➮ Novos planos • Outer Banks

𝒞𝒶𝓅𝒾𝓉𝓊𝓁𝑜 𝓈𝑒𝒾𝓈

❂Mayse Mancini❂

Bato minha cabeça levemente na classe, estou com zero foco na prova que está tendo. 

— Senhor Sunn, posso falar com o Pope? — levanto minha cabeça e olho para a porta. — Sou da Fundação Vanderhorst. 

— Heyward, é pra você. — o professor se vira para Pope. Eu e Kiara nos olhamos e damos de ombros. 

Volto a olhar para a minha prova e vejo que já está perto do final. Desvio meu olhar para JJ e vejo que ele sequer tinha começado.

Estendo minha perna um pouco e toco na sua, ele vira um pouco a cabeça para trás. Olho para o professor e vejo que ele está mais interessado em Pope, estendo minha prova para ele e ele me entrega a sua. 

Pope volta apressado para a sala e nos olha discretamente e mostra um convite. Fecho um pouco os meus olhos tentando enxergar e vejo que tem o símbolo do trigo. 

— Mas que ca… — JJ fala e o professor nos olha. — Carambolas. 

— Precisamos terminar rápido. — Pope sussurra e volta a fazer sua prova. 

Começo a escrever rapidamente na minha prova e vejo que JJ apenas coloca seu nome na outra e já entrega para o professor.

Coloco as respostas mais curtas possíveis e entrego minha prova junto com Pope. Logo Kiara sai da sala também e nós seguimos para a biblioteca. 

— Você já está me enlouquecendo, fala logo! — Kiara fala e Pope entrega a carta para JJ. 

— Ele é do comitê de bolsas. Leiam a carta. 

— Não leio letra cursiva. — pego a carta da mão dele e começo a ler. 

“Caro Sr. Heyward, entro em contato porque tenho provas que podem inocentar John B. Routledge. Solicito que venha me encontrar pessoalmente no meu escritório na Rua King 27, em Charleston. Hoje á noite, ás 20h em ponto. 
Por favor, venha sozinho.
Atenciosamente, C. Limbrey.”

— Você não vai sozinho nem que paguem. — falo quando termino de ler. — Isso é muito suspeito. 

— São oito horas de carro, como vamos chegar lá hoje? — Pope pergunta.

— Saindo agora. — Kiara fala se levantando. 

— Como assim uma prova? — JJ pergunta.

— Eles podem inocentar John B. — falo colocando a mochila no ombro.

— Então vamos logo! — JJ fala aumentando o tom de voz e a bibliotecária nos xinga. 

— Desta vez não vamos entregar para o Shoupe. — Kiara fala e eu concordo. Olho para Pope que estava digitando no computador. 

— Não sei quem é esse Limbrey, mas ele pode ser parente do capitão do Royal Merchant. 

✃✁✃✁

— Você não vai de jeito nenhum! — minha mãe grita.

— É a nossa chance de inocentar o John B. 

—  E do que adianta, ele já está morto. 

— Lisa! — minha mãe olhou braba para o meu pai. 

— Ela precisa aceitar isso! — ela volta seu olhar para mim. — Você está passando tempo demais com esses Pogues e isso está te prejudicando. 

— Não fale dessa forma, parece que tem nojo deles. — começo a me afastar dela quando vejo o carro do pai de Pope pela janela da sala. — Meu namorado é um deles! 

— Você tem responsabilidades, Mayse! — ela começa a andar atrás de mim, abro a porta da frente e começo a andar. —  Não dá para simplesmente sair e fingir que não tem uma vida aqui. Não me deixe falando sozinha! 

— Você só está preocupada com você mesma! — me viro para ela. — Quando toda a verdade vir à tona e John B for inocentado, você vai entender porque estou fazendo tudo isso. — começo a andar em direção ao carro. 

— Não se preocupa Senhora Mancini, prometo devolver a May inteira e em um horário aceitável. — JJ desce do carro e grita. 

— Prometo estar antes das 21h em casa. — grito de volta e empurro JJ de volta para o carro. 

— Você sabe que esse horário ainda não estará de volta, não é? — Pope pergunta assim que fecho a porta do carro.

— Não falei de que dia. 

✃✁✃✁

O carro resolveu estragar na metade do caminho e tivemos que fazer uma parada de emergência em um mecânico. Eu e Kiara estamos do lado de fora da oficina observando os meninos. 

— Ainda somos amigas como antes? — Kiara pergunta depois de alguns minutos de silêncio. 

— Quase morremos afogadas em uma água de esgoto, quer mais união que isso? — ela começa a rir. — Não sei se posso te dar a certeza que somos como antes, mas é claro que somos amigas. Estamos juntas nessa. 

— Eu nunca tive a chance de me desculpar de verdade. Só falei porque estava com raiva de todo mundo defendendo a Sarah. Me desculpa, de verdade. — concordo e sorrio para ela. — Minha mãe está tão preocupada de eu ser uma Pogue, que quer me mandar para um colégio interno. 

— Minha mãe só não fez isso ainda porque meu pai não aceitou. — nós duas rimos. — Bom, nós escolhemos as más influências. 

— Eu já sou uma pogue, nós somos. — ela me olha. — Não sei porque não entendem isso. 

— Nem tudo é tão ruim. — dou de ombros. — Eu sei que se minha mãe cometer uma loucura que nem a sua, terei JJ comigo. 

— Espero achar um relacionamento como o de vocês um dia. Já aconteceu tanta coisa e vocês nunca largaram a mão um do outro. 

— Você já achou, Kie. Só não quer ver. — aponto para Pope. — Ele faria qualquer coisa por você. Ele é o mais Pogue de nós. De corpo e alma. Ele iria até o fim do mundo se você pedisse, e certamente te salvaria das garras da sua mãe. — nós duas rimos. — Mas isso é apenas a minha opinião. 

JJ caminha para a nossa direção e Kiara vai para perto de Pope. 

— Parece que vamos ter que dormir por aqui. — ele passa os braços pela minha cintura. 

— Dormir ao ar livre com essas estrelas maravilhosas e você ao meu lado? Parece perfeito. — ele ri e me beija levemente. 

Kiara retorna e nós começamos a andar para a rua, enquanto Pope pega o carro e estaciona mais a frente. Ele abre a traseira do carro e nós subimos, me sentei em um canto e logo JJ se apoia em mim. 

— Quer? — ele levanta o cantil que estava em sua mão e eu balanço a cabeça negativamente. 

Começamos a conversar coisas aleatórias até Pope começar a se ajeitar para dormir. Me deito e logo JJ deita a sua cabeça no meu peito, coloco minha mão em seu cabelo e começo a fazer um leve carinho. Logo sinto sua respiração mais pesada na minha pele. 

Vejo Kiara se inclinar para perto de Pope e beijar levemente sua bochecha, sorrio com a cena e fecho meus olhos.