C A P Í T U L O 02

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     A neve é tão bonita

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     A neve é tão bonita...

     Tão branca e pura. Tão intensa e delicada, suave na brisa. O quão belo é o contraste da neve com cores vivas? A neve e o vermelho cintilante... tão belo e delicado. Mas tão intenso e devastador.

     Como uma rosa solitária ao frio extremo.

     Eu me pergunto; quantas pessoas nesse mundo reparam nessa beleza? Eu não tenho essa resposta, mas sei que já existiu alguém que não apenas contemplava o encanto perigoso da nevasca, mas que era tão bela quanto.

     Quem não a conhece, na verdade?

     Ela nasceu a mais de mil anos atrás, décadas após o cometa vermelho; Sangue iria chover. Mas de onde, exatamente?

     Como toda criatura de carne, ela nasceu do sangue na maior nevasca que seu reino conheceu. O frio devastador tirou a vida de sua mãe e marcou o destino daquela menina que logo tornou-se uma mulher.

     A pele com a suavidade de uma rosa que representa firmemente a cor de seus lábios, olhos tão negros quanto o carvão e cabelos escuros como o céu sem estrelas. Não apenas a mais gentil, mas também a mais bela do reino.

     O clichê de um livro.

     Mas a vida é cruel e a inveja ameaçava destruí-la. A garota era a sétima filha de um rei e encontrava-se aos seus 18 anos quando foi prometida a casamento ao príncipe romeno. Do mesmo reino de Ella. Uma terra, cujo desespero era tão grande que mandou sete virgens para a floresta em plena lua cheia.

     Nenhuma retornou.

     Mas era para isso que Dulce, a princesa, estava a caminho. Não era uma heroína, pelo contrário, apenas o símbolo de uma aliança. Uma vagina e um útero. Era para isso que mulheres serviam; para ser uma cadela submissa de obediência, sexo, procriação e babá. Ou talvez ainda sejam…

     Não existe muito respeito por elas em pleno século XXI, então a mais de mil anos atrás, com certeza era certo os olhos humanos mandarem a princesa para um casório opressor e arranjado. E Dulce não contestou. Tudo que poderia fazer dentro da carruagem era se aquecer observar a paisagem.

     O ápice de inverno lhe trazia paz. E pelos fechos da cortina que mantinha a escuridão, a luz entrava e iluminava seu sorriso inocente. Como os flocos de neve dançavam sobre a brisa, rodopiando e acumulando-se como um manto espeço e grosso sobre as árvores e o chão.

     O frio lhe trazia também felicidade. Dulce sempre foi atraída pelo calor como o lindo sol erradiando luz no horizonte; era um dourado tímido. No entanto, era no frio que sentia-se... livre longe de todas as amarras da sociedade machista e da religião abusiva da época.

     Sua mãe morreu por não suportar o frio da noite em que deu-lhe vida. Seu povo sempre dizia-lhe que, talvez por isso, o inverno combinava com ela. Sua lindeza parecia sempre mais realçada e seus olhos brilhavam em felicidade. Talvez a alma de sua genitora estivesse naqueles ventos congelantes a protegendo.

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