Cap 21

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— O carro está bem destruído, eu teria muito trabalho. Mas gosto dessas coisas, seria um desafio. - John B disse assim que chegamos perto do carro.

A janela estava aberta e o interior estava cheio de folhas secas e algumas parte enferrujadas. Mesmo assim John B pôs as mãos no teto carro e se apoiou nele para entrar pela janela. Ele colocou um pulso sobre o volante e fez cada de modelo, fez um biquinho me mandando beijos e então disse: 

— O que acha? 

Nós rimos. 

— Combina com você. 
— Entra. 

O banco do passageiro parecia ainda mais estragado que do motorista. John B pareceu notar o olhar de hesitação na minha cara, claro que eu entraria de qualquer jeito porque não ligava pra isso mas John B não esperou minha ação e colocou o braço para fora e me agarrou. Pulei para trás com um gritinho.

Ele abaixou a mão e bateu a porta pelo lado de fora, como se acariciasse um animal de estimação. Eu me surpreendi chegando perto do carro e entrando pela janela, primeiro a cabeça, desabando em cima dele. 

— É a segunda vez que você cai em cima de mim, vou começar a achar que é de propósito. 

Sobrava pouco espaço com ele ali sentado e meu quadril batia em seu peito e no volante. Era um tanto desconfortável. 

— Cala a boca, tô tentando entrar. - respondi rindo.

Assim que fiz força para criar impulso no corpo minha calça enroscou em alguma coisa e eu parei, as mãos no banco de passageiro, os pés para o lado de fora e o resto do meu corpo em cima de John B.

— Fiquei presa. 
— Ficou. - a voz dele sugeria um sorriso. 
— Me ajuda. 

Ele riu. 

— Mas eu estou gostando. 
— Se eu não estivesse com as mãos ocupadas, você já estaria apanhando. - tentei puxar a perna mas ouvi o barulho de tecido rasgando. 

John B riu mas segurou meu tornozelo. 

— Ficou preso no pino. Vou tentar soltar. - enquanto isso meus braços começavam a tremer pelo esforço de sustentar todo o meu corpo. — Consegui. - disse John B e soltou minha perna.

O impulso me jogou de cara no banco. 

— Ai. - resmunguei.

Minhas pernas ainda estavam em cima dele; meus braços, presos embaixo do corpo. A alavanca do câmbio com certeza tinha deixado um hematoma em algum lugar. Com cuidado, rolei para a direita, em direção ao banco e ele me ajudou a sentar. 

— Desculpa. Tudo bem? 
— Tudo bem. - repeti e ele riu tirando uma folha do meu cabelo. 
— Foi um movimento muito elegante. - bati em seu braço e ele fingiu que doeu.  — Bom, espero que tenha valido a pena.

Olhei em volta e o interior sujo do carro parecia pior de perto. Mas eu conseguia imaginar como ficaria depois que John B arrumasse. 

— É. Não muito. - fingi uma careta e dessa vez foi ele que me deu um tapinha do braço. 

Ele se ajeitou no banco e segurou minha mão.
Ok, talvez tenha valido a pena. 

— Como foi hoje? A cena de "Um estranho casal"? 
— Ah. Sim. Eu interpretei muito bem o cara louco, obrigado por ter me ajudado. 
— Como se você precisasse de ajuda. 
— Eu preciso da sua. - o tom da sua voz sugeria que não estávamos mais falando da peça. 
— Que demônios estava exorcizando hoje? - perguntei mudando de assunto. 
— Alguns que já deveriam ter sido postos para fora. - ele respondeu e desviou o olhar. 

Between Us - JarahOnde histórias criam vida. Descubra agora