6° Capítulo

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"Quero lhe dizer em meu último suspiro, que sempre te amei".

— Wang Dulu.

Capítulo 6° -

Acordei com o sol batendo em meu rosto, aparentemente, adormeci mexendo em minhas redes sociais e acabei esquecendo de fechar as cortinas. Me levantei ainda meio zonzo, olhei para o relógio que se encontrava na mesinha de canto e reparei que ainda não passavam das 09:00 da manhã. Enquanto caminhava em direção ao banheiro que ficava em meu quarto, fiquei estático quando ouvi um barulho, que provavelmente, vinha da cozinha, já que o barulho era de uma panela caindo. Franzi a testa, quem estaria em meu apartamento literalmente às 09:00 da manhã? Meus pais que provavelmente não eram.

Abri a porta do quarto e caminhei para o local do barulho, encontrando algumas luzes acesas e um ruído de algo sendo ligado no fogo, entrei na cozinha e me deparei com Kuroo, mexendo em meu fogão. Que, com o barulho do meu andado, acabou se virando e se deparando comigo.

— Hey Kenma, eu te acordei? Sinto muito por isso, a panela acabou escorregando da minha mão — falou, sorrindo em minha direção.

— Hm, não tem problema — murmurei. — Como você sabia que eu já tinha sido liberado do hospital?

— Ah, sua mãe me contou, ela me avisou para ficar de olho em você, aliás, as panquecas estão quase prontas, vá terminar de se arruma e se sente para comer.

— Ok... 

Ainda meio surpreso com a presença de Kuroo, voltei para o quarto para finalmente, usar o banheiro e terminar de me trocar. Ao terminar meus afazeres, andei em direção a cozinha novamente, encontrando a mesa já feita e panquecas empilhadas em um prato.

— Pronto, sente-se e vamos comer, Kenma — disse Kuroo.

— Era você quem vinha aqui arrumar as coisas do Pudding enquanto eu estava fora? — perguntei, me sentando para comer.

— Sim, eu sabia que após o acidente Pudding iria precisar de cuidados e como eu tenho a chave do seu apartamento, tomei liberdade para vir aqui.

— Entendi, muito obrigado.

— Não há de que — sorriu. — E as panquecas, estão boas? Sinto que deixei algumas passar do ponto.

— Estão boas sim, você não vai se sentar para comer?

— Não, eu já comi.

— Ah.

[...]

Kuroo? — o chamei, vendo-o prestar atenção em mim.

— Sim, Kenma?

— Posso te fazer algumas perguntas? — questionei, hesitante.

— Um, ok, mas que tipo de perguntas?

— Tem a ver comigo antes do meu acidente.

— Ah, bom, acho que eu posso responder algumas sim — disse, dando de ombros. — Quais são as perguntas?

— Como eu era antes? Eu tinha alguma namorada ou algo do tipo?

— Sinceramente Kenma, você não costumava se interessar por garotas não, se é que me entende.

— Espera, então eu sou...

— Gay? É, totalmente gay.

— Ah... — suspirei, surpreso. — De qualquer forma, isso não me impressiona muito. Eu também queria muito saber outra coisa, qual foi o motivo da briga com o meu pai? Quer dizer, foi tão sério assim?

— Sim, foi bem sério, mas não acho que eu deva te dizer os detalhes, Kenma.

— Pro favor Kuroo, eu imploro, estou querendo saber qual o motivo dessa briga a dias!

— Tudo bem, eu te digo — falou hesitante. — Isso foi a um tempo já, você ainda morava na casa dos seus pais na época. Bom, como eu te disse, você é gay e seu pai não concorda muito com isso, não exagerando, mas seu pai é um baita homofóbico! Por conta disso, você escondia sua sexualidade da sua família, acontece que você acabou se apaixonando por um cara. Em um dia, você estava conversando comigo sobre ele em chamada quando seus pais estavam trabalhando, a parte ruim é que seu pai chegou mais cedo e acabou ouvindo a nossa conversa, e enfim, vocês brigaram feio e ele te expulsou de casa, foi isso.

>Flashback on<

— Eu tô te falando Kuroo, ele é muito bonito! Com aqueles olhos azuis maravilhosos! Como não se apaixonar?

— Eca, pare de falar desse jeito, tá parecendo que tá babando no celular — falou, forçando uma cara de nojo. — Mas enfim, ele é realmente bonito Ken Ken, ele tem sorte de ter alguém como você gostando dele.

— Alguém como eu?

— Sim ué, quer dizer, quem não iria te querer? Você é incrível, e muito bonito — disse, com sinceridade na voz.

— Uau, Kuro, obrigado! Você é o melhor amigo que alguém poderia ter.

—  É, sou o melhor "amigo" — falou com um sorriso amarelo.

— O que foi?

— Ah, não é nada — deu de ombros. — Mas então, acha que ele vai estar no festival também?

— Eu espero que sim, vai ser uma ótima chance de me aproximar mais dele, mas dessa vez, não só como um amigo.

— Cara, você é tão gay!

— Eu sou, como se você também não fosse.

Do nada, a porta do quarto de Kenma é aberta violentamente, o garoto se vira, espantado enquanto encarava o pai.

— Como você se atreve seu menino insolente?! Acha que ser gay é algo de que deve se orgulhar? Toma vergonha na cara!

— Merda, desculpa Kuro, vou desligar.

— Espera, Kenm-

Kuroo encarava o celular em choque, tentando entender o que havia acabado de acontecer.

>Flashback off<

— Uau, então ele é realmente um baita de um cuzão, orgulhoso e homofóbico.

— Exatamente!

— Eu já tinha uma visão ruim sobre ele, agora essa visão piorou em 1000 vezes.

— Pois é, sinto muito por isso, deve ser decepcionante.

— É um pouco sim, mas tudo bem, faz parte...

— E então, mais alguma pergunta? — questionou.

— Não, acho que por hoje está bom — disse. — Agora que eu já voltei para o apartamento, você vai parar de vir aqui?

— Bom, não sei, se você quiser que eu pare de vir, eu com certeza vou parar.

— Não, eu gosto da sua companhia, vai me fazer bem ter você aqui comigo — sorri em sua direção.

— Que bom — retribuiu o sorriso.

— Aliás, quando você não estiver ocupado, será que você poderia me levar para algum lugar? Acho que seria bom sair de vez em quando.

— Claro! Vou ver que dia fica melhor para mim, e aí eu te aviso.

— Ok.

— Onde gostaria de ir?

— Não faço ideia, pra falar a verdade, não lembro dos lugares que eu frequentava.

— Tudo bem, você prefere ir em uma lanchonete, restaurante, sorveteria, ou ir na praça no final de semana? De sábado e domingo várias barraquinhas de comida ficam por lá, é bem legal!

— Acho que podemos ir na praça, vou gostar de ficar ao ar livre.

— Ok então, estamos combinados?

— Sim!

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