Encarei seus olhos verdes, se eu não a conhecesse diria que é uma santa. Essa bolsista idiota, roubou meu namorado, meu título de mais bonita, minha popularidade, se tornou a melhor aluna da sala. Mas não passa de um rato imundo.
— Você me dá nojo. — Sussurrei próxima ao seu ouvido. — Não sei o que as pessoas enxergam em você, não passa de um rato medroso.
— Por favor... — Soluçou chorosa. — Por favor.
— Sakura, Sakura, Sakura... Você não é nada, não passa de uma cadela vira-lata. Acha mesmo que será alguém na vida, bolsista? O máximo onde você consegue chegar é em ter um título de esposa de bandido ou prostitu...
— Cala essa boca. — Me empurrou. — Um dia... — Passou a mão pelo rosto, limpando as lágrimas. — Um dia você vai presenciar o meu triunfo.
— Então a santinha sabe revidar? Não se ache muito, você não vai conseguir. E o Sasuke não vai continuar por muito tempo nesse seu namoro Idiota, quando ele se cansar vai te abandonar. Me ouviu?
A pequena garota de cabelos loiros e uniforme surrado, correu para fora do banheiro, me deixando sozinha em meio as gargalhadas. Ela era tão patética que poderia trabalhar em um circo.
— Bom dia, eu sou a advogada Sakura Uchiha, responsável pelo caso do seu marido. Desculpe-me o atraso, estava resolvendo alguns problemas pessoais.
Um arrepio subiu pela minha espinha. Essa voz tão conhecida do meu passado, tão doce e ao mesmo tempo forte. Me virei para encarar a mulher que entrava no grande escritório.
Seus cabelos estão rosa, sua roupa lindamente cara, saltos da mais alta qualidade, sorriso largo e pele tão bonita que é notável a maciez.
— Sa... Sa... Sakura? — Eu sussurrei assutada.
— Quanto tempo, não? — Ela sorriu abertamente. Os dentes tão alinhados e brancos que dão inveja. — Então o seu marido está preso?
— Vamos, fale, pode falar, eu mereço. Ria o quanto quiser, eu me tornei mulher de presidiário. — Fugi do seu olhar intenso e perfurador. Me pergunto quem falava comigo hoje de manhã pelo telefone.
— Sou profissional o suficiente para respeitar todos os meus clientes, inclusive você, Karin. — Ela começou a falar, depois de alguns minutos em silêncio absoluto. — Eu estou aqui para dá o melhor no meu trabalho, não importa o que aconteceu no passado, na verdade, eu quase não lembro de nada.
— Quem falava comigo, hoje de manhã, pelo telefone? — Voltei a encarar a mulher sentada em uma cadeira giratória de couro, do outro lado da mesa de vidro.
— Bom, anteriormente, o meu esposo pegaria o caso, mas, ele transferiu para mim.
— Porque? —Perguntei.
— Ele me falou que seria um grande desafio, meu marido é um ótimo advogado, isso é confirmado pelos inúmeros prêmios que já ganhou, mas, segundo ele, eu sou astuta o suficiente para não desistir. — Sorriu simpática. — Não me leve a mal, mas seu parceiro está envolvido diretamente com uma das maiores e perigosas gangs do país.
— Decidiu me humilhar agora?
— Pelo contrário, estou aqui para ajudá-los.
— Bom, tudo que pediram está aí, quando analisar, pode me ligar.
— Claro. E nos desculpe pelo mal entendido sobre quem seria o advogado. — Sorriu novamente. — Eu te acompanho até a saída.
Não respondi, apenas me levantei e saí sem esperar, mas, mesmo assim ela decidiu me acompanhar. Quando estávamos chegando na saída do local, um homem alto e uma menina idêntica ao mais velho, chegavam de mãos dadas, enquanto a garotinha falava animadamente.
Não, não pode ser... Meu Deus, é o Sasuke e a filha dele.
— Mamãe. — A manina correu e abraçou a mulher atrás de mim.
— Meu amor, cumprimente a moça, não seja mal educada, Sarada. — Sakura advertiu e a garotinha me encarou, depois saiu dos braços da rosada e se aproximou.
— Olá, moça, meu nome é Sarada Uchiha e eu sou a filha da minha mamãe e do meu papai. — Estendeu a mão para que eu apertasse.
— Me chamo Karin. — Apertei a mãozinha da pequena criança. A menina não deve ter mais de seis anos, têm as características físicas do Sasuke e a personalidade animada da Sakura.
— Vamos, Sarada. — O homem que provavelmente é o Sasuke falou. — Olá, Karin. — Me cumprimentou quando se aproximou da filha e da esposa. — Estaremos na sua sala, não se preocupe, pode demorar o quanto quiser. — Falou para a rosada atrás de mim, depois pegou delicadamente a menininha e os dois saíram conversando alegremente.
— Então vocês continuam juntos. — Sussurrei.
— Sim, já fazem nove anos. — Sorriu. — Me desculpe por isso, eu não sabia que eles viriam. — Falou, se referindo a visita da filha e do esposo. — Enfim, eu darei uma olhada nos papéis e ligo amanhã pela manhã.
— Obrigada, até mais. — Saí do prédio e andei o mais rápido possível para o outro lado da rua. Quando vi que estava longe o suficiente, comecei a observar discretamente o prédio a minha frente. Tão grande e bonito, um grande império Sakura construiu.
Uma bolsista que se tornou uma advogada renomada no país, que na época da escola não tinha dinheiro nem para pagar o almoço, que sofria bullying, nasceu e cresceu no bairro mais pobre da cidade, órfã de mãe, criada apenas com o pai.
Já eu, filha de uma família rica, tinha o que queria na hora que quisesse, sempre estudei nas melhores escolas, só me importava com títulos e status sociais, se era odiada ou adorada pelos demais alunos. Atualmente não falo com minha família, sou casada com um presidiário e moro em um dos lugares mais humildes.
Sabe qual a diferença entre Sakura e eu? É que ela abraçou as oportunidades que apareceram na sua frente e acreditou em si mesma. Já eu, me importei tanto com coisas fúteis, que deixei passar tudo que me era oferecido.
Realmente a vida é uma surpresa.
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O que a vida me revela.
Hayran KurguO mundo dá voltas, a vida é um aprendizado constante. Karin costumava humilhar uma colega bolsista na época do colegial, mas, depois do marido ser preso, ela vai em busca de um advogado para ajudá-la. A mulher só não contava que a pessoa que ela co...