"Meu choro é silencioso.
Sem lágrimas ou soluços.
Meu choro é doloroso, vem de dentro.
Quando choro, é a minha alma que grita e não os meus olhos."— Querido John.
Capítulo 5° -
Dia seguinte
Acordei por volta das 6 da manhã, estava tão animado para voltar para casa que nem consegui dormir direito. Minha mãe virá me buscar daqui a uma hora, já me aprontei e peguei todos os meus pertences. É hoje que eu irei sair desse hospital!
Olhei para a janela do meu quarto, me despedindo, se eu tiver sorte, essa vai ser a última vez que vou ver essa vista. Caramba, nem parece que já fazem quase dois meses deis de o meu acidente...
Consegui me recuperar bem rápido! Os médicos falaram que com um acidente gravíssimo como o meu, a pessoa fica no mínimo uns 8 meses internado, acho que o universo está comigo nessa.
Como de costume, um médico veio confirmar meu estado.
— Como está se sentindo hoje, Kozume-san? — questionou. — Está se sentindo pronto para ir embora?
— Estou muito bem doutor! Mal posso esperar para poder voltar para a minha casa.
— Imagino! Daqui a pouco sua mãe vai chegar e vai assinar um termo e vocês serão liberados, ok?
— Ok.
— Qualquer dor, desconforto ou irritação, você deverá voltar para o hospital, entendeu? Não ignore os sinais, isso é importante para a sua saúde.
— Pode deixar, se eu sentir algo, eu peço para alguém me trazer aqui.
Bom, isso não é bem verdade, já que ontem mesmo eu lembrei de algo e não falei para ninguém, mas quem liga.
— Ok, fique bem, Kozume — disse, saindo da sala com um sorriso no rosto.
— Obrigado, doutor — murmurei.
Suspirei fundo, encarando o teto em seguida, Kuroo me disse que quando eu fosse liberado ele iria me visitar, será que ele ficou sabendo? Ele não conseguiu vir aqui esses dias...
[...]
Já estava trocado com algumas roupas que minha mãe havia trazido, e como já esperado, era só ela, sem meu pai presente. Peguei todos os meus pertences da sala e caminhei para uma "secretaria" onde minha mãe me aguardava.
Chegando lá, vi ela terminando de assinar um papel, provavelmente relacionado a minha alta. Ela me encarou e acenou com a cabeça para que eu a seguisse. Dei tchau para as enfermeiras que me atenderam e fui para o carro estacionado no estacionamento do hospital.
Sentei no banco da frente, ao lado de minha mãe, ela estendeu algo em minha direção e só depois consegui perceber que era um celular.
— Toma, seu telefone, assim você pode se comunicar com seus amigos.
— Ah, obrigado — entendi minha mão, pegando o celular.
Ela ligou o carro e dirigiu em direção ao meu apartamento. No meio do caminho, senti vontade de questionar sobre o meu pai, mas não sabia se era uma boa ideia ou não, mas no fim, resolvi tentar.
— Mãe — a chamei, conseguindo a atenção dela. — Por que meu pai não está aqui também?
— Bom, e-ele está trabalhando, é só isso.
— Tem certeza? Ele trabalha todos os dias? — questionei, arqueando uma sobrancelha.
— Ok, ok, você ganhou, não gosto muito de entrar nesse assunto Kozume, você e seu pai tiveram uma briga feia da última vez que vocês se viram antes do acidente, e é por isso que ele prefere evitar te ver — explicou.
— Qual foi a causa da nossa briga? Foi tão séria assim ao ponto dele fugir do próprio filho?
— Acho que esse não é o melhor momento para eu te contar isso, com o tempo você vai saber, a única coisa que posso falar, é que vocês tem ideais diferentes.
— Hum.
Essa resposta não me ajudou em nada, já vi que vou ter que apelar em perguntar para outra pessoa, Kuroo parece saber bem do assunto, talvez eu possa perguntar para ele! Acho que ele vai me ajudar nessa.
