Destinados

1° Capítulo

"Porque a vida é fugaz, tão veloz, tão passageira. A gente sofre demais por bobagens, por besteira. Tudo um dia se desfaz mesmo que queira ou não queira. Importa é viver em paz, pois quando olhamos para trás, lá se foi a vida inteira..." 

— Jenário de Fátima.

1° Capítulo:

Kenma observou a mulher se aproximar de si calmamente, ela olhou para o soro conectado em seu braço antes de sorrir. 

— Em breve irei aqui te ver novamente para tirar o soro, por enquanto você pode descansar — a enfermeira pegou uma espécie de caderneta em cima da mesa e saiu da sala. 

Lá estava ele, sozinho novamente, já era algo normal desde o dia em que acordou do coma. Era tudo muito estranho, quando acordou a três dias atrás, as luzes claras do ambiente incomodaram seus olhos de imediato, a confusão era óbvia em sua face. 

Observou a porta do quarto ser aberta novamente, dessa vez, era um garoto alto de cabelos escuros, o mesmo garoto que estava presente na sala quando acordou. 

— Hey — acenou ao entrar. — Como você está? 

— Bem, mas confesso que estou um pouco confuso com tudo isso. 

— Era de se esperar, você sofreu um acidente muito grave, mas se quiser eu posso tentar esclarecer algumas coisas para você, o que acha? — perguntou, arqueando uma sobrancelha. 

— Pode ser — concordei, acenando com a cabeça. 

Ele se aproximou da maca e se sentou em um pequeno sofá ao lado. 

— O que quer saber? 

— Primeiramente, quem é você? 

O garoto pareceu desconfortável ao ouvir a pergunta, e antes de respondê-la, ele deu um longo suspiro de angústia. 

— Sou Kuroo Tetsurou — o moreno levantou a cabeça encarando-o diretamente. Era uma encarada profunda, recheada de sentimentos. 

Kenma pov's 

Para quem não está entendendo nada, irei dar uma breve explicação. Me chamo Kozume Kenma, ou pelo menos foi o que me disseram, três dias atrás eu acordei em uma maca de hospital. Não me lembrava de nada, não lembrava do meu nome, minha idade, meus parentes, amigos, ou o que eu estava fazendo lá. Absolutamente nada. 

Os médicos explicaram que eu havia sofrido um grave acidente de carro, e como consequência disso, acabei por perder a memória temporariamente. A causa da minha perca de memória foi por conta da desaceleração no momento da colisão, fez com que o meu cérebro fosse jogado violentamente para frente e para trás e acabou por se chocar com a parte óssea da cabeça.

Falaram que eu iria ficar assim temporariamente, porém não me disseram até quando isso vai durar, se vai ser até amanhã, ou daqui a alguns anos. As memórias são a base das pessoas, são elas que fornecem as lembranças felizes e tristes, uma pessoa sem lembranças, é uma pessoa sem vida. 

Para muitos, isso seria uma coisa boa, já que esquecemos de todos os momentos tristes e angustiantes que passamos ao longo de nossa trajetória aqui na terra, porém para mim, é algo ruim, já que esquecemos de tudo, todos os momentos. Por mais que lembrar de coisas tristes sejam difíceis, são elas que nos fazem amadurecer mentalmente, são elas que nos fazem superar e seguir em frente. 

E no estado em que eu me encontrava, eu estava sem nada. 

Olhei para o moreno que se apresentou como Kuroo e resolvi fazer mais perguntas. Os médicos explicaram que eu teria que ir com calma com as questões, pois muita informação ao mesmo tempo poderia ser prejudicial, mas creio eu que uma ou duas perguntas não vá fazer mal.