C A P Í T U L O 04

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     Dulce estava determinada a não dizer uma palavra

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     Dulce estava determinada a não dizer uma palavra. Não ousava perguntar o que estava acontecendo, para onde iria e, o mais importante: o que fariam com ela.

    Seu silêncio era estranho e a atitude, calma. Isso de alguma forma incomodava os humanos que, de alguma forma, queriam vê-la se estapear, lutar contra aquelas cordas apertando seu pulso e questionar para onde iriam.

    Mas a garota apenas passou seus olhos negros ao arredor, para as árvores, o chão branco e imaginou animais pastando ou lobos procurando comida. Talvez um urso, apesar da hibernação.

     Super comum num sequestro, não?

— Vamos! — O bárbaro a puxou com brusquidão, como se ela estivesse andando devagar. Mas o humano só queria vê-la cair para rir de sua cara.

    Foi o que houve. Dulce se enroscou nos próprios pés e caiu rente a uma árvore. Assustada, ouviu a risada grossa dos vikings e silenciosamente perguntou-se porque eles estavam ali invés de sua terra, seja lá qual for?

     Eles tinham resquício do mar, a pele de um pirata e os ornamentos de saqueadores. Eram… baixos para um guerreiro e ao contrário do que as histórias diziam, todos com exceção de alguns tinham cabelos escuros, longos e presos em suas tranças, rabo de cavalo ou parcialmente solto.

— Ouvi que vocês verejavam — comentou a humana. Os machos imediatamente pararam de falar e analisaram bem a garotinha nem um pouco assustada.

    Por que tão calma? Ela ficava lindamente gostosa daquele modo, perceberam. Cabelos negros, olhos escuros e a pele tão clarinha como o leite e a neve.

— Ouvi que em terra também havia bestas — então, lá estava Dulce sendo arrastada pelos bárbaros cada vez mais fundo na floresta onde a copa das árvores tornava-se densa e escura. Onde a neve era forte na copa das árvores e o chão escorregadio.

    Bestas. No seu mundo, há histórias sobre eles. Homens que se transformam em feras, belíssimas mulheres que atraem homens para o abate com seu lindo canto, bruxas que trazem doenças e desafiam a igreja. Mas os vikings… que tipo de criatura os afugentou para a terra?

— Sereias? — Seus pensamentos saíram pela boca antes que se desse conta.

    O homem bufou e, com raiva, amordaçou aquela linda boquinha rubrosa. Assim prosseguiu com o silêncio e o andar ainda tranquilo da garota.

     Mas que culpa havia ela de que eles estavam assustados ao invés dela? Ela notava em como eles olhavam ao redor — precisamente mais para cima — e como as armas estavam prontas para serem sacadas. Não duvido que a abandonassem a própria sorte se um bicho papão aparecesse.

    Super normal, não?

    Mas eles tinham seus motivos. Embarcações destruídas, centenas de histórias com milhares de mortos. Criaturas vindo das profundezas dos oceanos e também dos céus.

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