Limite

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𝕺 lápis deslizava com leveza pelo papel, com um último retoque no olho eu terminei.

Mas pela milésima vez só nesse dia eu refiz meus atos.

Com raiva arranquei a folha do caderno e após amassar joguei no lixo que ficava ao lado do sofá, o mesmo já estava cheio após tant tentativas frustradas.

A semana foi tranquila, conheci os novos professores, João Luiz e Camilla de Lucas, a Camilla prima da Juliette era muito gentil mas exigente, já o João era como um amigo que está te ensinando algo informalmente, apesar de ser um ótimo professor ele não era tão exigente.

Camilla era dois anos mais velha que Juliette, já João era um recém formado professor, não tinha nem vinte e dois anos ainda.

Mas o motivo do meu estresse não era devido a isso, era devido a Juliette.

E isso está me deixando muito confusa, porque ando irritada e sem criatividade para desenhar, umas das minhas atividades prediletas, já fui no meu refúgio, nada, nem mesmo ver o pôr do sol da janela, sentada no meu pequeno sofá, estava funcionando.

Meu talento parece ter sido sugado, tudo que eu tentava desenhar saia totalmente fracassado.

Passo as mãos no meus cabelo e jogo o caderno contra a parede, me deitando frustada no sofá, ele era de dois lugares, mal fazendo meu corpo caber direto.

Duas semanas sem provocações, sem palavras de duplo sentido, sem nada, Juliette estava agindo... Tão... Normal? Sim, ela estava agindo no que deveria ser o normal, ela me deixará sair com Thais, algo totalmente inacreditável, me deixara até dormir na casa de Thais sem que eu, claro, aprontasse algo, não esboçou reação a minha amizade com o novo professor, João era novo e atraente, e nós eramos bem amigos, mas Juliette parecia não se importar, ela até mesmo deixou de transar com aquele segurança ridículo, mas com isso eu estava feliz claro.

Eu deveria estar feliz com o resto também, ela finalmente estava me dando liberdade, estava me deixando viver.

Ela não estava fria, seu comportamento estava igual, mas mesmo estando tão próxima me parecia que ela estava longe... Droga! eu estava tão frustada...

Hoje eu dormiria na casa da Thais, pode ser loucura, isso é tão estranho de se pensar que eu chego a cogitar se eu realmente estou com minha sanidade intacta, mas eu queria que Juliette... Não sei... Expressasse se importar? Porque eu certamente me importava, nesse tempo pensando e conversando com Thais eu chegará a pensar, na verdade ter certeza, eu não tinha atração por homens, mas em contra partida eu não consiguia me ver como alguém homossexual.

E eu já tinha entendido que oque eu sentia por Juliette por mais louco que possa parecer, era desejo e talvez uma paixão platónica, ela sempre cuidou de mim, é linda, carinhosa isso era totalmente possível, mas bem insano já que ela é minha madrasta, ela me conheceu na minha fase gótica, me viu fazer várias coisas vergonhosas, mas eu não era idiota sabia que o modo como Juliette agia podia ser claramente ciúmes, minhas certezas eram totalmente contraditórias, eu só queria que uma luz divina me iluminasse e respondesse minhas perguntas internas.

Juliette que começou tudo isso ela não podia de uma hora para outra resolver ser uma boa madrasta do nada!

Não depois de me deixar tão confusa e querendo por mais.

Vou jogar isso na cara dela foda-se.

Me levanto e caminho pelo corredor de madeira até chegar ao habitat natural dela, pela fresta da porta que estava entre aberta vejo que ela estava falando com alguém no telefone ela girava na cadeira enquanto enrolava o cabelo em volta dos dedos distraída e sem querer, ou não, eu acabei ouvindo um pouco da conversa dela com quem quer que estivesse do outro lado da linha.

- Eu sei, mas não sei se estou preparada para um relacionamento...

Oi? RELACIONAMENTO? Com quem? O segurança? Ou aquele cara estranho do machado? Nah, ele não. Ela não pode namorar eu sou de menor! Ela tem que cuidar de mim.

- Até demais - disse com desdém - sim, talvez, atraente realmente, sim, sim, segunda...

Sem aguentar mais, abri a porta num solavanco fazendo a mesma bater contra a parede e Juliette me olhar assustada.

- Oi! Boa tarde - disse sem esconder o desagrado na minha voz.

Juliette ainda me olhando atordoada balança a cabeça e se volta para o telefone.

- Depois te ligo, Sarah está aqui, beijos - se despede e coloca o telefone no gancho para me olhar em seguida - você não ia dormir na casa daquela menina hoje?

- Vou.

- Então...? - arqueia uma das sobrancelhas, cruzando os braços em seguida.

- Você está namorando?

Juliette parece surpresa com minha pergunta e suspirou por fim, mordendo os lábios.

- Não.

- Mas...

- Sarah estou morrendo de dor de cabeça, sério - massageia as têmporas parecendo sem paciência - Por favor, vá pro seu quarto, Darius vai te levar para a casa dessa menina - disse suspirando, ainda sem me olhar.

Fechei a porta do escritório com força e fui até ela cruzando os braços.

- Você não pode colocar alguém dentro dessa casa sem mais ou menos! Alguém que eu mal conheço!

Juliette revirou os olhos e negou com a cabeça.

- Por Favor, Sarah, não estou com humor para seus chiliques.

- Meus chiliques?! Você começa com essa merda e eu que dou chiliques?

Juliette torceu a boca e me olhou um pouco confusa, abriu a boca algo só que eu a interrompi. para dizer

- Vai se foder, Juliette. - digo e sai com presa da sala me trancando no meu quarto em seguida.

A Má-Drasta (Sariette)Onde histórias criam vida. Descubra agora