamente em direção a um rapaz ruivo todo engravatado que tropeçava ao tentar escapar de sua arma mortal. Pelo olhar assustado e pela forma que a garota o encarava, a heroína logo percebeu que ele foi o responsável pelo akuma.

- Você vai pagar pelo que fez ao meu irmão, monsieur! - a vilã gritava com o rapaz, que estava encolhido no canto da loja. - Pense duas vezes antes de usar seu poder contra alguém indefeso.

A garota apontou a espada para o rapaz e antes que pudesse atirar, o fio de um ioiô a puxou para o lado, arremessando a arma no chão.

- Acho que você precisa seguir seus próprios conselhos. - a heroína disse da fachada, com seu ioiô agora girando heroicamente, e a loja vibrou de entusiasmo pela sua salvadora.

-  Precisa de uma patinha, joaninha? - um certo gatinho disse, seguido de um miado, ao se posicionar ao seu lado.
Ladybug revirou os olhos, pelo visto o garoto não havia mudado tanto assim. A Justiceira, se aproveitando do momento, arremessou os heróis com uma de suas tranças de encontro a um carro. Já com a espada em mãos, a garota flutuava em sua nuvem avermelhada na direção dos heróis.

- Vocês apareceram mais cedo do que eu esperava. - ela disse, e então apontou a espada na direção deles. - Vou ter que me livrar de vocês primeiro então.

Os heróis pularam em uníssono para cima de um poste, desviando do raio mortal no último segundo. Suspirando de alívio, os dois saltitaram de volta para o chão, agora se defendendo das tranças da akumatizada, que voavam de todas as direções como chicotes.

- Alguém devia prender essa madeixas do mal antes que a gente vire pedra! - Chat disse por trás do seu bastão, num tentativa de piada que fez a sua parceira revirar novamente os olhos. - Pedra, entendeu? Tipo a Medusa.

- Que tal virar pó! - Chat se arrependeu da piada assim que a Justiceira gritou em resposta e seus raios e as tranças ricocheteavam em todas as direções ao seu redor. Ladybug, porém, pulara para o topo de um prédio e assistia de cima o menino sendo arremessado, de forma cômica, contra os prédios como uma bola de pingue-pongue. Quando ele caiu numa árvore, a heroína lançou seu ioiô e resgatou o gatinho no último instante de um raio mortal, o jogando para cima do telhado.

 Ao olhar ao redor, a heroína viu que a rua estava cheia de pessoas e que destroços caiam por toda a parte. Alguns pedaços de reboco e cacos de vidro pendiam onde costumavam ficar fixos, ameaçando cair a qualquer instante. A supervilã estava colocando todos eles em risco.

- Chat, precisamos levá-la para um lugar mais isolado. - a garota dissera, mas Chat Noir ainda estava meio zonzo no chão. - Chat?

- Tô bem, tô bem. - o herói murmurou e procurou ao redor para responder a sua joaninha, apesar do mundo ainda girar ao seu redor. - Local isolado, não é? Hum... Que tal lá?! 

 A joaninha acompanhou os dedos dele em direção a Torre Eiffel, que estava fechada naquela tarde para um evento particular que só começaria a noite. Isolada, vazia e ampla. Perfeita.

- Ótima ideia, Gatinho. - Ela disse, balançando seu sino com o dedo. O herói olhou para o lado para que ela não o visse corar com aquele gesto, antes de se levantar e começarem a pular pelos telhados em direção a torre.
- Tudo de acordo com o plano, Hawk Moth. - Justiceira falava para sua máscara roxa que flutuava sobre seus olhos, com um olhar malicioso.

***

  Ao chegar na torre Eiffel, nossos heróis se esconderam na estrutura metálica do ponto turístico, esperando a Justiceira alcançá-los. Ladybug havia elaborado um plano para parar a akumatizada, e eles só precisavam esperar a garota chegar para colocá-lo em ação. Apesar de o plano ainda parecer confuso para o gatinho, ele aprendera a não questionar. Não porque ela não o ouvisse, mas porque sua confiança nela nunca falhou, mesmo que às vezes tudo desse errado. Ladybug sempre estava ali para salvar o dia e Chat também. Ele a viu de canto de olho confiante olhando para baixo e tinha certeza que, mesmo se o plano falhasse, tudo iria acabar bem. Era preciso apenas esperar. 

