Capítulo 39

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KJ Pov

Foi tudo rápido. Tudo odiosamente rápido e em minha opinião, mal sucedido. Dessa vez conseguiram me deixar realmente furioso.

Ainda abraçado ao garotinho eu olhei para trás e vi Dom Matteo dominado pelos policiais, sangrando um pouco. Franco estava ao lado, agachado com uma expressão de dor.

- Franco?

- Estou bem, chefe. Apenas caí sobre a mão, meu pulso está inchado.

Logo minha preocupação deu lugar à raiva.

- O que eu falei sobre não atirar, Franco?

- Ouvi o tiro, pensei que ele tivesse acertado você. Mas eu não atirei para matar...acertei o braço dele.

Quando me distraí com o garotinho, Dom Matteo avançou sobre mim. Ainda tive o sangue frio de erguer a arma, caso ela disparasse. E foi o que aconteceu.

Disparou para o alto, assustando ainda mais o garoto. Então Franco invadiu o quarto com a arma apontada para Dom Matteo. Eu corri até o garoto, gritando para que Franco não disparasse, mas já era tarde.

Felizmente o tiro acertou o braço. Dom Matteo gritava enquanto era seguro pelos policiais.

- MALDITO! MALDITO APA! TIRE AS MÃOS DO MEU GAROTO! TIRE...TIRE.

O garoto tremia um pouco e eu apertei sua cabeça em meu peito para que ele não visse a cena. Chloe e Gisele continuavam estancadas, me olhando. Alguém me devia uma explicação.

- Senhor Apa?

Ergui minha cabeça e encarei o policial.

- Precisamos levar o garoto.

- Eu...não poderia falar com ele? Só alguns minutos?

O homem suspirou e coçou a cabeça.

- Tem que ser rápido.

- Serei rápido. Obrigado.

Saíram arrastando Dom Matteo aos berros. Fiz sinal para que os demais se retirassem.

- Chloe? Pode trazer um copo com água, por favor?

Ela desapareceu e rapidamente voltou com a água.

- Pode ir.

Assim que a porta se fechou eu peguei o garoto no colo e sentei-me com ele na cama.

- Beba.

Ele bebeu, sem me encarar.

- Como se chama?

- Dylan. Por que estavam brigando?

Merda. Não esperava uma pergunta assim tão direta. O que eu diria? Que o pai dele era um maldito pedófilo filho da mãe? Ele nem entenderia nada. Tampouco eu teria coragem de dizer isso.

- Os adultos às vezes se desentendem e não sabem resolver as coisas muito bem.

Ele não respondeu, mas dessa vez me olhou. Era branco e tinha cabelos castanhos e lisos e olhos esverdeados.

- Quantos anos tem?

- Oito.

Tão franzino. Parecia ter menos que isso.

- Então você é filho de Dom Matteo. Eu o conheço há anos, nunca soube que tinha um filho.

- Ele me pedia pra chamar de pai, mas ele não é meu pai de verdade.

- Não? O que são então?

Ele torceu as mãos no colo, olhando pra mim quase com medo. Tentei fazer de tudo para suavizar a expressão sisuda em meu rosto e não assustá-lo ainda mais.

O Poderoso Apa - KjmilaOnde histórias criam vida. Descubra agora