Capítulo 4
A assistente social estaciona o seu carro num canto do estacionamento, ela sente fortes calafrios quando observa o prédio do orfanato. Ele tem uma aparência triste e macabra ao mesmo tempo, no pátio do estacionamento há algumas árvores quase sem folhas, nela se apresenta a sensação da morte percorrendo as suas veias como um veneno corrompendo as suas células. Sobe as escadarias, há algumas folhas secas espalhadas ao longo da escadaria. A freira abre as portas de madeira, o interior da construção a sensação macabra se torna mais evidente à noite, na ânsia de querer expressar os seus sentimentos diz:
— Eu não me acostumo vindo aqui – num tom carregado de medo.
A freira expressa um sorriso quase cínico. As duas sobem a escadaria dando acesso ao segundo piso, e com alguns metros entram no gabinete da freira. O escritório é mobiliado com móveis antigos, na parede atrás da mesa dela tem o Cristo crucificado. Como de costume tira o telefone do gancho, com um gesto de suas mãos pede para assistente social sentar-se à sua mesa. Após de alguns minutos de silêncio que aparecia ser uma eternidade, a freira diz:
— Ainda não conseguimos encontrar os familiares daquele menino..., mas não pedi para vir aqui por causa dele, mas sim – ela entrega um documento – é necessário tomar decisões plausíveis sobre as questões daquele menino...
— Mas por quê? – Questiona a assistente social.
A freira sentando-se à sua mesa com um olhar carregado de cinismo comenta:
— As coisas são assim. Nós temos que apresentar que foi esgotado todas as oportunidades em encontrar os familiares.
A assistente social demonstra um olhar de não concordância com as argumentações proferidas pela freira. E apresenta seus argumentos:
— Mas o menino fugiu, e vocês comunicaram à polícia para realizar a procura? Pelo jeito que nem se incomodaram em realizar essa comunicação... ela encontrou um corpo na praia.
A freira pega um cigarro, após de acender e dá forte tragada, ao colocar o cigarro no cinzeiro comenta:
— E você, menina, acha que as investigações irão apontar para algum criminoso? E tudo isso que estás fazendo não vai acabar em nada.
— Estou fazendo tudo o que está em minhas mãos... – comenta a assistente social – mas porque estou aqui? – Questiona a assistente social.
— Para assinar esse documento, assumindo que todas as possibilidades foram esgotadas... assim nos desobrigamos de qualquer responsabilidade sobre os assuntos dessa situação que você permitiu em criar... – comenta a freira.
A assistente social demonstrando revolta, seu olhar fica centrado nas palavras escritas naquele papel timbrado com o símbolo do orfanato. Sem dizer absolutamente nada, balança negativamente a sua cabeça, devolve aquele documento sem ter assinado, se levanta, e diz à freira:
— Eu não posso assinar, eu não posso fazer isso comigo mesma... – sai do gabinete deixando a feira sozinha.
A freira pega o documento, coloca dentro de uma gaveta assim que a assistente social fecha a porta. Ela recoloca o telefone no gancho, pega seu celular e envia uma mensagem "ela não assinou o documento". O destinatário saindo do chuveiro, se direciona para seu quarto quando a sua esposa lhe entrega o celular, ele faz a leitura da mensagem exibindo um olhar de não gostar. A sua esposa sem preocupar com absolutamente nada escolhe uma roupa, se veste quando seu marido envia uma mensagem "Benjamim, precisamos conversar".
"Vamos marcar um encontro com as nossas famílias, assim poderemos tratar de alguns assuntos pendentes" responde Benjamim entrando em seu carro. Ao colocar seu celular na porta—trecos comenta à sua esposa:
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Baluarte da alma
General FictionMarvin, uma criança autista e deficiente auditivo, encontra um corpo na praia. Renato Maciel ao longo da investigação se depara com grandes dilemas, levando à muitos caminhos que num momento terá que decisões que podem mudar a sua vida pessoal e pro...