The Shining

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- Foi horrível Ed, eu pensei que iria morrer — Lorraine contou ao marido sobre seu transe no dia do exorcismo.

- Sinto muito que tenha passado por isso sozinha e que não pude fazer nada para te ajudar — Warren admitiu sentindo a culpa instalar-se em si. Mesmo já tendo passado quatro dias, era inevitável não se sentir mal pelos inúmeros erros daquele momento. O fato dele não ter ajudado a esposa em seu transe, a deixando para retornar autonomamente, gerou consequências.

Nos últimos dias, Lorraine acordava no meio da noite assustada, falando enquanto dormia sobre fugir. Às vezes, Ed notava como ela parecia encarar o nada fixamente, quase como se tivesse medo de conviver com a própria realidade. Cada traço da personalidade da mulher lutava com as memórias dos fatos recorrentes, tentando sobreviver.

- Não foi sua culpa amor, você já me salvou tantas vezes — A morena afirmou docemente, colocando sua mão em cima da do homem, cujo qual tinha o braço descansado em cima da mesa.

- E sempre estarei aqui para você — Ed enfatizou sorrindo de leve. Ele jamais pressionaria a esposa para lhe contar o que aconteceu. Lorraine tinha sua forma particular de lidar com traumas, se isolar de tudo e todos. Mesmo que isso não agradasse tanto seu lado protetor, ele sempre a respeitaria e a apoiaria, independente da situação.

- Todas aquelas pessoas eram como nós. Seus maiores pecados foram depositar sua fé em Deus. Elas morreram para que um dia, pudéssemos ajudar aos outros — A clarividente tocou no assunto que ainda não havia sido discutido por eles.

- Querida, eu fui fraco. Por vários momentos, me peguei pensando em trocar de lado para que pudesse ter você de volta. Não sou como essas pessoas — Ed revelou com vergonha, abandonando o suco de laranja que tomava tranquilamente.

- Você nunca será fraco, Ed. Eu só resisti porque você me dava forças. Todo esse tempo, quando meu corpo era tomado contra minha vontade, eu me encontrava em oração e quase podia te sentir perto de mim, me guiando — Lorraine afirmou, assistindo o homem sorrir com as palavras.

- Você sempre esteve lá por mim, mesmo que não pudesse ver — A mulher disse serenamente antes de se levantar, caminhar até a cadeira dele e o abraçar por trás, descansando seu queixo no pescoço do marido.

- Amor, você pode me perdoar? — Warren perguntou receoso, erguendo as mãos para colocá-las em cima dos braços da mulher que cruzavam seu peito.

- Eu não preciso, porque jamais cogitei a ideia de te culpar. Você é meu marido, meu companheiro, temos uma família linda. Eu não poderia ser mais feliz — A morena argumentou antes de beijá-lo na bochecha carinhosamente.

- Isso é bom, porque eu tenho outra surpresa para você — Ed informou animado arrancando uma risada surpresa da esposa.

- Ed! Outra surpresa? — Lorraine questionou radiante enquanto o homem se levantava da mesa e a abraçava pela cintura.

- Na verdade querida, essa segunda não é minha, mas prometi que iria ajudar. Então termine o seu café com calma e depois vamos — Warren explicou depositando um beijo na testa da morena.

[...]

Ed estacionou o carro um pouco distante e ajudou Lorraine a descer. Assim que os pés dela atingiram o chão, o homem tampou seus olhos com as mãos e a direcionou corretamente.

A mulher pisava com calma, mas confiante pela ajuda. Ela não queria estragar o ato fofo de Warren, todavia, podia sentir a energia ao seu redor. Mesmo não enxergando visualmente, Lorraine conseguia ver claramente Catarina, Alfredo, uma jovem com duas energias, provavelmente grávida, o que seria Gabriela, a namorada do rapaz, o Padre Burke, e outras pessoas que ela não poderia adivinhar psiquicamente.

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