Cap 19

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A mãe de John B atendeu a porta.

— Sarah, que bom te ver. - ela sorriu. — John B não está em casa.
— Na verdade, Melissa está?
— Ah. - ela sorriu animada. — Entra. Vou chamá-la.

Depois de uns minutos Melissa desceu as escadas e parecia confusa ao me ver.

— Sarah! O que está fazendo aqui?
— Estou furiosa.
— Tudo bem... - ela pensou por um tempo e eu pensei se tinha sido uma boa ideia vir até aqui. — Essa é minha especialidade. Vem.

Ela pegou minhas mãos e eu sorri. Parecia que ela não me odiava tanto assim. Subimos para seu quarto e eu sentei em sua cama.

— Pode falar.
— Então...
— Espera, espera. - ela pegou o celular e rolou algumas telas e apertou play.

A música brotou nas caixinhas de som sem fio em cima da estante. Eu ri.

— Raiva e risada não combinam.
— Para de tentar me fazer rir então.
— Não estou tentando fazer isso, sério. Estou do seu lado, porque estamos furiosas mesmo?
— Meu irmão.

Ela levantou o punho.

— Totalmente do seu lado. Continua.
— Ele telefonou, não para pedir desculpas mas para dizer que eu não deveria ter ido.
— ELE NÃO FEZ ISSO!!
— Fez.
— Que babaca.
— Depois meus pais viram o filme.
— Ótimo, tomara que eles esmurrem seu irmão.
— Ah não, eles ficaram orgulhosos.
— O que?
— Sim. - me levantei e comecei a andar pelo quarto. — Ficaram chocadas porque eu não estava orgulhosa também.
— Eles viram o filme? Tem certeza? - eu assenti.
— Isso é ridículo.
— Sim. Eu tenho direito de ficar brava, não tenho?
— Eu estou furiosa e nem sou você.
— Você vive furiosa.
— Não é assim, eu aprecio meus momentos de raiva. Apenas. - ela me olhou atentamente.
— Eai? O que vai fazer?
— Não sei.

Eu realmente não sabia, eu costumava guardar tudo pra mim até que eu não aguentasse mais e explodisse. Esse dia era hoje e eu não tinha ideia do que fazer.

— Grita! - Melissa incentivou.
— Não grito. - olhei para a porta.

Eu estava queimando por dentro e sabia que precisava extravasar.

— Só grita.

Respirei fundo e gritei.
Melissa sorriu.

— Agora grita com seu irmão.
— Não vou ligar pra ele.
— Não. - Melissa riu. — Grita as coisas que você queria que ele escutasse. Como é o nome dele mesmo?
— Rafe. - respondi.
— RAFE! Você é um babaca e um irmão horrível.

Melissa subiu na cama e me deu as mãos para que eu subisse também.

— E que não sabe pedir desculpas. - acrescentei.
— E TEM UM CABELO ESTRANHO! - ela acrescentou.

Eu inclinei a cabeça.

— Você acha o cabelo dele estranho?
— Claro, Sarah. Ou ele corta, ou deixa crescer.

Eu ri.

— Ajudou né? - Melissa perguntou e eu sorri.

Ajudava muito. A sensação horrível em meu peito não era mais tão intensa. Suspirei e deitei na cama, ela fez o mesmo.

— Você que tirou essas fotos? - apontei para algumas fotos coladas na parede.
— Sim.
— São lindas! - olhei para uma foto dela com Nicholas.
— Vai fazer algo hoje? Sair com Nicholas, talvez?
— É difícil sair com ele...quer dizer. É o Nicholas.
— Você quer ficar com ele?
— Às vezes. Às vezes eu quero estrangular ele. Ele é sem noção.
— Porque?
— Acho que ele gosta de uma garota que não dá a mínima pra ele. Ela é super arrogante, não sei porque as pessoas daquela escola são assim. Na verdade, por isso te odiei no começo, achava que você era assim também. Desculpa.
— Bom, talvez você deveria gritar isso.
— Que eu não te odeio mais?
— Não. Que Nicholas é sem noção.

Ela se levantou e ficou de pé na cama de novo.

— NICHOLAS! VOCÊ É SEM NOÇÃO!!!!

Me levantei também e fiz o mesmo que ela.

— TEM UMA GAROTA INCRÍVEL NA SUA FRENTE E VOCÊ NÃO PERCEBE! FICA AI OCUPADO SENDO CEGO. - gritei.
— MUITO CEGO.

A porta se abriu de leve e John B enfiou a cabeça na fresta.

— Hum, devo me preocupar com o que está acontecendo aqui?

Ele ainda não tinha me visto.

— Estamos exorcizando nossos demônios. - Melissa respondeu me olhando e só então John B entrou no quarto.
— Sarah, o que está fazendo aqui?
— Acabei de falar, idiota. - Melissa respondeu por mim.
— Exorcizando todo o mal do nosso corpo.
— Você também estava gritando? - John B me olhou surpreso.
— Sim. Ela estava.

Melissa respondeu por mim de novo.

— Agora sai, John B. Daqui a pouco vamos ter que gritar com você. Né? - ela me olhou.
— Acho que não precisa. - eu ri e ela fez um biquinho.
— Que pena, eu tinha ótimos gritos.

John B nos olhou confuso.

— Qual é John B, não é difícil entender. O irmão dela é um babaca, os pais dela não ligam. Estamos gritando de raiva.
— Eles não ligaram? - ele me perguntou.
— Não. - finalmente desci de cima da cama e Melissa fez o mesmo. — Nem um pouco.
— Caramba. Sinto muito.

Dei de ombros.

— Nem tem tanta importância.

Melissa suspirou.

— É importante sim, Sarah. Por isso estamos gritando.

John B sorriu orgulhoso da irmã.

— Sim. Você veio ao lugar certo. Aqui a gente não esconde os sentimentos. Temos um balde cheio de bolsas de beisebol no quintal.
— VAMOS PRA CASA DO WILL! - Melissa bateu palmas animada.
— Casa do Will? - perguntei.

John B olhou para o celular provavelmente querendo conferir as horas.

— Hum, você não precisa levar a gente. - eu disse.
— Ele não está ocupado. - Melissa o empurrou.
— Na verdade, estou. - ele interferiu. — Mas vocês duas deveriam ir. Ajuda muito.

Ele coçou a nunca e me deu um tchauzinho e saiu logo em seguida.

— O que ele vai fazer? - perguntei.
— Sair com os amigos, sei lá, ele deve ter uns.
— Certo. - mordi os dedos. — Você sabe se ele e Daniella tem se falado?
— Está preocupada?
— Não. Quer dizer, sim. É que eu acho que ela sentiu muito ciúmes do John B, minha preocupação é que seu plano tenha tido o efeito contrário e agora ela tenha terminado com o Tyler para voltar com ele. - inventei qualquer coisa na hora, não queria que ela pensasse que eu tivesse algum interesse.

— Hum.. - ela pensou. — Melhor fazer alguma coisa para garantir que ele não a queria de volta. Amanhã vamos na casa do Will, eu, você e John B. Jogar bolas de beisebol. — Melissa, chega de armação.
— Não é. Vamos sair com meu irmão, o que tem de errado nisso?

Eu sabia que não era uma boa ideia, eu estava começando a enxergar John B de um jeito diferente e sabia que não podia gostar dele. Sair com ele poderia me fazer mal, pensando por esse lado. Não podia aceitar. Mas mesmo assim a única coisa que saiu da minha boca foi:

— Tudo bem.

Between Us - JarahOnde histórias criam vida. Descubra agora