━━ capítulo 6.

2.1K 276 282
                                    

Tw: Temas delicados envolvendo problemas.

Cá estou eu, no chão do box, chorando que nem uma doente por motivo algum.

Eu odeio o fato de ter diversos surtos quando eu estou prestes a dormir, eu decidi encontrar o Takemichi depois da nossas aulas para conversar.

Mas por quê isso está acontecendo?

Quer dizer, meu dia foi muito bom!

A cada hora eu me pergunto o porquê disso tudo, eu não conseguir superar tudo.

Eu sei que é um processo difícil e que demora.

Mas por quê? Por que eu simplesmente não consigo simplesmente esquecer de tudo e viver normalmente? Por que eu ainda sinto na pele todos os machucados causados pelos meus pais e por mim mesma como se fossem recentes e mais graves que nunca?

A água caindo sobre o meu corpo me faz lembrar dos momentos bons que eu tive com o meu tio, parecia querer me acalmar, mas adiantava, meus sentimentos estavam a flor da pele, eu precisava sentir tudo aquilo para soltar um pouco do grande fardo que eu segurava a anos sozinha. Eu sei que eu tenho pessoas comigo, mas o meu medo de incomodar falando é muito grande.

Eu me vejo como a pior pessoa possível, não consigo me concentrar em nada direito, tudo que eu faço eu acabo enjoando rápido e me sinto pessima com isso. Possuo diversos passatempos e em nenhum deles eu sou tão boa assim, talvez o erro seja completamente eu, sem nenhum motivo eu me sinto mal, parece que nada me deixa melhorar. Meu dia pode ter sido incrível, mas de alguma forma eu consigo destruir ele da mesma maneira que eu deixei ele ser incrível.

Eu sou uma pessoa horrível, não faço tanto pelos outros, não faço questão de fazer amizades e lugares públicos e cheios me dão medo, mas ver as pessoas com seus círculos de amizades e pessoas especiais demais me fazem sentir vergonha por ser tão solitária.

Não quero ser egoísta ao ponto de não deixar alguém ir, mas se eu perder meu tio, meu mundo acaba completamente. Ele foi a tudo pra mim por tudo que eu chamo de vida.

Uma vez, quando eu estava tentando me acostumar com a casa dele, eu bati feio com um cara alto e que me encarou com um olhar frio e logo em seguida, me segurou para eu não cair. Ele me deixou de pé e sorriu. O senhor afagou minha cabeça e me disse algo que até hoje eu fico pensando.

"Me preocupa uma criança tão nova e gentil com um olhar vazio desse. Talvez seja de família, seu tio tinha a mesma expressão quando nos conhecemos."

Eu nunca tinha conhecido alguém além do meu tio da minha família, - sem ser meus pais e irmão. - e ele nunca era de falar dele mesmo.

Eu perguntei para o senhor sobre o meu tio enquanto caminhávamos para a sala, ele estava a espera porque precisa conversar sobre negócios.

Mesmo nova, eu tinha noção da linha que eu poderia cruzar para conversar com esse senhor, que se apresentou como Joseph.

Joseph acariciou meu rosto e sorriu novamente, eu sabia que aquele sorriso era falso. Uma mera coisa para acalmar uma criança curiosa.

─ O senhor não precisa fingir expressões para me deixar tranquila. ─ Assim que eu o falei, o mais velho parecia assustado.

─ Seu tio me falou o mesmo quando eu dei abrigo a ele. ─ Ele suspira e tira a mão do meu rosto, em seguida se senta em uma poltrona.

Eu estava no seu lado, em um grande sofá vermelho com detalhes dourados. Estava frio, eu senti algo estranho.

─ Quando seu tio fez 24 anos, ele se casou e teve uma filha, sempre teve uma condição boa, trabalhou duro por tudo que possuía, mas no ano 2002, sua filha e esposa morreram. Foi um acidente de carro, ele perdeu tudo que importava pra ele. Eu fiquei no lado dele todos os anos até ele se recuperar daquilo. Ele tinha olhos incrivelmente lindos e gentis, mas transbordavam uma tristeza enorme. Quando seu tio me falou que iria te buscar, eu fiquei surpreso. Não neguei, ele é um homem adulto e responde pelos próprios atos, fiquei orgulhoso. Eu estava indo para uma viagem, por isso só consegui te conhecer hoje.

𝐖𝐄'𝐑𝐄 𝐇𝐎𝐌𝐄, Tokyo Revengers.Onde histórias criam vida. Descubra agora