"As mais lindas palavras de amor são ditas no silêncio de um olhar."— Leonardo da Vinci
Capítulo 10° -
[...]
Já havia terminado meu banho e estava terminando de colocar minhas roupas quando ouço o interfone do apartamento tocar, grito para que Kuroo fosse ver se era o nosso almoço ou não. Apresso meus afazeres e desço para ver o que era.
— A marmita chegou gatinho, vou lá buscar.
— Tá bom, obrigado.
Sinto que ainda não me acostumei com ele me chamando de "gatinho", não é uma coisa ruim, mas sei lá, é um pouco estranho...
Observo a sala em minha volta e percebo que desde que cheguei no apartamento ainda não consegui limpar tudo, acho que vou pedir uma ajudinha do Kuroo nessa.
Não demora muito e o moreno aparece finalmente.
— Prontinho, agora, vamos comer! — Diz, colocando na mesa.
Apenas me sentei em silêncio e comecei a me servir. O silêncio prevaleceu até o fim do nosso almoço, quando começamos a recolher as coisas para deixar a mesa limpa.
— Kuroo, será que você poderia me ajudar a limpar o apartamento? Desde que cheguei não limpei nada e acho que estou me sentindo um pouco incomodado com isso — confessei.
— Claro que posso te ajudar, com todo prazer! — diz, entusiasmado. — Quer começar por onde?
— Você pode tirar pó dos móveis? Acho que vou dar uma lavada no banheiro.
— Claro, vou pegar um pano, já volto.
Kuroo foi à lavanderia pegar os materiais necessários, peguei o que eu precisava também e subi em direção ao banheiro, e lá vamos nós!
Já tinha esfregado e repassado as principais partes, agora estava tirando tudo dos armários e gavetas para fazer uma "limpa" e só manter o necessário. Escondido em uma das gavetas, achei um papel dobrado em várias partes, era tão pequeno que parecia ser de propósito para que ninguém achasse facilmente, abri com delicadeza, com um certo medo de acabar rasgando sem querer.
Logo reconheci minha própria letra, parecia ser uma carta, e bem no final da folha, estava escrito "Para Akaashi". Somente com essa informação eu já imaginava qual seria o conteúdo daquele papel, questionei a mim mesmo se deveria começar a ler ou apenas devolver para o lugar em que peguei e esquecer dela
Bom, eu já sabia sobre os meus sentimentos por ele mesmo, acho que não irá me fazer mal algum. Comecei a ler atentamente, letra por letra.
"Sabe, é a primeira vez que sinto essa coisa chamada amor, eu ainda sou completamente inexperiente, e como pode ver, não sei me expressar direito... Eu queria estar te dizendo todas essas palavras pessoalmente, mas sou um covarde assumido, e eu me recuso a me confessar por um texto no whatsapp, então pensei, o que não me faria ficar cara a cara com você e ainda sim, consegue ser muito bonito? Exatamente, uma carta! Por isso, venho aqui expressar todos os meus sentimentos. Nunca fui de me interessar nas pessoas, sempre fui indiferente a todas elas, por isso, até mesmo pensei que eu nunca iria me apaixonar, mas aí, você apareceu. Logo na nossa primeira conversa, parecia que já nos conhecíamos há muitos anos, com você eu consegui ficar confortável e ser totalmente sincero, sem medo de julgamentos, nós tínhamos tantas coisas em comum e isso me deixou tão feliz! Quando eu menos percebi, queria ficar ao seu lado todos os dias, rindo, compartilhando coisas, conversando sobre coisas banais.... Ficar te admirando, hoje, é o meu melhor passatempo, você é tão incrível, especial e único. Você tem um brilho nos olhos igual ao brilho das estrelas, um azul tão intenso que me faz perder totalmente a sanidade. Eu precisava escrever cada palavra, sinto que estava ficando sufocado guardando tudo isso para mim, sei que a chance de você não retribuir meus sentimentos são grandes, e eu respeito totalmente sua decisão independente de qualquer coisa, se você não sentir o mesmo, eu pergunto, podemos fingir que isso nunca aconteceu e continuarmos apenas amigos?
