Capítulo 4

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Na manhã de agora, o céu estava mais aberto, um azul mais limpo sem as nuvens que simulam o algodão. Como ontem, Timothée acordou mais cedo. Dessa vez sem fazer o café e sim se no banheiro, quando entro para ver o que está fazendo o vejo dentro da banheira tomando um banho de espuma, fumando um cigarro e escrevendo.

- Bom dia? - Pergunto

- Bom dia!

- Você só vive acordando cedo, não é?

- Na verdade só acordei uns 17 minutos antes de você. - Ele olha o relógio na parede - Olha isso que eu tô escrevendo desde ontem. - Timothée me entrega o caderno

- Ok, vamos ver.

" Dave Winters é o meu nome, um jornalista viciado em entorpecentes, não me sinto só pois tenho a Marie. Com o que o qual posso lhe dar uma definição para sua personalidade forte que a faz parecer ter um coração de pedra. Apesar de que na Califórnia pareça ser uma grande diversão, nem tudo parece ser flores. Toda minha história será comigo sentado na praia de Venice. Que clichê...falando de minha vida de forma dramática. Conheci Marie há 6 anos, eu terminei de ser promovido, ela era divorciada com dois filhos, quando olhou para mim e já notou-se que eu tinha problemas de solidão. Tenho 52 anos e faz 6 anos que não vou para a cama com uma mulher. "

- Achei inovador. - Digo lhe entregando o caderno

- Inovador como ?

- Esse seu novo alter-ego não é um solteirão de quarenta e poucos anos que bebe até morrer em Nova York. Esse Dave é diferente, ele sabe que está sendo dramático e saiu um pouco do cenário comum de seus livros, agora mostra a realidade da Califórnia.

- Meus fãs vão me odiar!

- Eles não vão, e o Saint-Claire vai sentir inveja quando ler.

- Jura?

- Sim! Com certeza.

- Eu estou pensando em umas partes usar uma narrativa poética.

- Vai combinar muito, bom esse Dave Winters me fez lembrar de Henry Chinaski.

- Dos livros do Bukowski ?

- É claro que sim.

- Me senti lisonjeado por conta de ter dito isso. - Ele dá um trago no cigarro - Esse cara é uma lenda.

- Deve continuar com essa ideia, acho que tem uma boa capacidade.

- Eu aprecio muito o talento de você ficar elogiando sabendo que está uma merda.

- Desde quando isso está uma merda?

- É claro que está horrível, como vou publicar uma coisa dessas?!

- Está bom! É porque só sente inseguro.

- Talvez seja isso o meu problema.

- Quer ir sair hoje para caminhar na praia?

- Hoje não, vou tentar focar nessa história que eu criei.

- Tudo bem.

Me arrumo para ir andar de bicicleta pela o calçadão da praia, eu entendo que ele quer um tempo para poder criar uma história, se eu estivesse no lugar dele eu teria um comprometimento á escrever.

- Timothée eu já estou indo! Volto mais tarde! - Digo abrindo a porta e saindo

- Ok, se cuida.

Começo meu caminho pela a Riviera francesa por uma volta no Passeio dos ingleses, depois olhando algumas coisas no Musée des Beux Arts de Nice, a seguir tomando um sorvete na Plage des Mariniers. Esse passeio cada vez me surpreende, era algo novo do que Nova York, foi como sair de uma jaula de concreto e ir para mundo aberto, enquanto ando pelo o Cours Saleya vejo uma coisa que fazia barulhos dentro de uma caixa, eram barulhos fininhos, mas altos, quando me aproximo, era um filhote de gato miando! Ele era tão fofo! Parecia ser um bebezinho frágil de poucos meses, ele tremia de frio, se sentia perdido. Sua pelagem era negra como o céu nas altas horas da noite, muitas pessoas tem preconceito com gatos dessa cor, não há nenhum problema nisso! Gatos são gatos. JÁ SEI! Por que não levar ele? Vai ser divertido ter um gato, posso comprar os suprimentos que precisa!

- Ah! Olá rapazinho! - Pego ele e envolvo em meus braços - Você vem comigo!

Com o gato comigo, procuro um pet shop mais próximo e compro as tigelinhas, a caixa de areia e areia, vai ser muito legal ter um animalzinho de estimação, volto para casa ansiosa para mostrar o gatinho á Timothée.

- Timothée? - Abro a porta e entro no apartamento

- Sim?- Ele estava na varanda escrevendo

- Eu estava no Cours Saleya e encontrei isso! - Mostro o gato é ele

- UM GATO!?

- SIM! Ele estava dentro de uma caixinha miando eu achei ele fofinho e trouxe.

- Você avisa que trouxe um gato, mas sem ver o que ele precisa, nem todo animal é fácil de criar!

- Eu sei! Mas eu já comprei a caixinha de areia dele, por acaso tem algo contra ele ?

- Sim, porque depois você vai ficar dando mais atenção ao gato do que para mim!

- Está com ciúmes de um gato?

- Talvez...

- Se fosse um humano eu entenderia, mas é um gato! - Começo a rir - Depois vocês vão virar grandes amigos quando eu estiver fora.

- Duvido bastante de isso acontecer.

- Não fique com raiva do pequeno...pequeno...DROGA! Ele não tem nome!

- Se vire para dar um nome á ele.

- Que tal Sebastian?

- Desde quando existem gatos com esse nome?

- Sei lá, desde agora?

- Tudo bem, vou tentar virar amigo desse gato.

- EBA! Vocês se darão bem!

Sebastian conquistou o meu coração, espero que ele se acostume com a nova casa. Passei a tarde inteira observando tudo que ele fazia, era a coisa mais fofinha o gatinho de pelos escuros e olhos esverdeados.

The lovers (Timothée Chalamet)Onde histórias criam vida. Descubra agora