Capítulo 3

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Acordo com o cheiro forte de café vindo da cozinha, o sol parecia brilhar mais do que o sol de Nova York. Quando chego no local de onde vem o cheiro, vejo Timothée fazendo o café da manhã. 

- Finalmente você acordou! 

- Sim! Bom dia. - Dou um beijo na sua bochecha e me sento na cadeira 

- Quer café? - Timothée pega uma caneca para mim

- Com certeza, você sabe, eu só começo o dia com café. 

- Então aqui vai! - Diz enquanto me serve a bebida 

- Obrigada. 

- Faz um tempinho... 

- Faz um tempinho o que? 

- Um tempinho que a gente transou daquele jeito. 

- Eu não vi nenhuma diferença. 

- Eu presto atenção nos detalhes, tipo só fazíamos, só eu gozava e tudo acabava! Isso já vem acontecendo desde do ano passado. 

- E isso leva a que pensamento? 

- Que demos uma melhorada na nossa relação! 

- ...Enfim! Estou pensando em comprar lavandas e rosas para plantar na varanda, o que acha? 

- Podemos ir agora e a gente aproveita e conhecemos a cidade. 

- Adorei sua ideia! 

Tomo meu café, faço minha higiene, visto uma camisa branca, uma jardineira jeans, meu all star amarelo, finalizo com alguns anéis e meus óculos escuros. Pegamos nossas bicicletas e fomos para o Marché Aux Fleurs  Cours Saleya comprar as flores, essa parte do Cours Saleya é mais puxado para jardinagem. 

- Aqui tem muitas flores! 

- É mesmo. 

- O que acha dessas margaridas ao invés dessas rosas? 

- Merda...- Ele olha para o outro lado de uma barraca - Christian Saint-Claire está aqui. 

Christian Saint-Claire é um escritor como Timothée, ambos tem a mesma forma de escrita. Timothée o odeia porque ele diz que o mesmo o copia e não tem vontade de escrever algo vindo dele, o que o deixa mais intrigado de sua pessoa é que quando lançou seu segundo livro "Cidade azul, onde o neon há luxúria" o livro " 5 Palavras no escuro" do Saint-Claire ganhou dele no prêmio de melhor livro considerado pelo o New York times. Quando se encontram ficam se provocando querendo provocar uma briga. 

- Parece que ele está vindo em nossa direção. 

- O que eu fiz para merecer isso! 

- Chalamet! - Christian chega 

- Oi Christian. 

- Está em Nice também? 

- Não, eu estou na casa da sua mãe. - Timothée diz de forma sarcástica

- Ah! Como você é engraçado. Deveria ter se tornado um humorista do que um escritor, acho que sua namorada concorda! - Christian olha para mim - Senti sua falta no último prêmio. 

- É mesmo? 

- Sim, Timothée você deveria ver quem ganhou, na verdade já está olhando para o vitorioso aqui. 

- Legal. 

- Soube que pretende voltar a escrever, faz dois anos que ninguém lembra da sua carinha linda nas editoras e críticas. Já estou indo foi bom ver você, amigo. 

Christian sai, como uma pessoa pode ser tão irritante. Chegar em uma pessoa e falar dessa forma é chato demais e faz perder a paciência.

- Podemos comprar as flores logo? Quero voltar para casa, não consigo ficar no mesmo lugar de gente cuzona.

- Tudo bem. 

Decidi levar as margaridas e lavandas, ele parecia se sentir insultado com as palavras de Christian. Assim que chegamos no apartamento, ele pega um caderno, caneta e outras folhas de rascunhos o jogando em cima da mesa. 

- Você sabe onde está aquela garrafa de Jack ou a de conhaque? - Ele pergunta abrindo os armários

- Eu não acredito que você só tá fazendo isso por conta do Saint-Claire. 

- Aquele seboso, desgraçado e filho de uma mãe tinha que piorar meu dia! AH! QUE ÓDIO! - Timothée acha a garrafa de conhaque, pega um copo e vai se sentar - Quem é que ele acha que é!? "Deveria ter se tornado um humorista do que escritor!" Vai pra merda Christian! 

- Você precisa se conter! O mundo não vai acabar. 

- Ele me insultou de uma forma...Quer saber, vamos começar a escrever. - Ele coloca o conhaque no copo e dá um gole - Vou pelo menos transforma ódio em escrita. 

- Timothée.

- Eu vou criar a melhor história que vou fazer o merdinha do Saint-Claire quebrar a cara quando ler, isso eu juro. Só não quebrava a cara dele lá porque eu sou uma pessoa com senso e ele não.

- Timothée pelo amor de Deus... 

- Ah! Como ele vai se arrepender de ter falado daquela forma comigo, vai se arrepender bastante!

- TIMOTHÉE! Porra! Você precisa se acalmar, o Christian foi um cuzão do cacete, mas isso já é demais, não precisa disso para escrever logo. 

- Essa foi a razão de eu ter vindo. É o meu objetivo, se não foi por isso, para o que eu vim fazer aqui? 

- Pensei que foi por mim. - Começo sentir uma angústia

- É claro que foi. Eu agradeço tanto por querer me ajudar nisso, mas é que depois dessa história do Christian me tirou bastante do sério, desculpa. 

- Tudo bem. 

- Realmente, me desculpa. - Ele pega na minha mão e a beija como pedido de desculpas 

- Eu aceito suas desculpas. 

- Bom, já que estou aqui, vou tentar ver se saí algo bom para se chamar de livro. 

- Ok, eu vou plantar as flores. 

Enquanto fiquei trabalhando nas flores, só ouvia os rasgões das folhas de caderno e alguns balbucios baixos de palavras para se encaixar nas ideias. Depois de um tempo os rasgões foram parando e parece que ele conseguiu ter uma ideia boa.

The lovers (Timothée Chalamet)Onde histórias criam vida. Descubra agora