De: Kenma
Para: Akaashi"É uma carta belíssima, dá para perceber que depositei todos os meus sentimentos nesse papel, como a carta estava escondida na gaveta do meu banheiro, presumo que não deu tempo de entregá-la. Uma pena, infelizmente a carta foi escrita para nada...
Decidi que iria guarda-lá, não tenho coragem de jogar no lixo, dobrei do mesmo jeito que a encontrei, e coloquei no mesmo lugar escondido. Voltei a prestar atenção em meus afazeres, quanto mais rápido eu terminar, mais tempo terei para descansar.
Ouço uma batida na porta.
— Kenma, posso entrar?
— Pode sim — respondi.
— Já acabei de tirar pó dos móveis, o que eu faço agora?
— Pode deixar que eu termino aqui, tenho que passar um bom aspirador em toda a casa ainda, sinto que isso vai demorar mais do que eu previa — falei, em um tom não tão animado.
— Não quer que eu vou adiantando? Posso começar a passar aspirador no seu quarto e aí você termina — propôs.
— Tem certeza? Não vai te incomodar? — questionei. — Pode falar a verdade, se você não quiser ou precisar ir embora por algum motivo, pode me falar.
— Hoje eu tô de folga, não tenho absolutamente nada para fazer, então, não me importo de te ajudar na limpeza não. — deu de ombros.
— Então tudo bem, muito obrigado Kuroo — sorri para o moreno em agradecimento.
— De nada, gatinho. Já vou indo pra lá.
— Tá bom, já estou quase terminando aqui.
[...]
— Depois de uma faxina dessas, sinto que vou hibernar por um mês! — digo, me jogando no sofá, louco para descansar minhas costas.
— Acho engraçado, o antigo Kenma nunca teria tomado a iniciativa de querer fazer a faxina, acredita? Ele iria enrolar até que eu tomasse alguma atitude por ele — comentou, rindo levemente.
— Sério?
— Sim, você mudou bastante, mas não é uma coisa ruim — suspirou, antes de continuar a falar. — Eu não sei explicar muito bem mas, eu consigo gostar das suas duas formas, a antiga e a atual, não consigo gostar mais de uma do que dá outra, porque mesmo com uma personalidade diferente, continua sendo você.
— Você falou que somos amigos de infância, certo? Como nos conhecemos exatamente? — perguntei, curioso.
— É um pouco engraçado, sua família tinha se mudado para a casa do lado, minha mãe foi logo recebê-los e dar boas vindas ao bairro, quando ela voltou, me contou que a nova vizinha tinha um filho um ano mais novo que eu, ela me pediu que eu me aproximasse de você pois sua mãe reclamava que você era muito sozinho — explicou. — No começo, eu confesso que não fui muito com a sua cara, você era muito quieto e não olhava para a minha cara por nada, na minha cabeça de criança isso para mim era uma coisa inadmissível, mas com o tempo, você foi se soltando mais e se mostrou um garoto incrível.
Observei atentamente enquanto ele falava.
— Éramos inseparáveis, estudávamos juntos, passávamos o dia na casa um do outro, às vezes, até dormíamos juntos para podermos passar ainda mais tempo.
— Acredite, eu adoraria me lembrar de cada momento que passei ao seu lado, deve ter sido realmente muito bom — digo.
— Não se preocupe, em algum momento você vai se lembrar de tudo.
Ele colocou a mão sob a minha, ficamos assim, apenas apreciando o silêncio na companhia um do outro.
Posso não me lembrar de absolutamente nada do meu passado, mas sei, com toda a certeza, que o Kuroo faz eu me sentir muito bem...
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Destinados
FanfictionUm acidente pode desencadear muitas coisas, sejam elas tristes ou felizes, para Kenma, o ocorrido lhe rendeu mais felicidade do que tristeza. Capa não é de minha autoria, crédito aos autores.