Baluarte da Alma 2

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Capítulo 2

Aos poucos um novo dia surge; a rotina da cidade atípica da baixa temporada deixa de existir. As pessoas correm pela orla, o sol rapidamente ganha predominância. Os comerciantes trabalhando, os garis terminando os seus trabalhos; a sensação térmica estando alta promove o consumo de muito líquido. As crianças brincando na praia, mas entre todos os banhistas uma mulher com aparência quase melancólica procura aos gritos o seu filho. Os turistas ficam de longe observando aquela cena. Rapidamente um salva-vidas se aproxima e por um longo tempo conversa com aquela mulher.

A mulher é conduzida até um posto da polícia militar. Um oficial da polícia olhando para o salva-vidas sem conseguir entender absolutamente nada pergunta à mulher:

- Quem você procura?!

- O meu filho, vocês o viram por aqui?! – Demonstrando desespero imenso.

- Não, e quando ele desapareceu? – Pergunta o policial.

A mulher se levanta, perambula de um lado a outro deixando as pessoas que estavam no posto nervosos. Ela não demonstra afinidade em querer ficar sentada, por várias vezes seguidas empurra o policial gritando "eu quero, meu filho" histericamente. Segundo policial se aproxima e pergunta à mulher:

- Nós vamos encontrá-lo para a senhora...

A mulher olha para o segundo policial e comenta:

- Mas se não levar para casa agora, ele não irá perdoar...

Os dois policiais trocam olhares inquietantes e o segundo policial pergunta:

- E quem seria ele?

A mulher olha para o segundo policial com seus olhos cheios de lágrimas, responde:

- Ele está em todos os cantos, nos observando, nos vigiando... se não fizer o que ele pede somos punidos – com uma voz tremula.

O segundo policial demonstrando um olhar de incompreensão olha para seu parceiro perguntando "o que faremos?", seu parceiro dá de ombros deixando claro não saber o que fazer nesse momento. Um dos policiais pega seu celular, e realiza uma ligação chamando para enviarem uma ambulância. A mulher ainda agitada deixando o seu parceiro quase sem saída. Após de alguns minutos os paramédicos chegam, e com maior cuidado injetam um tranquilizante, rapidamente a mulher desmaia. Os enfermeiros colocam-na maca, e ao ser levada para ambulância alguns curiosos ficam encarando aquela cena com olhares assustados.

Renato Maciel chega na delegacia central, há um movimento regular de pessoas, ele caminha pelo corredor até chegar à sua sala, colocando as suas coisas sobre a mesa o seu parceiro entra segurando um copo de café e diz:

- O delegado quer falar contigo.

Renato Maciel consente com sua cabeça, escondendo seu sorriso malicioso pega o copo do seu parceiro, toma um gole demonstrando um olhar dizendo 'eu sei o que irá acontecer', e devolve o copo. O seu parceiro sem conseguir entender aquele olhar toma um gole de café. O seu parceiro entra na sala do delegado, que estava fumando um cigarro, ele é um homem corpulento, de olhos castanhos escuros, moreno, uma fala pesada e carregada faz sinal com suas mãos ordenando que se sentasse à mesa. Ao dar uma tragada em seu cigarro diz:

- Você tem um defunto que precisa ser identificado... e a criança onde está? É necessário identificar os pais dessa criança para poder entender o porquê do encontro inusitado – dá mais uma tragada em seu cigarro – e nós precisamos pôr as nossas energias nessa investigação.

- Sim, senhor – responde Renato Maciel – a criança está num lugar seguro. Ele é mudo.

O delegado faz sinal com suas mãos ordenando que saia da sua sala, assim que Renato Maciel se levanta, recebe um documento do delegado, ao abrir o envelope nota algo de estranho e comenta:

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