- Ed estamos nessa estrada já faz uma hora, tem certeza que não nos perdemos? — Lorraine perguntou sugestivamente para o marido.
- Eu não sei... eu já vim aqui tantas vezes, mas o caminho nunca pareceu tão confuso — Warren explicou frustrado. Eles estavam indo a casa do Padre Burke, todavia, pareciam ter virado na mesma curva mais de uma vez. O que havia de errado? Ed fez o mesmo percurso várias vezes antes e agora simplesmente não conseguia sair na colina que dava acesso a casa.
Lorraine o encarou preocupada por segundos antes de ver um flash chamar sua atenção, algo branco e rápido parado ao lado de fora do carro. A morena virou o rosto procurando a origem de tal movimento e não encontrou, ela podia não ver, mas conseguia sentir.
- Ed, pare o carro — A clarividente pediu assustando o marido.
- Lorraine, o que... — Ed questionou assustado, mas ela o interrompeu.
- Não somos nós que estamos errando o caminho, são eles! — Lorraine acrescentou séria. Ele parou o carro alugado no mesmo instante e assistiu a esposa se inclinar no banco, tentando enxergar algo lá fora.
- Você os consegue ouvir? É como se estivessem chorando — A mulher comentou abrindo a porta com curiosidade e descendo sem avisar.
- Lorraine, espera! — Warren gritou atrás dela. Lá fora estava escuro e frio, faltavam muitas horas ainda para amanhecer e ele não tinha certeza se apenas uma lanterna daria conta do recado.
- Lorraine? — Ed a chamou desesperado. Ele não conseguia enxergar com toda neblina ao redor, aquilo apenas dificultava sua visão.
Já a mulher seguia as vozes chorosas que clamavam por socorro. Ela já havia presenciado coisas do tipo em acidentes de trânsito, onde as vítimas que morriam ficavam perambulando pela estrada pedindo ajuda.
A clarividente agarrou o terço enrolado em sua mão com força e continuou caminhando, enquanto cerrava os olhos, procurando magicamente encontrar algo. Ela conseguia ouvir Ed chamar, mas o som parecia muito distante de onde se encontrava, por isso continuo sempre em frente.
- Você pode sair agora, eu não vou machucar você — A mulher explicou conversando sozinha, com esperança que quem é que chorasse, escutasse suas palavras e aparecesse.
- Fique em silêncio, ele vai nos achar — Uma voz feminina sussurrou no ouvido de Lorraine. Ela se virou e encontrou a mesma mulher que havia aparecido em seus sonhos quando foi possuída, seguida por outras freiras, usando igualmente a camisola branca antiga.
- Ele quem? — A morena perguntou cautelosa.
- Et Daemon — A mulher contou baixo, com medo de dizer em voz alta e atraí-lo. Lorraine iluminou entre as árvores, procurando a entidade e não viu nada.
- Sinto muito, não consigo vê-lo — A clarividente informou triste. Em seguida, ouviu-se um som não muito distante, cujo qual se parecia com um rugido animal, aquele rugido que ela conhecia muito bem desde o incidente da escada. Às vezes, antes de dormir, ela ainda podia escutar nitidamente o som a ninando de uma forma demoníaca.
A freira a agarrou pela mão e a puxou para correr juntamente a ela. Lorraine seguiu, acompanhando o ritmo frenético enquanto outras mulheres saiam atrás da árvore e disparavam, todas para o mesmo rumo, a água.
Mesmo no escuro, iluminado apenas pela luz da lua, já que sua lanterna havia caído no início da corrida, Lorraine ainda conseguia notar certas similaridades, o cheiro das violetas, a inclinação terrena afundando, o vento úmido carregando gotas do mar... ela estava na mesma colina de sua visão.
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A Prayer
FanfictionRoma sempre foi conhecida como cidade eterna, através da lenda que dizia ser o único lugar capaz de sobreviver ao fim do mundo. Mas será que os Warren vão concordar, após receberem uma ligação para investigar a tormenta do Vaticano? Até onde eles ir...