Ao chegar no apartamento, minha matriarca me acompanhou até a portaria, ela me passou todas as informações sobre o prédio, inclusive, qual era o meu apartamento e se despediu com um aceno.
Peguei as chaves que ela havia me entregado e entrei, observei todo o lugar, as paredes pintadas na cor cinza, quadros de jogos nas paredes, e muitas coisas espalhadas. Eu realmente não era apto a limpeza...
Toquei todos os móveis, estava tudo empoeirado, precisa de uma limpeza com urgência! Com tanto tempo em um ambiente limpo como o hospital, acabei me adaptando e gostando da limpeza. Vou ter que limpar tudo ou terei um surto!
Tentei ignorar e continuei a explorar a casa, é realmente diferente de como eu imaginava. Estava olhando os quadros nas paredes quando percebo algo felpudo passando pelos meus pés, e quando olho para baixo, tinha um pequeno gato preto dos olhos dourados, me abaixei para pegá-lo no colo e acaricia-lo.
— Hey, você ficou esse tempo todo sozinho é? Ou alguém veio aqui olhar você? — perguntei para o gato em meu colo que ronronava em aprovação ao carinho que eu estava dando.
Fui para a cozinha e me deparei com o potinho de ração cheio e a água limpinha.
— É, parece que você estava recebendo cuidado de alguém, será que esse alguém é o Kuroo? — perguntei retórico. — Não acho que meus pais venham aqui cuidar de tudo, visto como tudo está desarrumado.
Dei de ombros
— Seja a pessoa que aparecia aqui, por mim tanto faz, contanto que tenha cuidado bem de você.
Depositei o gato delicadamente no chão e voltei a explorar todo o ambiente, vou precisar me acostumar com toda essa mudança!
[...]
Depois de ter tomado um bom banho, fui para o quarto poder descansar, o dia foi bem corrido hoje. Peguei o celular esquecido em cima da cômoda, por sorte, não tinha senha nenhuma, consegui acessar tudo sem dificuldades.
Vi o ícone do Instagram e logo resolvi entrar, a primeira foto que apareceu em meu feed é a de Akaashi e Bokuto, eles estavam se encarando e com sorrisos nos rostos na foto, pareciam...namorados? Que estranho, nenhum deles comentou que estavam juntos.
Dei de ombros, se eles estiverem juntos ou não, eu não tenho nada haver com isso, entrei em meu perfil e logo percebi que era privado, tenho apenas 50 seguidores, provavelmente é uma conta só para amigos e familiares. Também não tinham muitas fotos, apenas cinco. Entrei na primeira para ver melhor.
Era eu e Hinata, provavelmente estávamos em minha casa, devido as paredes acinzentadas, ele estava segurando o celular com um grande sorriso no rosto, já eu, estava com um sorriso forçado, mas não do estilo triste, e sim engraçado. Bem provável que Hinata tenha me obrigado a tirá-la.
Deslizei para a outra, dessa vez era o meu gatinho, na legenda estava escrito "O Pudding sempre me acorda as 5 da manhã por motivo algum, mas ainda amo ele". É, parece que descobri o nome do gatinho!
Ri comigo mesmo, Pudding é um nome engraçado. Passei para a terceira foto, era Kuroo, Akaashi, Bokuto e eu. Estávamos em um festival ou algo assim, era um lugar cheio de flores e luzes, realmente bem bonito! Já a quarta foto, eu estava sozinho, é uma selfie comum, não tem muito o que reparar.
A quinta e última foto, era eu e um garoto moreno, ele é mais alto que eu e usa óculos, ainda não o vi, mas pela descrição, chuto que é o tal Oikawa.
Terminei de ver as fotos com um sorriso no rosto, é, parece que a minha vida era divertida. É uma pena que eu não consiga me recordar de nada, parece que eu estou vendo fotos de um estranho...
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Destinados
FanfictionUm acidente pode desencadear muitas coisas, sejam elas tristes ou felizes, para Kenma, o ocorrido lhe rendeu mais felicidade do que tristeza. Capa não é de minha autoria, crédito aos autores.