Eu estou cansado. Quem não está? Eu também estou triste. Triste por estar cansado e por não encontrar meu último fôlego. Fôlego da vida, da liberdade, do livre-arbítrio. Quem me dera ser livre para pensar, para fazer, para viver. A verdade, ou a minha verdade, é que não vivo. Eu sobrevivo. Sobrevivo para me manter vivo, e não vivo para me manter sobre a vida. Sobrevivo porque não vivo pelo trabalho, mas trabalho porque vivo para não deixar de sobreviver. Gostaria de trabalhar pensando, trabalhar imaginando. Minha imaginação não é muito boa, pois na escola as aulas de artes eram apenas 1 por semana. O professor, cansado como eu, sobrevivia como eu. Ele também teve um professor de artes, ele também tem a imaginação ruim. Por isso em suas aulas, eu vivia colorindo, desenhando, mas cansado, com ódio. Pra que iria me servir da arte para viver? Afinal, eu preciso sobreviver para viver. Não gostava de artes na escola, na verdade eu odiava a escola. Não entendia porque saber de guerras, reinados e bíblia eram importantes. Eu gostava das aulas de educação física, onde podíamos esquecer da vida, quer dizer, da escola. Nas aulas eu brincava, eu corria, eu me cansava. Mas me sentia extremamente revigorante. Na minha sala, muitos estavam exaustos da educação física, sem nem mesmo dar passos. Porém estes amavam as cantigas trovadorescas que a professora de literatura nos trazia. Eu decorava tudo, queria ser um bom aluno. Eu era um bom aluno, de menos quando eu conversava muito. Se eu falasse muito, geralmente sobre o que estávamos aprendendo, eu era culpado. Que engraçado! Hoje meu trabalho é falar, e sou reconhecido por uma boa fala, mas me sinto cansado. Extremamente cansado. Cansado das regras, das expectativas, do trabalho, da faculdade, das pessoas, da política, da arte, do amor. Estou cansado de sobreviver. Eu quero viver, quero conhecer, quero imaginar. Mas não sei se seriam uma boa ideia viver. Geralmente os que vivem mais, sobrevivem menos. Tirando aqueles que recebem o privilégio do dólar, e a desatenção dos pais. Queria ser rico, sem pais. Sem obrigações, sem empresas, sem casa, sem nada. Apenas eu e minha riqueza, mas aí eu teria que resolver contas no Banco, falar outras línguas, ter responsabilidades. Será que existe vida? Não poderia apenas viajar o mundo, me deleitar das belezas e das culinárias e apenas sentir que estou livre? Na América costumam dizer muito esse substantivo: a liberdade. Mas eles também costumam enviar mísseis e projéteis com escrituras que pregam a paz. Mas então, poderia existir alguma vida? Poderia eu depositar esperanças? Poderia eu ser enfim livre? Acho que pra mim não dá mais. Sou em essência aquilo que o mundo é em essência. Mesmo que me colocassem em um livro de utopia imaginária, eu seria eu mesmo. Poderia aprender? Sim. Poderia pensar? Sim. Mas nunca poderia deixar de me sentir cansado. Pois meu cansaço não é individual, meu cansaço é social. Vi, sobrevivi, senti e um dia morrerei. Tenho medo de nunca viver, de nunca pensar, de nunca imaginar. Eu só quero me sentir revigorante, como no dia em que morrer. A morte é a uma lembrança de um curto viver.
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Os Porquês da Vida
Cerita PendekUm dia encontrarei a legenda correta para descrever os descompasso textos que aqui se encontram!