Hereditary

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Cidade do Vaticano, Palácio Apostólico

- Nós falhamos — Padre Lucas foi o primeiro a dizer perante a reunião.

- Foi melhor assim — O arcebispo rebateu indiferente.

- Foi melhor assim? O Padre Burke ligou avisando que Lorraine Warren está no hospital! — O bispo gritou batendo na mesa. A reunião unia o Colégio dos Cardeais, Província Eclesiástica e o Colégio Apostólico oficialmente afim de discutir os rumos a serem tomados perante a tamanha emergência.

- E o que deveríamos ter feito? Ligado para Ed Warren e contar que mentimos? — O cardeal acrescentou irônico.

- Não mentimos, apenas ocultamos a seita de Iovis — O Padre Lucas defendeu.

- Eles não são uma seita, são uma ordem, Iovis Dominum. Eles propagam o mal, tudo isso é culpa deles, inclusive o que aconteceu com a Sra. Warren — O arcebispo parecia o menos preocupado com toda a situação.

- Não entendo por qual motivam a escolheram. Temos uma Lorraine Warren em cada esquina de Roma. Ela nem é ao menos jovem para ser usada como uma oferenda — O Padre Lucas não escondia o seu desprezo pelo casal.

- A questão é, a coisas saíram do controle aqui. A trouxemos para lutar do nosso lado e agora ela é a peça chave de Iovis. O que faremos? Ela poderia ser uma grande aliada, mas contra nós, pode causar nossa destruição eminente — O cardeal suspirou abrindo brecha para suposições.

- Não deveríamos avisar ao Sr. Warren que a esposa dele pode desaparecer do hospital a qualquer momento? — O bispo comentou em dúvida, era vida de uma cristã inocente em jogo.

- Ela está pronta para o último estágio, eles vão tentar contatá-la o quanto antes — O cardeal acrescentou concordando que deveriam salvá-la e não a abandonar para a morte.

- Ligue para o Padre Burke e avise que faremos uma visita a Sra. Warren — O arcebispo ordenou ao Padre Lucas e a mesa concordou sem discutir.

[...]

- Eu nunca vi alguém tão devastado quanto ele — Burke comentou à uma enfermeira referente a Ed.

- Bom, a esposa dele é um milagre. Teve só as costelas quebradas e uma hemorragia interna, mesmo assim é triste. Eu não sei você, mas eu choraria também — Nancy afirmou com pena do pobre homem sentado no corredor do hospital com o olhar sem vida.

- Ele não disse uma palavra desde que chegamos — O padre contou observando de longe o demonólogo.

- Nem mesmo ao médico? — Nancy questionou curiosa.

- Não, ele mal olhou para o médico. É como se Ed Warren tivesse desistido de viver — Burke acrescentou triste.

Do outro lado do corredor, Ed se encontrava catatônico, suas pernas e pés fixos no chão diziam que ele se localizava no hospital geral de Roma, mas sua mente não. Sua mente pensava na mulher deitada no quarto frio, com tubos pelo seu corpo e a vida a deixando lentamente.

"Ed. Em algum momento vou deixar de ser eu mesma. Preciso que escolha Judy quando chegar essa hora".

As palavras de Lorraine soavam o relembrando da promessa. Ele tinha uma filha para cuidar. Mas Ed não poderia fazer isso sem a esposa, ela era a luz dele, que o guiava ao caminho certo. Ela era seu passado e futuro ao mesmo tempo. O que ele faria quando se perdesse voltando para casa? Quem mais o compararia com Elvis?

Lorraine Warren era a vida dele e ele decidiu que não queria viver uma sem ela.

[...]

Ed entrou no quarto onde estava a esposa com a ansiedade saltando pela boca. Ele a tinha visto pelo vidro, mas estar perto dela e poder tocá-la era completamente diferente. Sua pele rosada estava pálida, os olhos azuis cerrados sem intenção de abrir, o destruíam por inteiro.

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