Capítulo 6: descer até o inferno

128 11 13
                                    




Josephine point of view

Recomeçar tudo depois de ir embora foi difícil, mesmo com os meus amigos ao meu lado. Quando você decide deixar o seu mundo para trás e desbravar uma realidade totalmente nova, você precisa encontrar um modo de se adaptar e eu acabei criando uma personalidade nova.

Durante toda a minha vida, eu sempre fui a Jô, responsável, exemplar e inocente. Mas eu não conseguia mais ser essa pessoa, principalmente se eu estava ao lado de um grande criminoso e vivia constantemente colocando a minha vida em perigo, eu não podia ser fraca. Então, eu trabalhei durante um tempo para desenvolver a minha personalidade e descobrir quem eu realmente sou, foi assim que eu me tornei a Josephine.

Uma das coisas que eu aprendi com o Justin, foi que um nome precisa ter poder, precisa ter impacto. E é por isso que criar e manter uma reputação é tão importante, você precisa ser firme e consistente, as vezes até um pouco assustador, para que as pessoas tenham respeito por você. Alguns preferem gerar o medo, isso funciona também. E é por isso que é tão importante que eu consolide a minha reputação, que eu seja tão firme quanto o Justin é, eu preciso estar a altura dele e eu vou tentar fazer isso diariamente, mesmo que eu tenha que ser a vadia desgraçada que cobra dívidas e ameaça as pessoas.

Mas quer saber? eu amo ser essa vadia desgraçada.

— Bom dia.

Entrei no salão da boate, cumprimentando os funcionários que ajeitavam o lugar. Algumas das dançarinas estavam sentadas na base do palco e discutiam algo entre si, vi elas pararem de falar assim que me viram. Continuei o meu caminho até o meu escritório.

— Leila, comigo — chamei a gerente e responsável do local, entrando no escritório e deixando as coisas na mesa enquanto ela fechava a porta atrás de si — Qual é o problema?

— Então, senhorita Baldwin... — ela começou, as mãos tremiam e os seus olhos evitavam os meus.

— Josephine — corrigi.

— Sim, claro. Na verdade, não tem problema nenhum. Foi apenas um erro na contagem da noite passada, mas tudo já foi resolvido.

— O Chaz me disse para conferir mesmo assim — sorri irônica, eu estava desconfiada daquela mulher já fazia um tempo — É verdade que a sua querida Ivy estava com o dinheiro que, supostamente, sumiu?

— O quê? — ela fez uma falsa expressão de choque, tive que me segurar para não revirar os olhos — De jeito nenhum! Foi a Ivy que encontrou o dinheiro, na verdade. Ela salvou a todos nós.

— Claro — inclinei a cabeça e dei a volta na mesa, me sentando na cadeira e encarando a ruiva sem graça na minha frente — Eu quero os arquivos de caixa, do bar, das gorjetas, até dos produtos de limpeza. Tudo. E eu quero agora.

— Como quiser, Josephine.

A mulher se virou para sair e eu observei como ela se movia, tinha muito prepotência, mas pouca confiança. Desse jeito ela nunca subiria na vida. Antes dela fechar a porta, eu gritei, ligando o meu computador e lançando um olhar irônico para ela.

— E traga um expresso duplo com um croissant. Eu estou faminta.

Escutei a porta fechar com força e revirei os olhos.

Leila Gali é a gerente da boate do Justin desde que nós partimos, ela era a única experiente o suficiente para ficar comandando o lugar, o que não quer dizer que era a mais honesta. Nós tivemos muitos problemas com ela durante os anos longe, a mulher nunca me desceu muito, e ela aproveitava o fato de estarmos longe para tomar o controle. Mas, isso tinha acabado.

Next chapterOnde histórias criam vida. Descubra agora