Imaturidade

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𝕿em coisa melhor que ir ao supermercado?

Sinceramente para mim não.

Eu quero levar tudo para casa.

Como não saio de casa, geralmente, durante o mês inteiro é tipo meu paraíso ir no mercado. Healdsburg é uma cidade pequena com menos de 13 mil habitantes, claro, se comparada a Veneza, minha cidade natal, que tinha mais de duzentos mil habitantes, mas apesar de não ser muito grande ela tinha um charme incrível, até hoje eu não entendia o porquê de Juliette não comprar uma casa no centro comercial da cidade, certamente não era falta de dinheiro. O supermercado que íamos na cidade era bem completo, apesar de sermos só eu e ela, lá em casa ia bastante comida, eu comia igual um pedreiro e como também tinha os seguranças era comida pra bastante gente, a Juliette, provavelmente é magra desse jeito porque não come, a mulher só vive de beliscar comida, as vezes eu tenho que ser obrigada a arrastar ela do escritório dela e obrigar a Juliette a comer ou ela não come, fica atolada no trabalho, e eu não quero ninguém morrendo perto de mim, sou sensível.

Fiquei o mais longe possível de Juliette durante todo o caminho, coisa que não foi fácil já que a mesma estava empenhada em puxar papo comigo mesmo com minhas respostas curtas e secas, após meia hora e pouco chegamos ao supermercado, os seguranças ficavam em casa, Juliette e eu sempre vínhamos sozinhas, na verdade eu não sei por qual motivo a casa ter três seguranças rondando a casa todos os dias, na semana eles revezavam para não precisar virem todos durante a semana inteira, no total eram uns dez seguranças contratados por Juliette, eu achava um exagero, mas ela dizia que estávamos sozinhas no meio da floresta e era arriscado e blá blá blá, então poh, pra quer morrar no meio do mato?! "Eu gosto da natureza, ar puro, calma, acordar com o canto dos pássaros blá blá blá" era louca isso sim, parece até protagonista de filme de terror que se muda numa casa na puta que pariu só para ter "paz", ainda bem que a casa não é mal assombrada.

No momento estava Juliette com um papel em mãos levando um carrinho.

Vez ou outra ela parava e olhava o papel ou pegava algo nas prateleiras, e eu só conseguia pensar, como alguém consegue ser tão bonita, claro que eu me xingava horrores depois.

Eu não tenho vergonha na minha cara só pode.

- Porque você usa salto para vir no supermercado?! - perguntei franzindo o cenho e comprimindo os lábios, a mulher estava usando uma sandália preta de salto grosso de no mínimo uns 10 centímetros, e acreditem ou não esse era o estilo básico dela, saltos calça e blusa social.

Juliette estava com um recipiente de amaciante colocando no carinho e me olha por alguns segundos e depois se ajeita para enfim sorrir.

- Gosto de ficar maior que você - ela diz sorrindo irônica e depois lança uma piscadela.

- Tudo bem que você é baixinha mas não precisa exagerar, não? - reviro os olhos e empurro o carrinho que eu levava para acompanhar ela.

- Garota sou praticamente do seu tamanho - ela que revira os olhos agora.

- "Praticamente" - digo irônica rindo enquanto faço aspas com os dedos.

- Deveria parar de reparar na minha roupa e começar a se vestir como mulher- olho para ela indignada.

Oque tem de errado de vestir na maioria das vezes simples? Eu sou adolescente não preciso me arrumar!

- Que?!

-Você se veste igual a um homem Sarah, com roupas largas e velhas, você no total parece um homem, anda toda largada sem postura e fala igual a um garoto - Juliette diz olhando as prateleiras.

OK, estamos trocando farpas agora?! OK! Ela sabe que eu sempre ganho.

- Eu prefiro ser tudo isso a ser você - digo revirando os olhos, Juliette vira o pescoço para me olhar com um olhar de "Sério?" Me fazendo bufar - e além do mais o estilo feminino hoje não é o mesmo de 20 anos atrás como era na sua juventude.

Juliette que tinha voltado a colocar coisas no carrinho para com o detergente no caminho e me olhar de olhos arregalados indignada.

- Esta me chamando de VELHA?! - Ela diz com raiva me fazendo soltar uma risadinha.

- Oh não, longe de mim, quase quarenta é uma idade boa - Juliette serra o maxilar - é que na sua época as meninas se vestiam com laços e vestidos rodados hoje em dia nem todas as meninas se vestes assim - digo avaliando minhas unhas curtas.

- Primeiro que teu cu que deve ter quase quarenta - olho para ela fingindo surpresa pelas palavras de baixo escalão levando uma das mãos ao peito - eu tenho 28 anos, e em qualquer época as suas roupas são masculinas - diz apontando o dedo para mim.

- Acho que você precisa se atualizar, na festa que eu fui ninguém reclamou da minha roupa e vários caras elogiaram não me achando nem um pouco masculina... - não vejo a cara dela pois disparo com meu carrinho quando entramos no corretor de chocolates - CHOCOLATE!

Consigo ouvir Juliette me xingando quando me dirijo aos chocolates.

Pode parecer imaturidade mas é tão legal tirar com a cara dela.

É bom de vez enquanto não ser o alvo de divertimento alheio, e Juliette fica muito fofa brava, parece um pinscher com raiva.

A Má-Drasta (Sariette)Onde histórias criam vida. Descubra agora