 Durante os poucos minutos de espera, Chat sentiu como se um par de olhos os observassem de cima. O garoto olhou ao redor, se perguntando se a vilã já os havia alcançado ou armado uma emboscada, mas não viu nada. Ladybug também havia percebido, mas pensou que fosse a amiga Alya, filmando para o Ladyblog, e deixou pra lá. A sensação de serem vigiados não passou durante os minutos que se seguiram, mas assim que ele pensou em mencionar algo para sua parceira, a Justiceira apareceu, com a câmera ainda em seu encalço. Aquela sensação, o que quer que significasse, teria que esperar. Estava na hora de colocar o plano em ação.

 Assim que a supervilã se posicionou embaixo da torre, Chat Noir arremessou seu bastão, derrubando-a no chão. Com a vilã desorientada e caída no chão, Ladybug a puxou pela cintura com o ioiô e arremessou no andar de cima da torre. Só faltava quebrar a espada, onde o akuma estava, e tudo estaria resolvido.

 Quando a nossa heroína pegou a espada com seu ioiô para acabar com a batalha, uma trança da Justiceira derrubou a joaninha do seu esconderijo, fazendo a arma voar pelos ares e cair direto em suas mãos.

 Com um raio mortal vindo em sua direção, a garota estaria perdida se o gatinho não tivesse aparecido e ricocheteado o raio com seu bastão. A sensação de estar sendo vigiado aumentou ao ver um movimento atrás da akumatizada, mas eles não podiam se distrair agora. O plano não tinha ido muito bem, eles precisavam focar em bolar outro plano e impedir a inimiga atual. Quem quer que estivesse se escondendo teria que esperar. 

 O rapaz, então, partiu para o ataque, o que garantiu a Ladybug tempo suficiente para ativar seu talismã. Olhando em volta para ver como poderia utilizar a ferradura vermelha e preta que caíra em suas mãos, a joaninha se encontrava totalmente dispersa do que acontecia a poucos metros de sua cabeça. Mas Chat conseguiu ver quando Hawk Moth lançou seu bastão em direção da heroína.

 Com um chute, o herói nocauteou a akumatizada, o que a distraiu por tempo suficiente para poder saltar em direção da joaninha e tirá-la da mira do bastão. Porém o garoto calculou mal o salto, o que o fez cair de cabeça no chão, inconsciente.

 Quando Ladybug percebeu o rapaz desacordado, gritou pelo parceiro e se levantou num salto para socorrê-lo. Mas assim que seus pés tocaram o chão, a garota ouviu um clique sobre o seu pé esquerdo. Na mesma hora, ela levantou o pé. No chão, havia um minúsculo círculo prata afundado, como um botão que acabara de ser apertado. Aquilo não era normal. Só aí que a garota viu Hawk Moth entre as ferragens da Torre Eiffel, com um olhar malicioso estampado no rosto. Era uma emboscada.

 Como se tivesse esperando pelo momento ideal, o chão começou a chacoalhar e linhas foram formando um quadrado ao redor do gatinho desacordado. Desesperada, a joaninha tentou correr, mas o chão se abriu como um alçapão, levando o garoto. Hawk Moth pulou no buraco que se abrira e, quando nossa heroína estava prestes a fazer o mesmo, o chão se fechou, separando os dois.

 Numa atitude totalmente guiada pelo desespero, Ladybug esmurrou inutilmente o chão, enquanto gritava pelo garoto. Quando a derrota lhe atingiu o peito, a joaninha deixou as lágrimas que estavam em seus olhos caírem e se embriagou nos soluços. Ela havia falhado. Eles levaram Chat.

Chat Noir DesaparecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora