Porque?

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Depois de meia hora dirigindo rumo ao absoluto nada, a paisagem de pinheiros já aparece. Era uma manhã de inverno mas dentro da mente de Valentina era uma manhã de tempestade. Ela então para o carro na beira da rodovia afastada da cidade.

— Porque fez isso? Porque se demitiu? — questionou Henry sentado no banco de passageiro do carro.

— Porque eu cansei... eu cansei de aguentar aquilo. Eu nunca contei pra ninguém mas, ser professora tem um lado muito difícil. Você sempre corre o risco de se encantar por um sorriso, um olhar. Um jeito. E se isso acontecer com você, ninguém pode te ajudar. Não tem como desabafar com alguém. E ainda tem a situação contrária, quando alguém se apaixona por você e você não pode fazer nada. Só assistir. — disse ela emocionada.

— Eu lamento. — sussurrou ele.

— Eu sei que o Jack te agrediu. Ele é obcecado por mim. Já vinha tentando de tudo, mandando mensagens... ele furou os pneus do meu carro pra me dar carona depois. E eu tive que fingir que não vi nada. Porque não dá pra denunciar um aluno tão facilmente. Olha o que ele fez com você... — disse a garota com a voz embargada olhando pro garoto.

— Eu já tinha sido avisado antes pra me afastar, mas eu não consegui, porque toda vez que eu te via eu...  — disse Henry tentando consolar Valentina.

— Tá tudo bem.De certa forma eu também fui avisada. Eu não sei até onde esse cara poderia ir. Eu não quero mais dar aulas pra ele. E infelizmente isso inclui... a turma toda. — disse ela limpando as lágrimas com as mãos.

— Calma... você pode ir dar aula em outra escola e pode contar com a minha transferência. — disse Henry respirando fundo e sorrindo pra disfarçar a tristeza.

— Isso não resolveria tudo. — disse ela o olhando diferente por um momento.

— Porque não? — disse ele ingênuo.

— Porque eu te amo Henry. Eu me apaixonei por você desde que você me abraçou. E eu vinha segurando isso pra mim a semanas. Quando descobri que você sentia o mesmo eu desabei por dentro sem poder demonstrar. — disse ela o olhando profundamente desesperada por alguma reação.

— Eu, nunca achei que ia ouvir isso na minha vida. Eu nunca pensei que... — disse ele levando a mão aos cabelos como se pressionasse a cabeça em busca de raciocinar melhor.

— Eu sei que é muita informação pra falar assim e querer uma reação pacifica, mas... — disse ela meio desestabilizada em frente ao garoto.

— Porque não me contou? Você tem ideia do quanto eu sofri esperando um olhar? Um sinal? Qualquer coisa. Porque? — disse ele desesperado.

— Porque eu num podia mesmo... — disse ela com a mão sobre o cabelo do moleque.

— Tem razão... era impossível. Mas me da um ódio saber que a gente ficou todo esse tempo separado gostando um do outro em silêncio. Atoa. Tipo... que droga de mundo é esse onde a gente tem que esconder os nossos sentimentos pra parecer ético. — disse o garoto visivelmente transtornado.

— Olha tudo que eu fiz... olha onde estamos. Será que isso não é o suficiente? — disse a garota segurando o rosto dele para si.

— Meu Deus, como eu te amo... — desabou o garoto a puxando pra um abraço longo e terno, repleto de lembranças, lamentos de coisas jamais ditas ou feitas e principalmente de: Amor.

O amor verdadeiro tem destas coisas: não se explica, não se controla, não se racionaliza, simplesmente toma conta. É uma droga, um vício, uma viagem entre o céu e o inferno, ida e volta, sem parar.(frase retirada de algum livro de Martha Medeiros)



...FIM...

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⏰ Última atualização: Aug 13, 2021 ⏰

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