Prólogo

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Josephine point of view.

Acordei com o barulho do meu celular tocando, estiquei a mão ainda de olhos fechados e peguei o aparelho que estava na mesinha de cabeceira.

— Alô? — resmunguei.

— Você ainda está dormindo? Josie, a gente ia se encontrar às nove para comprar uma roupa para a reunião da turma.

— Não, você falou isso e eu disse, umas três mil vezes na verdade, que não ia.

— Mas é claro que você vai. — a voz da Mariah se elevou e ficou mais aguda — Pode levantar essa bunda da cama agora, eu vou passar na sua casa daqui uma hora para te pegar. E se eu chegar e você estiver dormindo, eu jogo um copo de água na sua cara. Beijos.

Escutei a linha sendo cortada e gemi de frustração. Ninguém conseguia dizer não para a minha melhor amiga, quando alguma ideia estava na cabeça dela, não tinha ser humano no mundo que tirasse.

Me virei na cama e abri os olhos, encarei o teto por uns bons segundos antes de me sentir acordada o bastante para tentar levantar. Olhei para o lado e vi o Justin dormindo tranquilamente, o que era bem esperado, já que ele tinha chegado em casa às quatro da manhã. Criei coragem para me levantar e fui direto para o banheiro, tomei um banho demorado e relaxante, não me importando de me atrasar. Demorei cerca de quarenta minutos no closet só escolhendo roupa e fazendo maquiagem, coloquei tudo o que eu precisava na bolsa e escrevi um bilhete para o Justin antes de descer para tomar café.

— Incrível como você tem o dom de se atrasar. — escutei a Ma falando assim que desci as escadas, ela estava sentada no sofá esperando.

— Eu não estou com pressa alguma, não queria nem ir.

Deixei a bolsa na mesinha da sala e segui até a sala de jantar, a mesa de café já estava montada. Me sentei e coloquei uma xícara de café, vendo a minha amiga se sentar na minha frente e me encarar irritada.

— Qual o seu problema? Esse encontro vai ser o momento perfeito para nós duas reencontrarmos nossos antigos amigos. Agora que voltamos para Atlanta, é bom trazer alguns vínculos de volta.

— Ma, eu me mudei há um mês. Se eu quisesse esses "vínculos", já teria entrado em contato.

— Não me importa. Nós vamos e ponto. — ela deu aquele sorriso que dizia "e você não vai conseguir me fazer mudar de ideia".

— Eu fico uma hora, no máximo. — mordi a torrada e ela levantou uma sobrancelha.

— Melhor do que nada.

Nós duas conversamos um pouco mais sobre a nossa nova rotina e depois saímos para o shopping, o dia seria bem longe e pelo visto, a noite mais ainda.

Mariah e eu éramos amigas de infância, os nossos pais eram muito próximos e quando o pai dela morreu, nós praticamente a adotamos na família. Ela sempre foi a minha alma gêmea, aprontávamos tudo juntas, principalmente durante a adolescência, e quando eu me mudei para o Canadá (pode-se entender por fugir) com o Justin, ela apenas veio comigo, como se não pudesse viver sem mim. No fim, acho que eu tive sorte, porque eu não vivo sem ela.

Porém, mesmo que ela tenha ido comigo sem pensar duas vezes, eu sabia que ela sentia falta de casa. Atlanta era o nosso lar. Então, eu prometi a mim mesma que tentaria voltar, e assim que nós duas completamos 21 anos, virando oficialmente adultas, eu preparei tudo para a mudança.

A partida, quatro anos antes, tinha sido bem difícil. Eu tinha acabado de terminar a escola e estava apaixonada por alguém que não devia estar, os meus pais o odiavam e viviam dizendo que "não me conheciam mais", eles tentaram me mandar para uma faculdade no exterior e eu apenas não me via mais nesse caminho. Eu sempre tinha sido uma filha exemplar, daquelas que ganha medalhas e vai para a melhor faculdade do país, pelo menos até uma noite entre amigos, na qual todos decidiram ir em uma festa clandestina, onde as coisas mais proibidas estavam. Era apenas uma aventura de um noite, aquela em que você é jovem e quer experimentar o perigo só para ver como é e depois voltar para a sua vida pacata e perfeita. Não foi exatamente o que aconteceu.

Aquela noite foi como nascer novamente, eu me lembro do meu sangue correndo nas veias e da adrenalina no meu corpo, de estar extasiada com tudo ao meu redor. Era novo, excitante e energizante, nada que eu já tivesse vivido antes. Então eu voltei lá, mais uma, duas, três vezes, e eu me apaixonei por esse mundo perigoso e surpreendente.

Foi no meu primeiro racha que eu o vi pela primeira vez, um amigo meu me perguntou se eu queria ir ver os "grandes caras" correrem e eu aceitei na hora, estava doida para ver coisas novas. Quando eu cheguei lá, era tudo diferente, eu conseguia ver as hierarquias e os caras mais perigosos e poderosos da cidade, eu sabia onde estava me metendo, já tinha ouvido histórias sobre esses homens, mas eu não ligava.

Tudo ficou ainda mais excitante quando eu vi ele, Justin Bieber, se aproximando do carro com uma postura tão egocêntrica e que exalava tanto poder que era hipnotizante. Mas foi quando ele entrou no carro e correu na pista, como se não houvesse mais nada no mundo além dele, que eu senti que tinha encontrado o paraíso no meio do inferno. Ele desceu do carro, 40 mil dólares mais rico, e abriu o sorriso desgraçado que ele tinha, os seus olhos rondaram a multidão e pararam em mim por algum motivo, foi naquele momento que eu soube que a minha vida tinha mudado para sempre.

Cinco anos depois e eu ainda estava perdidamente apaixonada pelo traficante mais famoso da cidade, tinha fugido de casa para ficar com ele, deixado a minha família para trás e hoje em dia, sou a parceira de negócios dele. Esse, com certeza, não era o futuro que eu imaginava ter, mas era muito melhor.

Hoje tem o reencontro da minha turma de formatura e é tudo que eu quero evitar, muitos deles sabem da minha história e tem contato com a minha família, e o fato de eu ainda não ter criado coragem para entrar em contato com eles, é algo bem importante para se levar em conta. Não seria nada legal eles ficarem sabendo que eu voltei através de uma fofoca no clube da cidade, nada legal mesmo. Mas pelo visto, eu não tenho para onde correr, estou devendo muito a Mariah e eu faço qualquer coisa por ela, isso incluía encontrar os meus antigos amigos e ter que enfrentar os comentários de julgamento que eu receberia. No entanto, se eu tenho que aguentar aquilo, eu vou em grande estilo. Saint Laurent, para ser mais exata.

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